domingo, 31 de janeiro de 2010

Carta da Semana: O DIABO

   db_ROM-_15_-o diabo   Final de semana, nada para se fazer… que tal uma ida ao shopping center? Só para passear, fazer um lanchinho, ver vitrinas e, quem sabe, comprar uma coisinha, não é mesmo?

     Já trabalhei em shopping centers e, apesar de reconhecer-lhes a grande importância, apreciar o conforto que oferecem e também apreciar estar num lugar com uma razoável segurança, temperatura agradabilíssima, disponibilidade de múltiplas escolhas e atividades num único espaço, ainda assim vejo-os como verdadeiras antecâmaras do inferno. Do meu inferno, é claro.

     Se você conseguir parar um pouco num dos corredores e ficar apenas observando as expressões faciais e as atitudes das pessoas que ali estão você não vai precisar ler esta minha postagem até o final. Você vai entender perfeitamente de que aspecto da idéia de compulsão, obsessão, angústia, desespero, insatisfação, tentação, escravidão, indulgência, sedução e vício eu vou comentar. Sim, é dele mesmo, o grande Mestre das Ilusões, o Diabo.

     Para muitos de nós que fomos criados dentro da tradição Cristã, ele é aquela figura horrenda, flamejante, vermelha, com chifres, cauda e tridente, tantas vezes lembradas nos sermões dominicais e inúmeras vezes representada nos antigos filmes de Hollywood. Digo “antigos filmes” porque hoje, finalmente, os produtores perceberam que ninguém se deixaria seduzir, ninguém cairia nas garras de um ser tão desagradável. Filas se formam nas portas dos cinemas de todo o mundo para assistirem as novas batalhas entre o Bem e o Mal, só que desta vez o Mal, e todo o seu séquito, é belo, sexy, encantador, romântico, malhadíssimo nas academias, usando as griffes da moda, convincente, sem problemas econômicos, enfim, o genro que toda mãe queria ter (desculpem-me a generalização. Isso também é coisa demoníaca).

     O Demonio, não importa como se apresente, é a nossa “sombra”, aquela parte do nosso subconsciente que, de acordo com C. Jung, nos recusamos a encarar. É tudo aquilo que consideramos desprezível em nós e que procuramos de todas as formas negar, esquecendo-nos de que só nos libertamos desses temores e, portanto, da força que eles parecem possuir, quando os vemos de frente, sob a luz clara da razão, buscando-lhes sentido, aceitando-os como parte integrante da nossa personalidade e, a partir dessa conscientização, tendo-os sob controle. Não querer ver essa realidade, é tornar-se prisioneiro de uma ilusão, de uma fantasia, de uma persona que não é a sua, que não se encaixa e nem nunca irá ser capaz de convencer as outras pessoas. Pelo menos não por muito tempo. Essa falta de claridade mental, de busca da luz da verdade, é a escuridão, a caverna, o Hades, as profundezas sombrias, a noite eterna onde o Diabo habita. Lembra-se dos velhos filmes de vampiro onde eles só saíam de seus caixões (nosso subconsciente) à noite? Pintavam e bordavam com tudo e com todos e só voltavam a se esconder aos primeiros raios de sol (a luz da razão)? Aliás, entre réstias de alho, crucifixos, água benta e balas de prata, nada era mais poderoso em sua eliminação do que o Sol. Ou seja, é abrindo os olhos para o real, buscando a verdade, sendo honesto, estando convicto de suas crenças e pontos de vista (tudo depois de bem analisado), não abrindo mão de seus princípios éticos, nem agindo através de subterfúgios, tendo sempre consciência de seus atos e das consequências dos mesmos, abrindo mão do controle sobre as pessoas e também não se deixando influenciar cegamente por elas, é através disso tudo que quebramos as correntes que nos prendem ao que de pior há em nós mesmos e no que o ambiente possa nos oferecer.

     Voltando ao nosso passeio pelo shopping center, é nele que podemos melhor observar nossos impulsos materialistas, até mesmo porque nada lá dentro está a nos inspirar qualquer outra idéia que não seja a de “ter”, de possuir. Já reparou que na grande maioria deles não há janelas ou relógios? E que se houverem escadas-rolantes, elas nunca estão sincronizadas, obrigando-nos a andar bastante entre uma e outra? É exatamente para que percamos a noção de tempo e de espaço. É um ambiente que nos induz a viver uma situação irreal, da qual não temos total controle. E, impulsionados pelos nossos desejos, reforçados pelo nossos egos em busca de eternas compensações, gananciosos e arrogantes que muitas vezes somos (até mesmo porque não sabemos lidar com isso porque não queremos reconhecer essa não-qualidade em nós), caímos nas armadilhas que nos são armadas e que, voluntariamente, usando de nosso livre-arbítrio, escolhemos nos fazer vítimas.

     E daí é um tal de cartão de crédito “estourado”, limite de cheque ultrapassado, pré-datados a perder de vista, duplicatas assinadas, isso sem falar na quantidade de coisas absolutamente supérfluas que acabamos nos endividando só para tê-las. E daí a semana começa com aquela sensação de angústia, de ter feito alguma coisa errada. Ao invés de estarmos felizes com o que adquirimos, satisfeitos em nossas necessidades, seguros de que fizemos o que deveríamos e poderíamos fazer, fica um desespero, um aguardar de um verdadeiro “milagre” que irá nos tirar daquela situação, e acabamos nem aproveitando os benefícios que esperávamos daquele objeto, roupa, perfume, sapato, cosmético, jóia, acessório, etc. Afinal, ele só nos desequilibrou.

     Não vá pensar que eu esteja fazendo uma apologia contra os shoppings centers, galerias, lojas, mercados, camelódromos ou onde mais houver possibilidade de se adquirir algo. Muito ao contrário. Eles existem para nos servir em nossas necessidades e, portanto, sua utilidade já está definida. O que eu abordo neste comentário sobre a nossa Carta da Semana, é o aspecto vicioso, pessimista, negativo, confuso, desesperançoso, ilusório, escravizador, destrutivo, perverso que a nossa própria ignorância em saber lidar com alguns aspectos materiais pode nos induzir. Não é o shopping center que é a morada do Diabo: nós o levamos para passear em seus corredores, lojas, praças de alimentação e áreas de lazer. E quando não o conhecemos bem, quando tememos a sua pseudo-força, quando lhe damos poder tornando-nos submissos aos seus desmandos é que o Mal mostra algumas de suas faces.

     Como controlar, como sobrepujar essas dificuldades? É, sem sombra de dúvidas, nos conhecendo, trabalhando para nossa elevação espiritual, mantendo um perfeito equilíbrio entre o valor que damos à matéria e ao espírito. Nenhuma carta do tarot é a representação do bem ou do mal absolutos. Todas elas tem seus aspectos positivos e nos apontam para outros que devemos compreender, aceitar mas trabalhar para transmutar. Não vamos nos esquecer que o Diabo é o símbolo daquela ambição que nos faz levantar num determinado horário, pegar condução, ir ao trabalho, guardar um dinheirinho todos os meses para adquirirmos aqueles móveis para a casa que estamos pensando em vir a comprar um dia. É o que nos faz, à noite, depois de um dia de muito trabalho, ainda frequentarmos aquele curso de línguas que nos ajudará a galgar uma nova e melhor posição na empresa que nos permitirá vivermos melhor e oferecermos melhores condições à nossa família. Isso é um exemplo de ambição no seu melhor sentido: objetivo, atitude ética, expectativa, força de vontade e trabalho. Quando isso se desequilibra e passamos a ver tudo de forma egoísta, utilizando de mentiras, engodos, “espertezas”, estratégias, dissimulações, atalhos e total ausência de caráter, bom, daí estamos falando de ganância e colocando mais lenha nos fornos do nosso inferno particular.

     Portanto, o Diabo, como Carta da Semana, nos sugere evitarmos nos próximos dias a agirmos sob impulso, ou tomando atitudes precipitadas, evitando a ansiedade, controlando nossos impulsos mais primários, não revidando, não querendo que tudo gire ao seu redor e exista para lhe servir, sabendo abrir mão de algo ou alguém, procurar ser modesto e procurar o equilíbrio em todos os momentos. Como sempre, a meditação é um excelente auxiliar para que nos encontremos conosco e paremos para meditar sobre nossas atitudes, qualidades e defeitos, e, contemplar o Divino que habita em todos nós.

     Desenvolver a auto-confiança (não a arrogância), compreendendo que as experiências anteriores que tivemos com esse Mestre das Ilusões só nos tornaram mais fortes para controlá-lo em outras investidas, é uma sugestão que parece funcionar bem. E, apesar deste Blog não ter nenhuma preferência em termos de práticas religiosas, atrevo-me a sugerir, para aqueles que percebem as mensagens bíblicas como conselhos de caráter universalistas, que meditem sobre o Salmo 23:4, que diz:

     “Ainda quue eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo”.

     Uma ótima e muito produtiva semana para todos!

sábado, 30 de janeiro de 2010

ANIVERSÁRIO: uma tiragem de Tarot

     Neste sábado, ao invés da Carta do Dia, resolvi postar uma tiragem realizada pela razão da passagem de um aniversário. Aqui apresentada apenas com 9 dos Arcanos Maiores, ela teve alguns desenvolvimentos, em áreas mais específicas de interesse do consulente, usando em cada uma mais 3 cartas dos Arcanos Menores.

