A Justiça é uma equilibrista, caminhando na tênue linha
divisória entre o certo e o errado, o bem e o mal, a verdade e a mentira,
pesando os prós e os contras a cada passo, mantendo os olhos bem abertos no
alcance do objetivo em mente.
A Justiça é racional. Não se deixa influenciar pelo medo,
por falsos pudores, pelos interesses pessoais, pela opinião pública ou
particular, por vaidades, orgulho, preconceito, estados de ânimo, ira, ciúme,
inveja, rancor. É isenta de emoção, de falsos moralismos, de meras suposições,
de privilégios concedidos, mas apesar disso, não é desumana. A Justiça busca o
equilíbrio.
E quando me refiro a essa 8ª carta entre os Arcanos Maiores
do tarot, não estou me referindo apenas à Justiça como uma instituição
(tribunais, advogados, promotores, juízes) mas à vivência pessoal, à Justiça
como um dos elementos constituintes da personalidade humana. Ser justo é ser
desprovido de pré-conceitos, mas não de experiências. Julgamos quando
conseguimos comparar. A escolha entre o certo e o errado, o bem e o mal, a
verdade e a mentira pressupõe quem reconheçamos todas essas possibilidades e
possamos delas nos valer comparativamente em busca do resultado mais
equilibrado para uma determinada situação.
A Justiça, no tarot, pertence ao elemento Ar, ou seja, ao
domínio do raciocínio, da lógica, do pensamento cartesiano. Ela sugere que,
para vivermos em harmonia, olhemos sempre para os dois lados da questão. Que em
nosso caminhar no alcance dos nossos objetivos, não nos deixemos distrair,
iludir, nos convencer de algo que não seja realista. Ela pede foco, coragem e
lucidez. Talvez a palavra lucidez seja uma das que melhor descrevam a Justiça
do ponto de vista do tarot: é preciso ver e expor as coisas, os fatos, as
pessoas, as ideias às claras, sem subterfúgios, disfarces, fantasias. Os olhos
do corpo e da mente devem funcionar em uníssono, bem abertos para verificar,
medir, pesar, comparar e vendados para não nos deixarmos influenciar, seja pela
aparência, procedência, gosto, estilo, poder, genealogia, etc.
No nosso dia a dia é um exercício constante: quando
comparamos preços e qualidade no supermercado, quando evitamos o gasto
supérfluo para não comprometer os recursos já comprometidos, quando não fazemos
vazios e falsos elogios só para ficarmos “bem na fita” e, também, quando
reconhecemos e aplaudimos o valor das conquistas alheias. Justiça é permitir-se
o merecido descanso depois do trabalho realizado, é alimentar-se saudável e
equilibradamente, é alternar a atividade física, os esportes, a ginástica, com
a ioga, a meditação, por exemplo. Ser justo consigo mesmo é andar na corda
bamba, atento para não ser tentado a despencar para um dos lados, para não ser
nem 8 e nem 800. É encontrar o tão desejado “caminho do meio”, sem que isso
signifique “ficar em cima do muro”. É optar por refletir antes de agir e agir
prudentemente.
Os resultados dessa séria atividade mental certamente irão
proporcionar, no mínimo, a tão sonhada paz de espírito que todos buscamos.
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