quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

São Sebastião e o Rio de Janeiro

 pintura_sao_sebastiao_gregorio_lopes     Hoje é dia de S. Sebastião, o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. Oxóssi, nos cultos africanos. Feriado municipal e praias cheias de gente a aproveitar o céu impecavelmente azul, o calor na marca dos 40º, e um clima ainda meio de férias, de começo de ano.

     Resolvi fazer uma tiragem de tarot especialmente dedicada à Cidade Maravilhosa, levantando unicamente 3 questões: o que devemos pensar/analisar sobre o Rio; o que devemos fazer pelo Rio; como podemos demonstrar ainda mais o nosso amor pela cidade.

     Mas antes de chegarmos às cartas, achei bacana dar uma refrescada na memória e lembrar quem era o homem que inspirou tal devoção e porque.

     Sebastião era de Narbona, terra de sua mãe, ou de Milão segundo outros que acreditam ele ter nascido na mesma cidade que seu pai. Tendo sido educado em Milão e filho de uma família de nobres e militares, viveu quase toda a sua vida adulta em Roma chegando mesmo a ocupar o cargo de Capitão da guarda pretoriana, sendo muito respeitado por todos e estimado pelo Imperador Diocleciano que desconhecia o fato dele ser cristão, apesar de exercer seu apostolado entre seus companheiros.Também visitava e confortava os cristãos presos por causa de Cristo. Evidentemente esta situação não poderia durar muito, e acabou sendo denunciado ao imperador que exigiu que ele optasse  entre ser seu soldado ou seguir a Jesus Cristo.

     Sebastião escolheu a Cristo, o que enfureceu sobremaneira ao Imperador que o condenou à morte. Os soldados de Diocleciano prontamente executaram sua ordem, amarrando Sebastião a uma árvore e crivando-o com setas. Acreditando-o morto e a sentença imperial plenamente executada, retiraram-se, mas seus amigos, ao aproximarem-se de seu corpo para sepultá-lo, perceberam que ele ainda estava vivo. Levado à casa de uma cristã de nome Irene, lá restabeleceu-se.

     sao-sebastiao1 Apesar de seus amigos o aconselharem a se ausentar de Roma, Sebastião se negou completamente, pois seu coração ardoroso do amor de Cristo impedia que ele não continuasse anunciando a seu Senhor. Corajosamente apresentou-se  perante o Imperador, desconcertado porque o dava por morto, e o repreendeu com veemência pela sua sanguinolenta caça aos cristãos. Diocleciano, enfurecido, fez com que desta vez não houvessem erros e mandou que Sebastião fosse açoitado até a morte e seus despojos jogados num local lamacento, insalubre e ermo de Roma . Seus companheiros cristãos o recolheram e Lucinda, uma outra romana a quem o santo havia aparecido em sonho solicitando que o sepultassem nas catacumbas, cuidou de que o enterrassem na Via Apia, ao lado dos apóstolos.

     O culto a São Sebastião é muito antigo; é invocado contra a peste, a fome, a guerra e contra os inimigos da religião. Muito venerado pelos nossos colonizadores, os portugueses sempre tiveram por ele grande devoção. Devoção essa que foi reforçada pelo fato do rei D. Sebastião, cujo nascimento evitou a união entre as coroas portuguesa e espanhola, ter nascido no dia 20 de janeiro, dia em que S. Sebastião é celebrado.

     Como o assunto é santo, resolvi usar as cartas do Tarô dos Santos, criadas por Robert M. Place, pois penso que é o clima do assunto e poderia nos dar uma dimensão mais espiritual desta cidade que, em todo o mundo, é conhecida pelos seus aspectos físicos. Bem, vamos agora à tiragem das 3 cartas:

Como o Rio de Janeiro deve ser pensado (analisado, estudado, problemas e soluções)

O CAVALEIRO DE COPAS (São João)

61-Minor-Cups-Knight Essa carta normalmente é sinal de uma mensagem que estamos recebendo, ou vamos receber, seja no plano físico ou vinda do nosso inconsciente. São João, o mais jovem dos evangelistas, foi induzido pelo imperador Domiciano a beber uma taça de vinho envenenado. Ao colocá-la nos lábios, o veneno contido transformou-se numa serpente que fugiu da taça e ele pode beber o vinho.