     Essa tiragem, uma das diversas que uso com a finalidade de dar um panorama geral  dos próximos 12 meses de vida do consulente, permite-lhe ver quais as energias que estarão mais atuantes, quais deverão ser reforçadas através de ações ou não-ações, o que ele deve procurar evitar, modificar, corrigir ou prevenir-se, de quais recursos ele poderá dispor, etc.

     Vamos lá, então, usando as cartas do GOLDEN TAROT, de Kat Black, fazer uma leitura desse jogo, para alguém nascido hoje, 30 de Janeiro.

 

Carta 1: Influências do ano passado que estão acabando:

O MAGO

Durante o ano passado, desde o seu último aniversário, o Consulente deve ter necessitado recorrer a muita habilidade, criatividade, esperteza e estratégias diversas, possivelmente à mentiras e esquemas mais escusos,  para poder subsistir, manipulando pessoas e situações para atingir os seus objetivos mais imediatos. Esses recursos, especialmente em seus aspectos menos aceitáveis, não serão mais tão necessários a partir de agora. Não será necessário mais fazer “mágica” para poder viver, mas viver a mágica que a própria vida e a energia do Arcano, oferece, em forma de imaginação criativa e capacidade natural de lidar com as situações e, sobretudo, força de vontade

Carta 2: Recursos obtidos no ano passado e que ajudarão nos próximos meses:

O LOUCO

O desejo de aventurar-se e correr riscos, associado a alegria, ao amor a tudo e a todos, originalidade, a espontaneidade e uma dose de lucidez, muitas vezes obtida instintivamente, é o que estará na bagagem do Consulente nos próximos meses. Uma disposição nata para aprender e adaptar-se às mudanças que a vida propõe, aceitando-as com entusiasmo, curiosidade, até mesmo um certo e questionável idealismo, caracteriza o Louco, em sua viagem, singrando os mares da vida tendo como leme a sabedoria divina.

Carta 3: Assuntos, pendências e objetivos que continuarão, do ano passado, a existir nestes próximos 12 meses:

O SOL

O Sol é sempre uma carta que nos remete à idéia de amor, de união de opostos e felicidade. Numa posição de obstáculo, ela poderá estar falando de situações interpessoais que ainda não estão totalmente esclarecidas, de questões de saúde que deverão continuar a serem cuidadas, de posições radicais que necessitam serem revistas. Como o Sol nos lembra uma personalidade sólida, a arrogância, a depressão e o pessimismo poderiam ser um lado “sombra” que o Consulente ainda irá vivenciar neste seu ano de vida, procurando conscientizar-se dele, aceitando-o e criando mecanismos positivos para superá-lo

Carta 4: O momento atual do Consulente:

A JUSTIÇA

No momento presente o reequilíbrio das situações é o assunto mais premente. Organizar a vida, tanto no âmbito doméstico, como no trabalho e nas relações sociais. Agilizar pendências, solucionando-as através do uso da racionalidade, lógica e imparcialidade, organizando papelada legal, do tipo inventários, registros de escrituras, quitação de pendências, dar entrada em aposentadorias, etc. Enfim, este é um momento que a razão deve ser a tônica e a ponderação, uma necessidade. 

Carta 5: Novas influências que irão começar a atuar:

A IMPERATRIZ

A criatividade será, talvez, a energia a ser mais percebida neste ano que hoje se inicia. A concepção e elaboração de novas idéias é uma das características deste Arcano que recompensa os esforços investidos num retorno de produtividade. A apreciação da  beleza contida em todas as formas de vida, em atitudes e ações, em conceitos e formas de expressão é algo que fará parte do dia a dia do Consulente, até mesmo porque essa energia é reforçada pela do próprio ano, 2010 (2+0+1+0=3). Poderá haver, da parte do Consulente, um interesse pelas atividades ligadas ao estudo da conservação da Natureza, através de leituras e ativismo, bem como a necessidade da prática de esportes ao ar-livre. Uma nova paixão pela vida natural estará se apresentando nos próximos meses.

 

Carta 6: Desafios a serem enfrentados neste novo ano de vida:

  A TORRE

Talvez o maior desafio a ser enfrentado, nos próximos 12 meses, seja encarar uma profunda reformulação, seja de valores, de comportamentos, de atitudes, de situações. Isso poderá implicar em mudança de casa ou de trabalho; o fim de sonhos e ilusões construidas sem nenhuma base sólida; rompimento de relacionamentos. É, quase sempre, um impacto inesperado que num primeiro momento pode assumir as dimensões de uma catástrofe mas, que com o decorrer do tempo e de uma análise mais criteriosa, é uma verdadeira liberação, o fim de algo que estava se transformando numa verdadeira “panela de pressão” pronta para estourar a qualquer momento. Uma “iluminação”, um insight que nos permite um maior crescimento espiritual e a reformulação dos nossos critérios de valores, de fé, de religiosidade, abrindo os nossos sentidos para novas influências, experiências e oportunidades.

Carta 7: Objetivos que poderão serem alcançados neste ano:

A FORÇA

O desenvolvimento, ou a reconquista, da força de vontade parece ser o seu objetivo para este novo ano de vida. Nos próximos meses o Consulente estará mais apto a saber quando e como agir, dominando melhor seus recursos, argumentos, capacidade de expressar e reagir. Deverá ser um novo ciclo onde a sua poderosa influência será sentida através da disciplina, da coragem, da vitalidade, integridade, confiança, autocontrole e da forma delicada e sábia com que o Consulente conduz sua vida e a a manifestação de suas vontades.

Carta 8: A energia “tema” que estará dominando nos próximos 12 meses:

O IMPERADOR

Os próximos 365 dias prometem equilíbrio, domínio e solidez, especialmente nos aspectos materiais. O Consulente deverá experimentar um período de tranquilidade financeira, uma definição de seu status quo, com responsabilidades sendo assumidas e vivenciadas com bastante sucesso. A criatividade associada à organização, ao planejamento bem estruturado, à capacidade de liderança resultará em possibilidades de excelentes resultados. Pode estar indicando um período de uma nova e renovadora energia que deverá ser aplicada no trabalho, em novos projetos, no amor, no convívio social. É um brilho próprio que cataliza e, bem empregado, pode ser de grande significação em termos de sólida estruturação (em todos os planos), tanto para o Consulente como para tudo e todos que estejam sob sua influência.

 

Carta 9: Seu presente de Aniversário (o que de especial o Universo está lhe oferecendo para ser usufruído durante o ano todo:

  O JULGAMENTO

Ainda que a carta acima, na posição de “tema” ou “foco”, possibilite uma visão clara da energia que mais influenciará a utilização de todas as demais, o canal por onde as outras possibilidades serão absorvidas, trabalhadas e exteriorizadas, mais um Arcano é usado neste esquema de leitura como um presente, um conselho final, um alerta, um farol que poderá ser utilizado como apoio, tema de meditação ou um filtro por onde as situações poderão ser examinadas e interpretadas. Nesta leitura específica o Arcano XX, o Julgamento é o presente que o aniversariante recebe do Universo, no dia de hoje. É um lembrete para que ele aproveite esta data como um ritual de renascimento. Que permita-se, em todos os dias de sua vida, viver desperto, sempre consciente da necessidade que todos temos de melhor compreendermos o mundo que vivemos, as idéias que temos, a fé que manifestamos, as crenças em que depositamos nossas esperanças, os valores nos quais acreditamos, na maneira com que nos relacionamos com o nosso próximo, com ele nos empatizando. É um alerta para que estejamos sempre atentos à uma voz interior que traduz o que o Universo tem a nos comunicar, permitindo que assumamos e compreendamos as nossas atitudes passadas, nos perdoando pelos nossos erros, perdoando a quem possa ter nos prejudicado, nos reconciliando conosco, com a humanidade, a Natureza e o próprio Universo. É, finalmente, ter consciência plena que toda ação contém em si mesma o gérmen da sua reação e que isso deve ser compreendido como uma recompensa por todos os esforços que empregamos em nossa melhoria, em nossa evolução. É nos tornarmos  donos e responsáveis por nós mesmos, amadurecidos, assumindo as consequências dos nossos atos, expandindo nossa consciência para sabermos quem somos, onde estamos, com o que podemos contar. O Consulente, nesta data, recebe uma nova chance de nascer. Um portal está à sua frente, prometendo-lhe uma nova visão, uma nova consciência, um novo reconhecimento de si mesmo de sua missão neste planeta.

   Feliz Aniversário a todos os Aquarianos deste dia!

Imagens: GOLDEN TAROT, de Kat Black

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Carta do Dia: ÁS DE ESPADAS

 36-Minor-Swords-Ace-newage     Durante muitos anos me senti frustrado nas minhas tentativas de meditação, sozinho ou acompanhado de um mestre, porque nunca conseguia atingir aquilo que sempre me pareceu o propósito mais básico dessa prática: o silenciar da mente. Um estado que, para mim, era de um absoluto vazio, um não pensar total, uma total ausência de formas, cores, ausência de lembranças, paralisia completa. Quanto mais eu tentava esse vazio absoluto, mais minha mente me atormentava com verdadeiros tsunamis de pensamentos desconexos. Frustração total.

     Como alguém controla a sua mente? Como alguém controla o inexorável fluxo de pensamentos? Como você decide o ritmo ou as condições do que pensar, se a simples opção por uma forma de pensamento já significa a construção mental daquela que lhe opõe?

