sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Iemanjá: 2 de Fevereiro


"Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.
 ......
É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar."
Os Orixás, entidades dos cultos afro e afro-brasileiros, permeiam o nosso imaginário e somam à galeria de imagens mentais que fazemos dos santos e anjos e demais figuras místicas ou sacras de outras culturas e religiões.
No dia de hoje, 2 de fevereiro, especialmente o litoral, as partes banhadas pelo mar, recebem um expressivo número de pessoas, de todas as religiões, que vão prestar suas homenagens levando oferendas à Iemanjá, a Rainha, a Senhora do Mar.
Essa entidade espiritual, muito estimada principalmente pelos seguidores da Umbanda, religião nascida no Brasil (ainda que se utilize, em seu culto, das matrizes históricas, culturais africanas), encontra, nos oráculos (e este é um blog que se dedica a comentar sobre oráculos) muita semelhança, na minha opinião, com 2 dos Arcanos Maiores: a Sacerdotisa e a Imperatriz.
Ainda que a iconografia, a representação dessa figura mística seja quase sempre a de uma mulher bela e voluptuosa (semelhante a como a grande maioria dos artistas ilustram a carta nº 3 do tarot, a IMPERATRIZ) há, especialmente no fato de estar intimamente ligada ao elemento Água (mora no mar, transitando entre as profundezas e a superfície), o suficiente da SACERDOTISA, carta nº 2 do tarot.
ATENÇÃO: Nas próximas linhas estarei dando, respeitosamente, a minha interpretação dessa figura cultuada e reverenciada em termos místicos e religiosos exclusivamente sob a ótica oracular, ou seja, a da interpretação imagética do personagem nos jogos oraculares com cartas e tarots.
  O elemento Água é bastante importante para que possamos entender mais facilmente as qualidades, positivas e negativas dessa figura que, como todos os arquétipos, todas as figuras do tarot e dos oráculos, contém em si mesma esses 2 aspectos complementares.
Os líquidos representam a fluidez, a facilidade de contornarem obstáculos. Podem também ser pensados como exemplos de perseverança, afinal "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". Por serem amorfos, assumem a forma do recipiente que os contém, o que lhes dá, ao mesmo tempo, a ideia de facilidade de adequação, de conformismo, como a de não terem personalidade própria, de serem ums "Maria vai com as outras". Frequentemente simbolizam os nossos SENTIMENTOS, que são fluídos, que desconhecem barreiras mas, que, por outro lado, são volúveis, voláteis, instáveis.
Quando pensamos em mar imaginamos aquilo que vemos a olho nú e, também, o que não vemos, o que está submerso, o que imaginamos existir. Sabemos que nos mares e oceanos há momentos de calmaria, de total tranquilidade, e outros de tsunamis, de maremotos, de ondas gigantescas, de correntes marítimas que nos arrastam para longe da segurança. Assim também é o humor, os sentimentos dos seres humanos: o amor que sentimos hoje pode se transformar em ódio, a alegria que experimentamos em determinada situação pode resultar em tristeza, a indiferença pode tornar-se compaixão, a raiva transmutar-se em perdão.
A Iemanjá foram atribuídas grandes qualidades, entre elas estão a sensibilidade, o gosto pela arte, pelo belo, a fertilidade (afinal, a origem do seu nome é "a mãe dos peixes"), seu aspecto maternal, carinhoso, protetor. Num aspecto menos positivo (e tudo na ordem universal é feito de forças que se equilibram) essa entidade, cuja vaidade natural pode acabar por se transformar em orgulho e soberba, pode também usar mal o seu potencial sedutor, transformando-se num ser falso e volúvel.
Quando, num jogo oracular, a questão é dinheiro, o surgimento dessa Orixá é muito bem vinda pois, se o seu domínio são os mares, a quantidade de espécies e o volume de peixes e a sua fertilidade e facilidade de se reproduzirem, representam multiplicação, prosperidade, aumento de riquezas. Nos negócios, é bom ficar atento para ver se Iemanjá não está lhe alertando sobre alguém que possa estar lhe iludindo (o aspecto sereia, aquela que encanta os marinheiros com sua voz e, enlouquecendo-os, os conduz ao fundo do mar...).

Se, por outro lado, a questão do aconselhamento buscado é de origem amorosa é bom pensar que a própria história dessa entidade nos ensina que ela nunca ficou presa a um relacionamento que não fosse fundamentado na harmonia, nas demonstrações de carinho e apreço, numa forma idealizada de amar e ser amado. Portanto, pode ser um aviso que é preciso reforçar as atenções para com o parceiro, valorizando-o como ser humano e como parte fundamental do relacionamento.
Como é uma entidade que vive nas águas, ela pode chamar a atenção para alguns órgãos do nosso corpo como os rins, o estômago, a bexiga, o sistema circulatório que possam estar merecendo uma maior atenção (nunca deixe de consultar um médico para toda e qualquer avaliação sobre a saúde, prescrição e orientação no uso de medicamentos). Pode também representar instabilidade emocional e, até mesmo processos mentais pouco sadios (dependência de drogas lícitas ou ilícitas, depressão). Nesse momento é que percebemos, mais claramente, o arquétipo da SACERDOTISA (carta 2 no tarot) que é o limiar, o portal entre a realidade como a vemos e compreendemos, e os processos mentais mais profundo, mais interiorizados, com os quais temos contato através de sonhos, de insights, da sensação de dejà-vu, de intuições, e a maneira com que os interpretamos.
No sincretismo religioso, Iemanjá associa-se à Imaculada Conceição de Nossa Senhora e à Nossa Senhora dos Navegantes.
 
Num jogo, quando surge a majestosa e exuberante figura de Iemanjá, podemos estar, naquele momento, sincronizados com a necessidade de prestarmos atenção ao nosso corpo, de experimentarmos um novo corte de cabelo, por exemplo, em sermos um pouco mais vaidosos (sem incorrer em exageros de qualquer espécie, visto que a harmonia é fundamental); de redecorarmos (dentro das nossas posses) nossa casa, nosso local de trabalho, mesmo que seja colocando flores frescas nos vasos; em sermos mais generosos, mais atenciosos, mais diplomáticos, mais carinhosos em nossas relações interpessoais; de nos dedicarmos mais à família, sermos mais presentes, mais maternais, inundando nosso lar com abundantes doses de amor (o mar costuma ser considerado fonte de toda a vida, a origem de tudo o que vive, portanto Iemanjá é considerada a Grande Mãe); pode também significar que é tempo de navegar, viajar, explorar novos horizontes, ultrapassar fronteiras; e, finalmente, nos apercebermos que as tormentas e tempestades da vida são eventos naturais e surgem para reorganizar o que é preciso, mas que passam e novos tempos de águas tranquilas surgirão.
Odô-Iyá!
 
 

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