Extirpar os males de uma cidade das dimensões geográficas, sociais e históricas como o Rio é tarefa hercúlea e que diariamente recebe opiniões das mais diversas autoridades sobre os assuntos específicos. Entretanto acredito que essa carta nos reafirma essa necessidade de continuarmos a luta para acabar com a violência e as suas causas, liberando a cidade para ser vivida em toda a sua beleza. A segurança pública parece ser o item mais forte a ser pensado e repensado; ter uma planejamento extremamente cuidadoso para curto, médio e longo prazo, ouvindo o que tem a dizer e sugerir especialistas dessa área, atentos e discutindo as “mensagens” trazidas pelos técnicos, pelos órgãos governamentais competentes e pelos diversos segmentos da sociedade civil. Isso tudo de forma amorosa, dedicada, devotada, porém sem complacência.

 

O que deve ser feito pelo Rio de Janeiro                         (o que deve ser posto em prática)

O PAJEM DE PAUS (São Roque)

74-Minor-Wands-Page Os Pajens normalmente simbolizam pessoas jovens, destemidas, estudiosas ou situações novas que podem representar uma nova área de interesse ou empreendimento. São Roque, que era um eremita e curador, tomado pela lepra, curou-se e teve a saúde restaurada pela visita diária de um cão que lhe trazia alimentos e lambia suas feridas. É o santo protetor contra peste, praga, cólera e outras epidemias. Acho que é disso mesmo que estamos falando.

Buscar e aceitar a ajuda, mesmo a internacional, poderia ser considerado no processo de reestabelecimento da segurança da cidade. Ouvir de outros planejadores, estabelecer um debate amplo para priorizar meios de solucionar os problemas da cidade, acatando idéias novas, reformulando projetos e metas anteriormente traçadas mas que já se provaram inadequadas, poderia representar uma saída dos problemas. As cartas de Paus nos falam da criatividade, da intuição, do fogo das paixões e, portanto, sugerem a busca e o experimentar de novas propostas, de alternativas que sejam consciente e progressistas e que não fiquem apenas repetindo velhas e ineficientes fórmulas.

Humildade para reconhecer os problemas, vendo-os em toda a sua extensão, buscando a sua mais profunda compreensão para daí então encontrar as respostas que, naturalmente, já estão prontas à espera de serem encontradas e postas em prática.

 

Como o Rio de Janeiro deve ser amado:

A MORTE (Santo Estevão)

13-Major-Death Santo Estevão, 1º mártir cristão, foi um judeu influente que, abraçando as idéias do cristianismo, defendeu e propagou-o com tanto empenho que acabou ofendendo o Conselho dos Anciãos, ao falar contra o Templo de Salomão. Por isso, foi expulso da cidade e, no caminho, apedrejado até a morte. Enquanto agonizava, pedia a Deus que nunca castigasse seus assassinos por esse ato.

Há momentos em que não há maior ato de amor do que o sacrifício pessoal por um bem maior, comum a todos. Esse sacrifício, que se espera das autoridades governamentais no sentido de reconhecerem seus erros, seus enganos, sua possível inadequação ou incompetência, e partirem para uma total reforma de seus ideais pessoais para que eles possam abrigar os de toda uma população, é provavelmente o que essa carta sugere. O Rio de Janeiro deve ser amado e receber um cuidado, uma dedicação de sua população e de seus governantes tal qual a que se dispensa aos entes mais queridos, onde fazemos qualquer sacrifício, passamos por qualquer provação, enfrentamos todas as dificuldades que se apresentarem, unicamente visando o bem, a segurança, o bem estar, o conforto, a beleza, a sabedoria que pretendemos legar.

A carta da Morte nos fala no fim de um martírio, no acabar de uma situação e em um novo começo. Não é uma carta que se refere à morte física, mas daquilo que já está muito velho, necessitando ser podado, para que a seiva possa correr fartamente e alimentar uma nova vida. É uma carta que contém em si mesmo uma esperança. Ainda que, enquanto a vivenciando, possamos sentir (seu elemento é Água = sensibilidade) seus efeitos de uma maneira às vezes desconfortáveis, ela é seguida da Esperança.

Saibamos então que se lançarmos um verdadeiro, crítico e amoroso olhar sobre a cidade do Rio de Janeiro, estaremos contribuindo com o seu rejuvenescimento, com o fim daquilo tudo que a enfeia, que a martiriza, que esgota os seus potenciais. É preciso amá-la e dela cuidar com esmero, cuidando de suas feridas, eliminando seus males, aliviando o seu espírito, permitindo que renasça para tempos muito mais felizes.    

Salve São Sebastião! Salve Oxóssi!

Imagens das Cartas; TAROT OF THE SAINTS, por Robert. M. Place

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