     O Ar é elemento que associado ao raciocínio, às elaborações que a nossa mente cria, surgindo do nada, impalpável, às vezes brisa suave, nos transportando a lembranças alegres, a projeções de sonhos a serem um dia realizados. Noutras, verdadeiros tornados, nos trazendo fortes e arrasadoras emoções e reações, momentos obsessivos, raiva incontida. Tudo isso criado nesses poucos centímetros cúbicos que abrigam nossa mente de dimensões universais.

     O Ás de Espadas, como todos os ases, significa começo. É sempre o símbolo de uma idéia que parece surgir do nada, do Grande Vazio, e que, dada a devida atenção e circunstâncias favoráveis, poderá se desenvolver num plano completo e perfeitamente realizável. O pensamento é um poder, uma primeira elaboração de um desejo concretizável. Digamos ser ele uma maquete invisível de algo que queremos, desejamos, temos vontade ou, mesmo, tememos, venha a se realizar. Não é um fim e sim mesmo, mas o germinal de algo extremamente poderoso.

     Vivemos a energia dessa carta quando temos uma boa idéia, quando idealizamos algo ou inventamos uma nova forma de lidar com alguma situação. A dona de casa que cria uma nova receita, o aluno que escreve de maneira sensível e coerente uma redação escolar, o artista que depois de horas de considerações refinando uma idéia, opta por uma combinação de cores, um tipo de técnica e executa um trabalho artístico de valor. Quando, depois de longos meses consultando diversos prospectos de viagens optamos por uma que venha a suprir ao máximo os nossos interesses, ou mesmo quando agimos com justiça, honestidade e clareza ao resolvermos uma pendência legal, na elaboração de um contrato, numa partilha de bens.

     O símbolo da Carta do Dia é, hoje, a espada, com seus dois gumes, a nos lembrar que os nossos pensamentos, a nossa razão, nossa lógica, nossa inteligência pode ser usada tanto para o bem (paz) ou para o mal (sofrimento). Faltando uma dose de intuição à lógica ela pode acabar distanciando-se da realidade, e com isso nos levando pelos caminhos da pura fantasia obsessiva, das confusões mentais, da ansiedade, raiva, negatividade. Se lhe faltar compaixão, estaremos lidando com uma força altamente destrutiva, arrogante, juiz e carrasco numa só pessoa. As cartas do naipe de Espadas nos remetem, quase sempre, à idéia de conflitos, até mesmo porque nossa mente é um grande campo de batalha, um grande laboratório onde idéias são testadas, onde dúvidas, anseios, esperanças e desilusões são vividos em pé de igualdade. Onde novas idéias chocam-se com outras mais antigas e, até que essa energia transformadora se manifeste, maiores ou menores lutas são travadas.

     Num sentido simplesmente de predições, o aparecimento do Ás de Espadas, dependendo de sua localização e das cartas que o acompanham, pode também significar, ferimentos, cirurgias, internações hospitalares, estados depressivos, esgotamento nervoso, autoridade, busca da verdade, facilidade de comunicação. Aliás, vemos na comunicação o uso mais concreto da energia de Espadas, especialmente quando sabemos que as palavras ferem muitas vezes mais intensamente que as ações. Fofocas, malidicências, mentiras, sugestões inapropriadas podem ser, literalmente, fatais, acabando com relacionamentos, carreiras e, até mesmo, a própria vida. Por outro lado, lembremos sempre da frase que inicia o Gênesis: “No princípio era o Verbo, e o Verbo era Deus”. Deus, o Criador, como palavra (Logos = a palavra de Deus). A palavra, expressão de uma atividade inteligente, tem o poder de criar, de dar forma e sentido. De trazer luz ao caos.

     Voltando ao início deste texto, devo dizer que hoje, com muitos anos de prática continuada, eu entendo que meditar não é fechar uma torneira ou estancar um rio de pensamentos e idéias, mas deixá-los fluir livremente, sem apego, sem análise, sem utilizar aquele tempo para desenvolver novas idéias ou debater antigas. Deixar as imagens passarem, como num filme que você assiste na TV, mas sem estar prestando a mínima atenção.  É manter a mente em estado de alerta, mas silenciosa, procurando nessa não-discussão, nessa aceitação, nesse desapego, procurar compreender o que eu realmente quero da vida, educando-a a ser mais receptiva, mais contemplativa, sem cair no fácil engôdo das ilusões ou alucinações.

     Hoje promete ser um dia para deixarmos de lado o medo do novo, experimentando novos caminhos, outras maneiras de realizarmos determinadas funções, procurando sermos claros em nossos pensamentos, analisando ambos os lados de uma mesma situação e, melhor ainda, dividindo-a em partes para examinarmos cada aspecto com bastante lógica. Mas, tudo isso, sem perder contato com a nossa emoção, com a nossa intuição, com os nossos sentimentos. E, se uma frase bastante conhecida pode ser relida sob uma nova luz, aqui vai:

“Hay que endurecer-se pero sin perder la ternura jamas”.   Ernesto “Che” Guevara

     Tenham um excelente dia e início de final de semana.

Ilustração: NEW AGE TAROT

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Carta do Dia: O JULGAMENTO

   20-Major-Judgement6       A Carta do Dia hoje tem muito a ver com algo que eu próprio deverei fazer nas próximas horas. Faleceu uma grande amiga e haverá uma cerimônia antes do seu corpo ser incinerado, nesta tarde. Lá estarei, junto à família e aos demais amigos, consolando-nos pela sua ausência, rememorando seu caráter e esfuziante personalidade, possivelmente rindo e chorando ao mesmo tempo e encerrando uma etapa de nossas vidas. Vivendo, a partir de agora, a sua ausência não como uma lacuna, um tenebroso vazio, mas transmutando sua memória em algo eminentemente nosso e que nos acompanhará como uma motivação para enfrentarmos os percalços que a vida possa nos apresentar, e nos deliciarmos com as benesses que dela, a vida, também recebemos em igual proporção. Sabemos, em nossas almas, que ela evolui para um plano superior a este, reconciliada consigo mesma, redimida perante sua consciência, totalmente desperta em sua espiritualidade e pronta para iniciar um novo ciclo cósmico.

     É claro que o Julgamento tem ainda um ranço muito grande, cristão (e por favor não vejam em minhas palavras nenhuma crítica a nenhum sistema religioso) de que chegará um dia em que todos os vivos e os mortos, que ressurgirão de suas tumbas, ouvindo o chamado do Anjo do Senhor (Gabriel) para serem julgados e então começar uma nova era de amor e paz celestial, livres de pecados e separados, os bons dos maus.

     Penso que esse tribunal onde todos prestamos contas dos nossos atos existe dentro de nós mesmos (consciência) e que temos não uma, mais inúmeras possibilidades de “renascermos” para uma nova vida.

     Mas não posso deixar de aproveitar esse momento de saudade da minha amiga para refletir sobre o nosso tempo nesta terra, e de quantas vezes “morremos” e renascemos, para novas, maiores, mais intrigantes, produtivas e mais harmoniosas oportunidades. Todos os dias temos, de alguma forma, uma chance para melhorarmos. Para abandonarmos um passado que já não mais nos interessa, que nada mais representa na ordem das coisas e, libertos, apreciarmos, com surpresa, admiração, às vezes medo ou ansiedade, mas de coração aberto, o que a vida tem a nos oferecer. Somos verdadeiras fênix que , ao sentirem sua missão cumprida, o tempo que tinham para uma determinada missão esgotado, constroem seus próprios ninhos e neles se imolam no fogo regenerador do espírito (isso sempre me lembra a simbologia de Pentecostes) e renascem ainda mais belas e fortes, preparadas para novas missões, novos embates.

     Nem sempre aquilo que planejamos ou sonhamos para nós é exatamente o que alcançamos. Muitas vezes nos surpreendemos com as guinadas do destino, as mudanças absolutamente inesperadas que a vida nos propõe, mas as aceitamos sem dor, sem ressentimento, como uma novidade, algo que nunca havíamos pensado fosse nos acontecer e que acaba se provando muito mais interessante, útil e potencializador do que aquilo que queríamos ou esperávamos. É uma nova chance de começar, seja através de um novo trabalho que surge do nada, uma mudança para uma nova casa, numa nova cidade onde viveremos melhores condições de vida, um novo relacionamento muito mais completo do que os que já vivemos anteriormente.

     Quando eu era criança e ficava frustrado com o resultado das coisas que não saíam como eu esperava, minha mãe sempre vinha com aquele ditado:”Deus escreve certo por linhas tortas”, e eu, na minha total falta de experiência respondia, emburrado, que então ele deveria comprar um caderno melhor. A vida me ensinou, paulatinamente, através de longos anos, que tudo o que nos acontece, ou deixa de acontecer, obedece a um padrão muito maior, que nos leva a outros patamares, nos oferece outras possibilidades, até mesmo as de revermos nossos conceitos, nossos desejos, nossas metas. É uma chance de olharmos à nossa volta e vermos o que nos cerca com outros olhos (lembram-se do Enforcado, o arcano que foi a carta de ontem?), sob uma perspectiva diferente, mas certamente muito mais iluminada.

