"Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.
......
É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar."
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar."
Os Orixás,
entidades dos cultos afro e afro-brasileiros, permeiam o nosso
imaginário e somam à galeria de imagens mentais que fazemos dos santos e
anjos e demais figuras místicas ou sacras de outras culturas e
religiões.
No dia de
hoje, 2 de fevereiro, especialmente o litoral, as partes banhadas pelo
mar, recebem um expressivo número de pessoas, de todas as religiões, que
vão prestar suas homenagens levando oferendas à Iemanjá, a Rainha, a
Senhora do Mar.
Essa entidade
espiritual, muito estimada principalmente pelos seguidores da Umbanda,
religião nascida no Brasil (ainda que se utilize, em seu culto, das
matrizes históricas, culturais africanas), encontra, nos oráculos (e
este é um blog que se dedica a comentar sobre oráculos) muita
semelhança, na minha opinião, com 2 dos Arcanos Maiores: a Sacerdotisa e
a Imperatriz.
Ainda que a
iconografia, a representação dessa figura mística seja quase sempre a de
uma mulher bela e voluptuosa (semelhante a como a grande maioria dos
artistas ilustram a carta nº 3 do tarot, a IMPERATRIZ) há, especialmente
no fato de estar intimamente ligada ao elemento Água (mora no mar,
transitando entre as profundezas e a superfície), o suficiente da
SACERDOTISA, carta nº 2 do tarot.
ATENÇÃO: Nas
próximas linhas estarei dando, respeitosamente, a minha interpretação
dessa figura cultuada e reverenciada em termos místicos e religiosos exclusivamente sob a ótica oracular, ou seja, a da interpretação imagética do personagem nos jogos oraculares com cartas e tarots.
O elemento Água é bastante importante para que possamos entender mais
facilmente as qualidades, positivas e negativas dessa figura que, como
todos os arquétipos, todas as figuras do tarot e dos oráculos, contém em
si mesma esses 2 aspectos complementares.
Os líquidos
representam a fluidez, a facilidade de contornarem obstáculos. Podem
também ser pensados como exemplos de perseverança, afinal "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura".
Por serem amorfos, assumem a forma do recipiente que os contém, o que
lhes dá, ao mesmo tempo, a ideia de facilidade de adequação, de
conformismo, como a de não terem personalidade própria, de serem ums "Maria vai com as outras".
Frequentemente simbolizam os nossos SENTIMENTOS, que são fluídos, que
desconhecem barreiras mas, que, por outro lado, são volúveis, voláteis,
instáveis.
Quando
pensamos em mar imaginamos aquilo que vemos a olho nú e, também, o que
não vemos, o que está submerso, o que imaginamos existir. Sabemos que
nos mares e oceanos há momentos de calmaria, de total tranquilidade, e
outros de tsunamis, de maremotos, de ondas gigantescas, de correntes
marítimas que nos arrastam para longe da segurança. Assim também é o
humor, os sentimentos dos seres humanos: o amor que sentimos hoje pode
se transformar em ódio, a alegria que experimentamos em determinada
situação pode resultar em tristeza, a indiferença pode tornar-se
compaixão, a raiva transmutar-se em perdão.
A Iemanjá
foram atribuídas grandes qualidades, entre elas estão a sensibilidade, o
gosto pela arte, pelo belo, a fertilidade (afinal, a origem do seu nome
é "a mãe dos peixes"), seu aspecto maternal, carinhoso, protetor. Num
aspecto menos positivo (e tudo na ordem universal é feito de forças que
se equilibram) essa entidade, cuja vaidade natural pode acabar por se
transformar em orgulho e soberba, pode também usar mal o seu potencial
sedutor, transformando-se num ser falso e volúvel.
Quando, num
jogo oracular, a questão é dinheiro, o surgimento dessa Orixá é muito
bem vinda pois, se o seu domínio são os mares, a quantidade de espécies e
o volume de peixes e a sua fertilidade e facilidade de se reproduzirem,
representam multiplicação, prosperidade, aumento de riquezas. Nos
negócios, é bom ficar atento para ver se Iemanjá não está lhe alertando
sobre alguém que possa estar lhe iludindo (o aspecto sereia, aquela que
encanta os marinheiros com sua voz e, enlouquecendo-os, os conduz ao
fundo do mar...).
Se, por outro
lado, a questão do aconselhamento buscado é de origem amorosa é bom
pensar que a própria história dessa entidade nos ensina que ela nunca
ficou presa a um relacionamento que não fosse fundamentado na harmonia,
nas demonstrações de carinho e apreço, numa forma idealizada de amar e
ser amado. Portanto, pode ser um aviso que é preciso reforçar as
atenções para com o parceiro, valorizando-o como ser humano e como parte
fundamental do relacionamento.
Como é uma
entidade que vive nas águas, ela pode chamar a atenção para alguns
órgãos do nosso corpo como os rins, o estômago, a bexiga, o sistema
circulatório que possam estar merecendo uma maior atenção (nunca deixe de consultar um médico para toda e qualquer avaliação sobre a saúde, prescrição e orientação no uso de medicamentos).
Pode também representar instabilidade emocional e, até mesmo processos
mentais pouco sadios (dependência de drogas lícitas ou ilícitas,
depressão). Nesse momento é que percebemos, mais claramente, o arquétipo
da SACERDOTISA (carta 2 no tarot) que é o limiar, o portal entre a
realidade como a vemos e compreendemos, e os processos mentais mais
profundo, mais interiorizados, com os quais temos contato através de
sonhos, de insights, da sensação de dejà-vu, de intuições, e a maneira com que os interpretamos.
No sincretismo religioso, Iemanjá associa-se à Imaculada Conceição de Nossa Senhora e à Nossa Senhora dos Navegantes.
Num jogo,
quando surge a majestosa e exuberante figura de Iemanjá, podemos estar,
naquele momento, sincronizados com a necessidade de prestarmos atenção
ao nosso corpo, de experimentarmos um novo corte de cabelo, por exemplo,
em sermos um pouco mais vaidosos (sem incorrer em exageros de qualquer
espécie, visto que a harmonia é fundamental); de redecorarmos (dentro
das nossas posses) nossa casa, nosso local de trabalho, mesmo que seja
colocando flores frescas nos vasos; em sermos mais generosos, mais
atenciosos, mais diplomáticos, mais carinhosos em nossas relações
interpessoais; de nos dedicarmos mais à família, sermos mais presentes,
mais maternais, inundando nosso lar com abundantes doses de amor (o mar
costuma ser considerado fonte de toda a vida, a origem de tudo o que
vive, portanto Iemanjá é considerada a Grande Mãe); pode também
significar que é tempo de navegar, viajar, explorar novos horizontes,
ultrapassar fronteiras; e, finalmente, nos apercebermos que as tormentas
e tempestades da vida são eventos naturais e surgem para reorganizar o
que é preciso, mas que passam e novos tempos de águas tranquilas
surgirão.
Odô-Iyá!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço o seu comentário.
Em breve ele deverá ser exibido no Blog.
Namastê!