     O Julgamento não é simplesmente virar as costas para o passado ou abandonar uma idéia sem dela fazer nenhum juízo de avaliação. Ao contrário. É uma soma de vivências, de reconhecimento de nossos erros e acertos, da honesta avaliação de nossas escolhas durante a nossa jornada, de colheita dos frutos daquilo que através do nosso livre-arbítrio semeamos pelo caminho, da nossa coragem de enfrentar nossos próprios demônios e temores. O passado não é para ser escondido ou esquecido, mas encarado às claras, uma vez mais, confrontando-o e julgando-o antes de ser ultrapassado. É esse exame de consciência que dá um encerramento a um ciclo e nos permite um renascimento, livres de culpas, angústias, redimidos conosco e com o universo, prontos para aceitarmos o chamado interior para fazermos uma nova e importante mudança de vida, renascendo para um novo mundo a fim de cumprirmos um novo propósito.

     Na cerimônia que faremos na tarde de hoje estaremos, ritualisticamente, encerrando um ciclo em nossas vidas. Nossa amiga não estará mais, fisicamente presente, para nos entreter com suas histórias, nos divertir com o seu jeito muito autêntico de ser, representar a âncora da qual podíamos nos valer numa miríade de situações. Deixa-nos entre as mais agradáveis memórias, a sua corajosa luta contra a doença. A sua maneira de viver anos de de sofrimento físico transmutando-os num desapego das coisas materiais e se reabilitando com sua consciência, com a sua espiritualidade, com a fé em algo maior que nunca a abandonou. Creio que Bibi (Sybil May Halter) sempre soube onde esteve, onde estava, e para onde iria, consciente de suas fraquezas e de sua força, nunca temerosa de ouvir o chamado interior, mesmo mergulhada no burburinho da vida diária ou nas longas e solitárias permanências hospitalares.

     Estou certo que neste momento, em algum lugar que a minha irrisória idéia de tempo e espaço não me permite avaliar, ela regenera-se  unida ao seu Criador, recuperando suas forças, construindo o seu ninho para um dia, uma vez mais, trazer a este plano o brilho da sua alegria e uma nova lição de vida.

     Permitam-se, neste dia, reconciliarem-se consigo mesmos e viverem, com muita alegria, as mudanças (sejam quais forem) que a Vida lhes propõe.

Ilustração: FULL MOON DREAMS TAROT

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Carta do Dia: O PENDURADO

12-Major-Hanged-MichaelWellan      Ah, as eternas vítimas! Os “coitadinhos” profissionais, sempre nos fazendo ver o quanto sofreram e sofrem, filhos de um Destino cruel. Gente que se acomoda à inatividade, à total falta de interesse de que há uma vida para ser vivida e se deixa prender a atitudes, hábitos, maneiras de pensar e de conduzir suas relações de tal forma que elas, ao final, ganhem, não os louros da vitória, mas as palmas do martírio.

     Cordeiros imolados nos altares de crenças, rituais, utopias e sonhos que a nada levam a não ser à roda viva de decepções e lamúrias, num verdadeiro ritual de exaltação de baixa-estima e do dom de se iludirem.

     São aqueles a quem, não importa quais alternativas ou possibilidades de soluções para seus problemas os outros apresentem, eles sempre encontram uma maneira, um viés, uma desculpa, um exemplo que as provará ineficientes. Sim, no futuro, porque ele mesmo não está interessado nem em tentar, preguiçoso que é de rever seus conceitos e sair do comodismo de uma situação que lhe permite, ainda que de maneira negativa, conquistar algumas atenções e simpatias (passageiras) pelo caminho.

     Viver o Pendurado é viver em suspensão. Estar pendurado é estar suspenso, entre dois estados, entre o céu e a terra. É uma inversão de polaridades, uma maneira completamente revolucionária de ver o ambiente que nos cerca. É tirar um tempo para si, ficar em compasso de espera aguardando que as coisas tomem o seu curso natural, sem nossa interferência, para que possamos, desse novo girar de fatos, aprender algo novo sobre nós mesmos e sobre tudo e todos que nos cercam. É aguardar pacientemente por soluções que nos serão apresentadas mediante a cooperação de forças, de eventos, de pequenos sinais, de “coincidências” que o Universo colocará à disposição. É um estado de imersão em nós mesmos, quando o caminhar pelo plano espiritual está muito bem representado pela figura que tem os pés afastados da terra e voltados em direção aos céus.

     Nós vivenciamos este arcano em situações bastante comuns, quando ficamos presos a atividades que não nos trazem nenhuma satisfação, ou dependentes emocionalmente dos outros; quando não nos vemos como pessoas capazes, com personalidade, desejos, vontades, ambições, perspectivas próprias e procuramos nos diluir no meio de um conceito generalizado, impessoal, comum a muitos, nos esquecendo que toda unanimidade é sempre burra. É mascarar nosso verdadeiro eu para agradar aos demais. É não saber dizer não e acabar fazendo aquilo que não se quer, mas guardando uma amargura, uma raiva, um rancor.

     Sabe aquele samba que diz “Deixa a Vida me levar…. Vida leva eu… Deixa a Vida me levar… Vida leva eu…”? É por aí mesmo. É parar de reagir, de lutar contra as oscilações da vida (ou do destino, como queiram) e entregar-se a uma espécie de imobilidade terrena que nos permita meditar e conquistar um outro nível de percepção e a ter uma outra perspectiva do que somos e queremos. É também sacrificar algo pessoal por um ideal maior. Não para conquistar os aplausos da galera, para ser elevado à condição de mártir e ter o nome dado em praça pública, mas pela clareza, nitidez, capacidade visionária com que os objetivos se apresentam. É encontrar, por exemplo, num ato de caridade, num ato de doação, o real valor e significado que aquele gesto tem para a nossa própria evolução e o que representa para o crescimento do outro que o recebe, e nunca fazê-lo por estar cumprindo um ritual esperado, porque socialmente é assim que se deve agir (ou não), ou porque isso vai nos garantir uma medalha, uma insígnia, uma menção, ou a redenção das nossas culpas.

     Viver positivamente o Pendurado é resignar-se às situações, aprender com elas, refletir sobre a necessidade de se reconstruir sobre uma base de auto-respeito, de amor-próprio, encontrando as raízes mais profundas da nossa fé, da nossa devoção e estar preparado para uma transformação que lhe abrirá 0s olhos para novas maneiras de ver. Há que se saber quando e o que sacrificar, para que essa experiência não seja apenas uma forma de apatia, de falta de fé, de renúncia a um crescimento espiritual, de abandono de velhos padrões.

     No dia de hoje, é interessante aproveitar-se dessa energia  mantendo-se fiel e agindo de acordo com os seus princípios; sendo sincero, honesto, aberto à uma revisão total de conceitos e formas de controle sobre a vida, meditando muito e procurando aceitar, de forma lúcida e calma, o que o destino nos reserva, procurando entender que, ainda que não compreendamos de imediato o padrão que seguem, as mudanças que possam ocorrer serão úteis e valiosas.

     Dê-se um tempo, abra-se para os canais de comunicação do Universo, mantendo o seu interior quieto e harmonizado e, com certeza, você terá mais um ótimo dia!

Ilustração: MICHAEL WELLAN TAROT

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Carta do Dia: ÁS DE PAUS

    64-Minor-Wands-Ace   Nós podemos saber todas as técnicas e os passos necessários a serem tomados para sermos bem sucedidos neste mundo, mas se a pessoa não estiver preparada e apaixonada, nada pode ser feito. No mundo atômico os átomos podem girar e girar, mas enquanto eles não estiverem prontos para se organizarem, eles só giram numa dança eterna. Quando num nível sub-atômico, os elementos constituintes dos átomos estão prontos, as mudanças ocorrem num quadrilhonésimo de segundo. É um relâmpago, uma faísca. É o “sucesso da noite para o dia”, mas que acontece somente depois de uma vida de preparação.

     A coisa mais importante que podemos fazer por nós mesmos, para nos lançarmos nessa aventura, é nos prepararmos, nos transformarmos. Construir nossa autoconfiança, deletando medos e inseguranças (e também aquelas pessoas que nos fazem sentir inseguros) e cultivar o talento e a … mágica!

     O sucesso que nasce de dentro de nós é verdadeiro, mas mesmo assim ele precisa ser “cozido em fogo brando” porque há um tempo natural e normal para que ele amadureça, se transforme, e possa ser saboreado com prazer. Enquanto esse processo acontece, aproveite para não parar de evoluir.

     As cartas do tarot cujo elemento é o Fogo, nos falam dessa fagulha divina, dessa centelha que temos dentro de nós que é, antes de mais nada transformadora. É um poder que possuímos de transformar em realidade tudo aquilo que imaginamos. É a criatividade em seu sentido mais puro e, portanto, mais completo. É a nossa capacidade de trazer à vida idéias, planos, sonhos, delírios de imaginação e podem simbolizar, também, até a própria geração de novas vidas. Não é por nada que o Ás de Copas pode, numa leitura de tarot, dependendo do assunto, do local onde se encontra na jogada e das cartas que o acompanham, significar gravidez.

     Fálico em sua representação gráfica, essa energia considerada masculina, produtiva, capacitadora, viril, instigante, entusiástica, imprevisível, vital e revigorante é um grande dínamo, gerando idéias, provocando impulso, dando partida no motor das nossas ações. Sentimos a energia flamejante dessa carta quando estamos cansados de atividades rotineiras, do dia a dia sem graça, da falta de estímulo, do vazio que se forma à nossa volta pela própria inação. O Ás de Paus chega em forma de uma idéia, de um relâmpago mental, de algo que sentimos muito mais do que podemos definir, mas que sabemos de sua força, pressentimos o seu potencial. É como uma semente que encontramos e resolvemos plantar. Não temos certeza exata qual a espécie de planta que obteremos, seu tamanho, suas cores, aromas, frutos. Nem mesmo podemos ainda prever o seu tempo de vida, se resistirá ao clima ou às carências ou dificuldades do terreno. Mas sabemos, com certeza, de que ali, embutida naquele grão, existe uma forma de vida pronta para, dadas as devidas condições, manifestar-se em seu próprio esplendor.

     Artistas parecem vivenciá-la num contínuo, transformando suas inspirações (inspirar = respirar) em composições magníficas, independente do tipo de atividade que pratiquem. Quantas vezes paramos para pensar de onde surgem as tramas dos livros que lemos, dos quadros que nos cativam a imaginação pela sua sensibilidade e ousadia, das novelas e filmes que assistimos, as letras das composições que parecem exprimir sentimentos que só nós vivenciamos, determinadas invenções das quais nos utilizamos e que tanto facilitam o nosso dia a dia, a tal ponto que acabamos achando absurdo que um dia tenhamos vividos sem elas.

     Pois é. Nascem dessa faísca , desse relâmpago que, combinado com diversos outros elementos, disposições e situações, acaba se transformando numa grande fogueira, num grande brilho, numa verdadeira “iluminação” interior. Lembre-se que o elemento Fogo está associado à letra hebraica Yod, que é a primeira letra do nome de Deus e que poderia ser interpretada como “começo”.

     Nem todas as idéias que temos acabam vingando. Algumas, e às vezes muitas, morrem pelo caminho, descartadas pelas suas reais impossibilidades ou simplesmente abandonadas pela nossa própria perda de interesse. Fogo é algo que deve ser constantemente alimentado, senão se extingue. Bem sabemos que não há paixão que resista à monotonia, ao descaso. Não à relacionamento que não precise ser renovado através de gestos, atitudes, disposições, sacrifícios, compromissos, confiança e tesão. Sim, e me desculpem os mais sensíveis, tesão, pois fogo é a representação do desejo, seja de criar, de construir, de fazer, de experimentar, de evoluir, de se transforma, mas também de amar, inclusive no sentido sexual.

     O que se deve observar quando essa carta surge é se não estamos ignorando as oportunidades que a vida nos oferece, relegando-as para um segundo plano, deixando de agir, pois o Ás de Paus é um presente, um dom que nos é dado pelo Universo mas que necessita que nos movimentemos para aceitá-lo. Também, e ainda em seu aspecto “sombra”, pode estar a nos dizer que achamos que essa energia, essa oportunidade nunca se extinguirá e que estará constantemente à nossa disposição. Isso é arrogância, insensibilidade e um mau uso de um poder que nos é oferecido.

     Portanto, no dia de hoje (e em todos os demais, é claro) esteja atento à sua intuição. Preste atenção aos seus sonhos e desejos. Fique receptivo às novas idéias e, em princípio, nada descarte por considerar inviável, “loucura demais”, absurdo (é claro que não estamos falando de nada nocivo, ilegal, imoral, anti-ético ou que prejudique de alguma forma o livre arbítrio alheio). Viva esse estado de entusiasmo, de animação, de alegria e tensão criativa. Procure sair da rotina. Faça um outro roteiro para ir ao trabalho, mude o cardápio do seu almoço, falte à academia e experimente uma aula de dança de salão; escreva um bilhete amoroso a quem ama, e, só por hoje, troque a passiva presença em frente ao monitor de televisão pela leitura de jornais, revistas e algum bom livro. Gaste menos tempo navegando a internet e vá visitar uma galeria de arte ou um museu. Procure olhar para as pessoas, objetos e situações com outro olhar, mais curioso, mais investigativo, deixando-se fascinar pelas formas, atitudes, comportamentos, expectativas, possibilidades. Atente para o fato que o Ás de Paus surge para lembrar-nos que possuimos algo maior, uma imortal centelha divina que faz de nós muito mais do que simples formas físicas num mundo povoados de outras tantas.

     Tenha um ótimo dia e não tema em embarcar numa aventura em busca de um sonho!

Imagem: VERTIGO TAROT

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Carta do Dia: 4 DE PAUS

   67-Minor-Wands-04-druidcraft   O elemento Fogo diz bom dia nesta ensolarada manhã de segunda-feira, reafirmando o propósito do Universo, através das cartas do tarot, nos enviar uma mensagem de tomada de ação que já haviam sido antecipadas na Carta da Semana.

     O 4 de Paus é uma carta que nos fala de muita alegria, de grande satisfação e de sucesso. É uma carta que não significa a completude, a garantia total e absoluta de toda essa felicidade, mas que diz que estamos no caminho certo e que devemos comemorar o fato. Assim como um casamento não acaba na igreja, na festa, nas celebrações, mas marca uma vitória do casal  na conquista de seu parceiro ideal, tendo passado por um período de conhecimento entre si e entre familiares e amigos, avaliado prós e contras, adaptado-se a uma nova rotina em comum, procurado um local para morar, vivenciado todo o processo da organização da celebração dessa união. Essa é apenas uma primeira fase e sabemos que a vida não só continua mas irá apresentar desafios que irão solidificar essa parceria ou fazer ruir castelos construidos no ar…

   A Carta do Dia nos diz que estamos “com a faca e o queijo” nas mãos, prontos para investirmos em nossa felicidade, não nos deixando abater pelas dificuldades que possam surgir, levando a vida com muita autoconfiança, esperança e sempre depositando fé num futuro melhor. O 4 de Paus é como se fosse um presente que o Universo nos dá e, para recebê-lo, devemos estender nossas mãos e apanhá-lo. Se a vida nos dá novas e mais promissoras oportunidades, precisamos agir, no tempo e na medida certa para que possamos aproveitá-las. Quero com isso dizer que é necessária uma boa dose de ação para que os nossos sonhos, nossos empenhos, nossos planos, nossas metas se realizem e essa ação é o que caracteriza a carta de hoje.

     Quando nossos esforços anteriores dão recompensas, quando aquilo que de boa vontade e com entusiasmo semeamos pelo caminho começa a florescer, é o momento que o 4 de Paus se refere e que devemos comemorar com bastante júbilo. É sinal que o nosso trabalho metódico e organizado está dando resultados concretos e que estamos conseguindo harmonizar o nosso racional com o nosso emocional. Não é apenas a obtenção de lucros, mas o prazer e a gratificação encontrada no processo que vale a pena.

     O 4 de Paus, como todas as cartas do elemento Fogo, falam de liberdade, de criatividade, de elevação. Às vezes elas são uma lembrança de que necessitamos nos libertar de qualquer circunstância que não nos complemente, não nos agrade, não nos sirva mais, seja ela um relacionamento afetivo, uma sociedade de negócios, um emprego, uma crença e passar para uma nova fase de crescimento, deixando o passado para trás. Às vezes nos encontramos presos a um círculo vicioso de atividades sociais, de festas e compromissos, vivendo uma “persona” que criamos somente para agradar aos outros e sermos aceitos pelo grupo, e nos acomodamos (mal) à situação por medo de superarmos obstáculos, investirmos em novos rumos e, até mesmo, descobrirmos quem realmente somos. Isso também não quer dizer irresponsabilidade. Libertar-se das expectativas errôneas que os outros em nós depositam não significa libertar-se dos vínculos normais trazidos pela responsabilidade. Sair por aí sentindo-se “leve como um passarinho”, abandonando irrefletidamente uma carreira ou uma relação que, se bem trabalhadas, poderiam ser promissoras e recompensadoras, sem nenhuma outra meta, nenhum outro objetivo, nenhum outro plano concreto, é burrice, quando não, canalhice.

     O 4 de Paus nos fala de harmonia. De estar bem consigo mesmo e relacionando-se perfeitamente com os outros e seu meio ambiente. Fala de felicidade, união, lar, laços familiares, acordo, sociedade, casamento, sucesso, abundância. Também pode significar, numa leitura de tarot, e sempre dependendo de sua localização e das demais cartas que o acompanham, de férias (especialmente no campo), de um tempo de lazer, de festas, de trabalho em grupo muito bem sucedido, ambiente doméstico alegre e otimista.

     Portanto, se especialmente hoje, você sentir um enorme desejo de começar algo novo, de sentir uma forte inspiração para um novo ideal de vida, algo que você saiba significar renovação, é a energia prenunciada no 4 de Paus agindo em sua vida. Viva-a intensamente e celebre sempre as bençãos que o Universo lhe envia ininterruptamente.

     Uma ótima e criativa segunda-feira para você!

Ilustração: DRUID CRAFT TAROT

domingo, 24 de janeiro de 2010

Carta da Semana: 8 DE COPAS

  57-Minor-Cups-08-nigeljackson    Esta é a última semana do mes e já estamos começando a experimentar a energia da Imperatriz, a regente de 2010, com mais intensidade.

     Parece que novas idéias, novos planos vão se delineando em nossas mentes; conversas com amigos sugerem a possibilidade bastante viável de novos empreendimentos; já retiramos da gaveta aqueles esboços do livro que pretendemos terminar de escrever e editar; começamos a programar aquela viagem tão sonhada, visitando sites e agências de turismo, verificando tarifas e hotéis, calculando o quanto teremos que guardar para, quando chegar o momento certo, termos o dinheiro necessário. Aqueles contatos de trabalho que fizemos no ano passado estão começando a ligar ou mandar e-mails querendo marcar uma nova conversa. Enfim, tudo parece estar se encaminhando bem, numa verdadeira gestação de idéias, de oportunidades, de novos sentimentos que, ainda não totalmente discerníveis ou realizados, estão em seu período de desenvolvimento embrionário.

     Então, nesta manhã, através de uma carta que elucidasse a energia dominante nesta semana, surge o 8 de Copas, uma carta que nos fala, praticamente, que é chegado o momento de virarmos as costas para o passado e seguirmos em frente.

     Não é nem uma, nem duas vezes na vida que nos vemos presos a situações, a pessoas, a trabalhos, a projetos, a sentimentos e emoções que não mais traduzem nossos interesses. Pelos quais não temos mais a mesma paixão e, ao contrário, nos sentimos deprimidos em ter que vivê-los e revivê-los, com um certo desgosto, uma amargura, uma sensação de que nos desgastamos por nada de real valor.

     Sim, foram fatos, idéias, ambições, esperanças, gente, sonhos que um dia nos foram bastante satisfatórios. Que vivemos até com muita intensidade e que neles investimos muito de nós, toda a nossa energia, mas que, a partir de um determinado ponto, deixaram de servir ao propósito de nos fazerem felizes. Acabamos presos, de alguma forma, a eles, seja por memórias, seja por comodismo, seja por falta de coragem, seja por total apatia, pelo completo desgaste de seus recursos, pela nossa própria mudança de valores ou, na pior das hipóteses, por piedade.

     O Oito de Copas nos fala de uma mudança consciente, em que se procura reconstruir uma nova vida evitando-se cometer os erros passados, seguindo com confiança, ganhando perspectiva  e aceitando ajuda no percorrer do novo caminho. É uma carta que nos fala de mudança no foco dos nossos valores, quando percebemos que devemos seguir nossos sentimentos (Copas = Água) e partirmos partirmos para uma jornada interior, uma jornada mais espiritual (Peixes = Espiritual), de autoconhecimento e de descoberta daquilo que realmente queremos e nos importa neste ciclo da vida.

     Quantas estórias já ouvimos de cidadãos muito bem sucedidos profissional e economicamente e que, num determinado momento, abandonam tudo para seguirem um outro projeto, para se dedicarem a uma causa humanitária, para se dedicarem a algo que era apenas um hobby? Mosteiros, conventos, , centros religiosos, escolas, organizações não governamentais, para citar alguns, são locais onde uma parte dessas pessoas encontra identificação e passa a reconstruir uma nova vida baseada em uma nova crença, ou filosofia, mudando de atitudes , abandonando antigas estruturas mentais, revendo conceitos de comodidade, de conforto, de bem estar.

     Essa é uma carta que quando aparece numa jogada, e dependendo de sua localização e das cartas que a acompanham, pode significar um estado depressivo, de auto-piedade, falta de objetividade, perda de interesse, de uma profunda tristeza, de solidão, uma morbidez e imobilidade que devem ser superados, vencidos por tomadas de atitudes, de revisão de conceitos, de avaliações realistas das situações que se vive e das razões que possam ser a causa original desse desencanto. À vezes vivemos situações há muito caducas, exauridas, deficientes pela maneira que encaramos o que é o viver e qual o nosso papel nessa experiência. Aqueles para quem esta vida é um “vale de lágrimas” e quantas mais chorarmos agora, quanto mais resignadamente sofrermos e nos autopunirmos, maiores serão as recompensas numa possível vida futura, encontram na meditação sobre essa carta do tarot uma possibilidade de se conscientizarem que o Amor é o dom maior que o Universo (ou o nome da divindade que melhor convier às suas convicções) nos oferece, de forma contínua e abundante e que nos fecharmos à ela é impedir o fluxo dessa energia vital.

     Partir para uma mudança, revendo as suas prioridades e  disposto a explorar um estilo de vida diferente, tendo a capacidade de ultrapassar obstáculos, desapegando-se de um passado que impede de vivenciar o presente em sua totalidade e encarar uma nova fase, com esperança, coragem e determinação, é o que nos sugere o 8 de Copas. É um ato voluntário, consciente, planejado, meditado. Afinal, a felicidade é uma questão de escolha, não é mesmo?

     Aproveite essa energia durante esta semana e procure abandonar hábitos e situações nocivas ou estagnadas, que não mais satisfaçam os seus interesses e o seu nível de crescimento espiritual. Defina novos objetivos e entregue-se à maravilhosa aventura pessoal de por o pé na estrada de um novo tempo em sua vida.

     Tenham todos um excelente domingo e uma semana de importantes autodescobertas!

     Imagem: NIGEL JACKSON TAROT

sábado, 23 de janeiro de 2010

Carta do Dia: 2 DE OUROS

   23-Minor-Discs-02-napo    Sábado! Final de semana e aquela vontade enorme de não fazer nada. Descansar, relaxar, deixar de lado compromissos e obrigações e ficar a toa. Desligar-se.

     Mas daí a gente acorda e sabe que a família está lá, na mesa do café, esperando para serem servidos, para irem à praia, para fazerem um lanche no shopping e depois irem ao cinema. Um quer uma coisa e o outro faz questão do absolutamente oposto. Dinheiro contado, pois afinal já é quase final de mes e vai ser preciso “esticar” a grana o máximo possível.

     Bom, pelo menos está fazendo sol e a gente pode sair, passear, distrair-se. As tarefas de casa ficam um pouco abandonadas mas curte-se mais a vida ao ar livre ou aqueles programas básicos de fim de semana. Mas… e se o tempo mudar? E se chover? O que fazer com a criançada em casa? E o maridão reclamando do barulho? E quem vai levar o cachorro para sair quando a chuva cai? Será que é melhor alugar uma porção de DVDs e deixá-los de prontidão em caso de emergência? Faço supermercado agora, ou confio na sorte e passo o final de semana comendo bobagens, fora de casa?

     Nossa Carta do Dia é exatamente sobre como ter jogo de cintura e estar pronto para enfrentar, com muita flexibilidade e humor, as situações da vida.

     Aquela mãe de família que trabalha fora e dá conta de levar os filhos para a escola, fazer o serviço doméstico e terminar o dia ainda com energia suficiente para apoiar o marido ouvindo seus problemas, é, além de uma heroína, um verdadeiro exemplo do 2 de Ouros.

     Essa carta, quando aparece numa jogada (dependendo da sua localização e das demais cartas que a cercam) pode significar mudanças, alterações, flutuação, surpresas, jogo, destreza, habilidade, diversão, viagem e especialmente alterações nas finanças, porém quase sempre benéficas.

     O 2 de Ouros, até mesmo na maioria de suas representações gráficas, incorpora o conceito oriental de Yang e Yin, ou seja: do positivo e do negativo, do masculino e do feminino, do claro e do escuro, do frio e do quente, do seco e do úmido. Um conceito de dualidade inerente a todas as coisas, até mesmo porque tudo o que chamamos, por exemplo, de saúde, é porque temos a noção exata, a experiência do que é doença, o seu antônimo. E assim vai. Sabemos que é claro porque conhecemos o que é escuro, o que é alegria porque já vivenciamos momentos de tristeza; o que é fartura pois o contraste da pobreza nos salta aos olhos em cada esquina das nossas cidades.

     O 2 de Ouros nos anuncia que estamos preparados para lidar com uma energia bastante ativa e voltada à parte material da vida (Ouros = Terra) tipo saúde, dinheiro, posses, bens materiais. Para quem tem habilidade em lidar com dinheiro, tem conhecimento das oscilações (epa! Olha o 2 de Ouros aí de novo!) do mercado, mas tem experiência, bom senso e capital, é tempo de arriscar e investir. Para quem está com o dinheirinho contado no banco e louco para, na ida ao shopping, comprar aquele novo modelo de TV de plasma em não sei quantas suaves prestações, o conselho é: não se arrisque. Dá para sacar a diferença entre os dois exemplos?

     Conheço muita gente que não consegue equilibrar duas coisas fundamentais na vida: o espiritual e o material. Sempre acabam, quase que fanaticamente, tendendo para um dos lados como se ambos não fossem parte de um todo completo e único. Para reconhecer o material e os seus benefícios é necessários que tenhamos um desenvolvimento espiritual condizente, que nos permita vivenciar ambos em harmonia, tomando decisões e escolhas baseadas em diversas experiências tais como educação, lições aprendidas no passado, instintos e intuições sobre o futuro. Ambos não são absolutamente antagonicos, mas complementares. É preciso vivencia-los para nos tornarmos inteiros.

     Portanto, se você hoje tiver a oportunidade de ir à praia, ou mesmo assistir a um vídeo sobre surf, preste atenção como o surfista, equilibrado sobre uma simples prancha, enfrenta todo um oceano: com coragem, animação, curiosidade, adaptando a posição de seu corpo às manobras necessárias, surfando na crista das onda ou dentro de “tubos”, aproveitando o impulso que o próprio mar, a própria água lhe oferece para acelerar e escapar das quedas. Ele treina muito. Cai, levanta inúmeras vezes. Acorda cedo, viaja bastante, presta atenção nas condições do tempo e das marés, sabe onde estão as melhores ondas, etc. Enfim, informa-se ao máximo, mas sabe que está lidando com algo que independe quase que totalmente dele. O elemento surpresa existe e é aceito como parceiro de aventura. Mas lá está ele, exibindo o que sabe, o que aprendeu nos anos de treino, sem ter certeza plena de sucesso, mas feliz por arriscar-se, de forma consciente e planejada. E seu sucesso está no êxtase de saber que, por breves momentos,  viveu todo o mar, todo o céu, todo o sol, cavalgando sozinho o movimento contínuo das marés.

     Tenham todos excelentes opções para este final de semana e vivam-nas com muito bom humor!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Carta do Dia: A LUA

 18-paulinatarot     Quantas vezes já ouvimos alguém dizer que fulano ou sicrana vive no mundo da lua? Ou nós mesmos, quando nos pegamos com aquele olhar de devaneio, pretendendo estarmos lendo, mas completamente alienados, olhando para páginas de livros ou revistas enquanto filmes e mais filmes são exibidos no cinema da nossa imaginação… E as vezes, então, no meio daquela festa, no calor da pista de dança, no escuro da boite, acreditamos ter encontrado o grande amor das nossas vidas e que nos fala tudo aquilo que queremos, há muito, ouvir. Tudo isso para, na manhã seguinte, desaparecer junto com as últimas sombras da noite, deixando-nos numa profunda depressão, desiludidos e desencantados com tudo e com todos.

     Então podemos falar que estamos vivendo ou falando da Lua, esse misterioso arcano, talvez o mais rico em simbolismo dentro de todo o tarot.

     Sabe aquela antiga expressão que diz que à noite todos os gatos são pardos? Pois é. À noite realidade e ilusão se misturam e assumem a mesma aparência. Nada é muito claro. Vemos tudo através do reflexo do sol, mas é apenas um reflexo, não é luz direta. Portanto, as coisas ficam meio que indefinidas, os contornos se esmaecem e tudo acaba parecendo mágico,  fascinante, assustador, inebriante, fantástico. Caminhar ao luar é uma experiência inebriante, encantadora, romântica, ainda que muitas vezes tropecemos nas pedras que não conseguimos ver pelo caminho. Viver no mundo da Lua é viver de ilusão, deixando aflorar tudo o que habita o mais profundo do inconsciente, temendo encarar os fatos e apegando-se ao passado, aos sonhos, às lembranças evitando sempre encarar a clara e cortante realidade.

     A Lua não é só dos namorados, dos amantes, mas dos artistas, dos criadores. A Lua alimenta a imaginação e possibilita a produção dos livros, dos filmes, das estórias, dos objetos de arte, das peças, das músicas que tanto nos seduzem com suas formas e mensagens. Até mesmo porque acabam mexendo com algo escondido no mais profundo oceano das nossas emoções. A Lua é água, mutável, ora ondas violentas, ora maré mansa. A Lua é Peixes: mística, intuitiva, compassiva. Fonte inesgotável de criatividade, muitas vezes em estado bruto, latente, descontrolado, necessita de um Mago que a organize, que lhe de forma e direcionamento.

     Vivenciar este arcano é ir em busca de si mesmo, do autoconhecimento, da resposta ao “quem sou eu?”. É recolher-se para ouvir a sua voz interior, aprender a enxergar, através das sombras da ilusão, da maya, quem realmente somos. Em seu melhor aspecto, é deixar de projetar nos outros aquilo que não queremos ver ou reconhecer como nosso. Aquilo que não aceitamos ser e que, num ato de espelhismo (permitam que assim eu me refira) vejamos no outro o que emanamos, da mesma forma que a Lua apenas reflete a luz que o sol emite.

     Conhecer-se e usar da nossa capacidade infinita de criarmos, através das fantásticas e libertas elucubrações da mente, para construir algo que nos fortaleça e que tenha uma consequência positiva no mundo real, é a melhor maneira de viver a Lua. Problema é quando ficamos presos ao “sentir”, imobilizados, sem ação, sem capacidade de “agir”, de trazer à luz as crias da nossa fértil imaginação e reavaliá-las com objetividade.

     Numa leitura de tarot, dependendo sempre da localização da carta e das outras que dela se avizinham, pode significar, ciúme, angústia, egoísmo, dependência afetiva e vícios, fanatismo cego, segredos, medos, sevalgeria, insanidade, desilusões, confusão mental, fofocas, calúnia. Em seus aspectos positivos ela simboliza, energia intuitiva, sabedoria, fecundidade, gravidez, maternidade, sedução, perdão, amor incondicional.

     Creio que o melhor recado dado por essa carta é a de que devemos prestar muita atenção e ouvir a todos os recados que o nosso subconsciente nos envia. Os nossos sonhos podem conter as respostas que tanto precisamos. Quando a Lua aparece numa leitura, é hora de desacelerarmos para um merecido descanso, um tempo de recuperação e de perdoar a si próprio e aos outros. Tempo de ouvir e confiar nos próprios instintos, evitando deixar-se enganar por si ou pelos outros, lembrando sempre que a Lua situa-se, dentro do tarot, entre a Estrela e o Sol. Portanto há esperança e a luz da verdade, da consciência iluminada está surgindo no horizonte.

     Tenha um ótimo e criativo dia!

Imagem: PAULINA TAROT

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Carta do Dia: A TORRE

     16-Major-Tower-buddah Pela segunda vez neste mes a Torre aparece como a Carta do Dia. Há que se levar em consideração essa mensagem que nos é enviada em forma de “coincidência”.

     Sendo uma das cartas mais temidas pelos consulentes numa leitura de tarot (as outras costumam ser, na minha experiência, a Morte e o Dez de Espadas), sua representação normalmente parece não deixar dúvidas de que algo de ruim está por acontecer. Na grande maioria das vezes isso não é uma verdade. Talvez até mesmo por esse motivo eu tenha escolhido, para ilustrar esta postagem, uma carta desenhada por Robert M. Place para o seu “Buddah Tarot” e que tem muito mais a ver com o aspecto desse arcano que eu pretendo abordar.

     Sim, a Torre indica que estamos vivendo, ou a necessidade de viver, uma verdadeira revolução em nossas vidas e, quase sempre, pelo seu aspecto fortemente arquitetônico, a associamos a catástrofes ou mudanças radicais que atravessamos no plano material. Por exemplo: os deslizamentos de terra ocorridos no início do ano em Angra dos Reis, resultado de uma provavelmente incorreta  ocupação do terreno. Ou o terremoto que recentemente assolou o Haiti, completamente alheio à vontade ou ao controle humano. Ou o fato de um grande velejador perder uma perna num acidente inesperado e praticamente improvável. Há tantos outros mais…

     Basicamente a Torre é um sinal vermelho de algo não está indo bem. Que é necessário que se faça alguma coisa para mudar ou então o Universo irá resolver a questão, esclarecendo o que precisa ser compreendido e provocando as mudanças para que o novo ressurja dos escombros. Em qualquer dos casos, sua experiência é sempre muito dolorosa, difícil de ser vivida e aceita.

     Mas a Torre é sempre um chamado para uma nova consciência. Uma revisão das bases em que os nossos valores, crenças, verdades, certezas estão fundamentados e a triste comprovação de que costumam ser muito frágeis, prontos para ruirem a qualquer giro da roda do destino. Quantas vezes nos isolamos em construções, físicas ou mentais, no sentido de nos protegermos, de criarmos uma “fachada” que nos torne mais atraentes e aceitos socialmente, que nos garanta a idéia de uma falsa felicidade, um falso sentido de segurança? Pois é, são essas construções mal planejadas, erguidas para esconder ao invés de abrigar, esses muros e barreiras que interpomos entre a verdade e a “nossa” verdade que acabam, mais cedo ou mais tarde desmoronando, causando-nos desconforto, medo, desespero, mas que em realidade são o início do fim. Do fim das ilusões, das fantasias, da falsidade, da mentira, do orgulho, do isolamento, da nossa incapacidade de aceitar um outro ponto de vista.

     A Torre é a carta que segue a do Diabo e, se este representa a opressão, os nossos instintos mais primitivos, os nossos vícios, aquilo que queremos esconder de todos, a queda da Torre é exatamente o momento em que nos libertamos desses entraves, aceitando-os, expondo-os à luz brilhante, reconhecendo-os como nosso e não nos sentido prisioneiros deles. É um momento de iluminação, quase sempre representado, nas cartas, por um fulgurante raio que destrói a parte superior dessa construção. É uma oportunidade que nos damos, ou então que o Universo nos força a aceitar, de nos abrirmos à espiritualidade, ao autoconhecimento, à harmonia, à eliminação de valores, condutas, rotinas há muito esclerosadas. O raio significa um momento de compreensão espiritual (iluminação) que destrói o erro e a ignorância. Podemos ser a fonte geradora dessa fonte de mudança ou vítimas dela. Mas é certo que as coisas nunca mais serão como foram.

     Aceitar esse fato, inesperado e avassalador, como uma oportunidade de recomeçar do zero, reconstruir a vida sobre bases sólidas aproveitando as experiências do passado com sabedoria, liberto de antigos padrões e grilhões, com os dois pés no chão, abandonando perdidas ilusões, necessita da força e coragem de acordar para uma nova realidade. Essa é a proposta da Torre. Se o Diabo é a carta que antecede à Torre, a Esperança (a Estrela) é a que a sucede. Certamente dias melhores virão.

     E se hoje as coisas não sairem exatamente como você havia planejado, ainda que isso o chateie e faça lastimar-se, procure lembrar que no futuro você não terá razões para reclamar daquilo que hoje foi frustrante.

     Permita-se reconhecer e aceitar o que o Universo propõe para o seu crescimento e tenha um excelente e renovador dia!

Imagem: BUDDAH TAROT, de Robert. M. Place

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

São Sebastião e o Rio de Janeiro

 pintura_sao_sebastiao_gregorio_lopes     Hoje é dia de S. Sebastião, o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. Oxóssi, nos cultos africanos. Feriado municipal e praias cheias de gente a aproveitar o céu impecavelmente azul, o calor na marca dos 40º, e um clima ainda meio de férias, de começo de ano.

     Resolvi fazer uma tiragem de tarot especialmente dedicada à Cidade Maravilhosa, levantando unicamente 3 questões: o que devemos pensar/analisar sobre o Rio; o que devemos fazer pelo Rio; como podemos demonstrar ainda mais o nosso amor pela cidade.

     Mas antes de chegarmos às cartas, achei bacana dar uma refrescada na memória e lembrar quem era o homem que inspirou tal devoção e porque.

     Sebastião era de Narbona, terra de sua mãe, ou de Milão segundo outros que acreditam ele ter nascido na mesma cidade que seu pai. Tendo sido educado em Milão e filho de uma família de nobres e militares, viveu quase toda a sua vida adulta em Roma chegando mesmo a ocupar o cargo de Capitão da guarda pretoriana, sendo muito respeitado por todos e estimado pelo Imperador Diocleciano que desconhecia o fato dele ser cristão, apesar de exercer seu apostolado entre seus companheiros.Também visitava e confortava os cristãos presos por causa de Cristo. Evidentemente esta situação não poderia durar muito, e acabou sendo denunciado ao imperador que exigiu que ele optasse  entre ser seu soldado ou seguir a Jesus Cristo.

     Sebastião escolheu a Cristo, o que enfureceu sobremaneira ao Imperador que o condenou à morte. Os soldados de Diocleciano prontamente executaram sua ordem, amarrando Sebastião a uma árvore e crivando-o com setas. Acreditando-o morto e a sentença imperial plenamente executada, retiraram-se, mas seus amigos, ao aproximarem-se de seu corpo para sepultá-lo, perceberam que ele ainda estava vivo. Levado à casa de uma cristã de nome Irene, lá restabeleceu-se.

     sao-sebastiao1 Apesar de seus amigos o aconselharem a se ausentar de Roma, Sebastião se negou completamente, pois seu coração ardoroso do amor de Cristo impedia que ele não continuasse anunciando a seu Senhor. Corajosamente apresentou-se  perante o Imperador, desconcertado porque o dava por morto, e o repreendeu com veemência pela sua sanguinolenta caça aos cristãos. Diocleciano, enfurecido, fez com que desta vez não houvessem erros e mandou que Sebastião fosse açoitado até a morte e seus despojos jogados num local lamacento, insalubre e ermo de Roma . Seus companheiros cristãos o recolheram e Lucinda, uma outra romana a quem o santo havia aparecido em sonho solicitando que o sepultassem nas catacumbas, cuidou de que o enterrassem na Via Apia, ao lado dos apóstolos.

     O culto a São Sebastião é muito antigo; é invocado contra a peste, a fome, a guerra e contra os inimigos da religião. Muito venerado pelos nossos colonizadores, os portugueses sempre tiveram por ele grande devoção. Devoção essa que foi reforçada pelo fato do rei D. Sebastião, cujo nascimento evitou a união entre as coroas portuguesa e espanhola, ter nascido no dia 20 de janeiro, dia em que S. Sebastião é celebrado.

     Como o assunto é santo, resolvi usar as cartas do Tarô dos Santos, criadas por Robert M. Place, pois penso que é o clima do assunto e poderia nos dar uma dimensão mais espiritual desta cidade que, em todo o mundo, é conhecida pelos seus aspectos físicos. Bem, vamos agora à tiragem das 3 cartas:

Como o Rio de Janeiro deve ser pensado (analisado, estudado, problemas e soluções)

O CAVALEIRO DE COPAS (São João)

61-Minor-Cups-Knight Essa carta normalmente é sinal de uma mensagem que estamos recebendo, ou vamos receber, seja no plano físico ou vinda do nosso inconsciente. São João, o mais jovem dos evangelistas, foi induzido pelo imperador Domiciano a beber uma taça de vinho envenenado. Ao colocá-la nos lábios, o veneno contido transformou-se numa serpente que fugiu da taça e ele pode beber o vinho.

Extirpar os males de uma cidade das dimensões geográficas, sociais e históricas como o Rio é tarefa hercúlea e que diariamente recebe opiniões das mais diversas autoridades sobre os assuntos específicos. Entretanto acredito que essa carta nos reafirma essa necessidade de continuarmos a luta para acabar com a violência e as suas causas, liberando a cidade para ser vivida em toda a sua beleza. A segurança pública parece ser o item mais forte a ser pensado e repensado; ter uma planejamento extremamente cuidadoso para curto, médio e longo prazo, ouvindo o que tem a dizer e sugerir especialistas dessa área, atentos e discutindo as “mensagens” trazidas pelos técnicos, pelos órgãos governamentais competentes e pelos diversos segmentos da sociedade civil. Isso tudo de forma amorosa, dedicada, devotada, porém sem complacência.

 

O que deve ser feito pelo Rio de Janeiro                         (o que deve ser posto em prática)

O PAJEM DE PAUS (São Roque)

74-Minor-Wands-Page Os Pajens normalmente simbolizam pessoas jovens, destemidas, estudiosas ou situações novas que podem representar uma nova área de interesse ou empreendimento. São Roque, que era um eremita e curador, tomado pela lepra, curou-se e teve a saúde restaurada pela visita diária de um cão que lhe trazia alimentos e lambia suas feridas. É o santo protetor contra peste, praga, cólera e outras epidemias. Acho que é disso mesmo que estamos falando.

Buscar e aceitar a ajuda, mesmo a internacional, poderia ser considerado no processo de reestabelecimento da segurança da cidade. Ouvir de outros planejadores, estabelecer um debate amplo para priorizar meios de solucionar os problemas da cidade, acatando idéias novas, reformulando projetos e metas anteriormente traçadas mas que já se provaram inadequadas, poderia representar uma saída dos problemas. As cartas de Paus nos falam da criatividade, da intuição, do fogo das paixões e, portanto, sugerem a busca e o experimentar de novas propostas, de alternativas que sejam consciente e progressistas e que não fiquem apenas repetindo velhas e ineficientes fórmulas.

Humildade para reconhecer os problemas, vendo-os em toda a sua extensão, buscando a sua mais profunda compreensão para daí então encontrar as respostas que, naturalmente, já estão prontas à espera de serem encontradas e postas em prática.

 

Como o Rio de Janeiro deve ser amado:

A MORTE (Santo Estevão)

13-Major-Death Santo Estevão, 1º mártir cristão, foi um judeu influente que, abraçando as idéias do cristianismo, defendeu e propagou-o com tanto empenho que acabou ofendendo o Conselho dos Anciãos, ao falar contra o Templo de Salomão. Por isso, foi expulso da cidade e, no caminho, apedrejado até a morte. Enquanto agonizava, pedia a Deus que nunca castigasse seus assassinos por esse ato.

Há momentos em que não há maior ato de amor do que o sacrifício pessoal por um bem maior, comum a todos. Esse sacrifício, que se espera das autoridades governamentais no sentido de reconhecerem seus erros, seus enganos, sua possível inadequação ou incompetência, e partirem para uma total reforma de seus ideais pessoais para que eles possam abrigar os de toda uma população, é provavelmente o que essa carta sugere. O Rio de Janeiro deve ser amado e receber um cuidado, uma dedicação de sua população e de seus governantes tal qual a que se dispensa aos entes mais queridos, onde fazemos qualquer sacrifício, passamos por qualquer provação, enfrentamos todas as dificuldades que se apresentarem, unicamente visando o bem, a segurança, o bem estar, o conforto, a beleza, a sabedoria que pretendemos legar.

A carta da Morte nos fala no fim de um martírio, no acabar de uma situação e em um novo começo. Não é uma carta que se refere à morte física, mas daquilo que já está muito velho, necessitando ser podado, para que a seiva possa correr fartamente e alimentar uma nova vida. É uma carta que contém em si mesmo uma esperança. Ainda que, enquanto a vivenciando, possamos sentir (seu elemento é Água = sensibilidade) seus efeitos de uma maneira às vezes desconfortáveis, ela é seguida da Esperança.

Saibamos então que se lançarmos um verdadeiro, crítico e amoroso olhar sobre a cidade do Rio de Janeiro, estaremos contribuindo com o seu rejuvenescimento, com o fim daquilo tudo que a enfeia, que a martiriza, que esgota os seus potenciais. É preciso amá-la e dela cuidar com esmero, cuidando de suas feridas, eliminando seus males, aliviando o seu espírito, permitindo que renasça para tempos muito mais felizes.    

Salve São Sebastião! Salve Oxóssi!

Imagens das Cartas; TAROT OF THE SAINTS, por Robert. M. Place

Carta do Dia: A SACERDOTISA

 02-Major-Priestessdore      Estive vendo, há algumas semanas, que foi editado mais um romance escrito por Donna Woolfolk sobre a Papisa Joana, uma figura que a Igreja insiste em dizer que nunca existiu. Muito resumidamente conta a estória de uma mulher que, através de uma sucessão de fatos, acaba por ascender ao posto máximo da Igreja Católica e que, tendo dado à luz durante uma procissão religiosa, tem seu segredo revelado.  Tendo a sua existência sido real ou fictícia não é o mais significativo, mas sim a importância que ainda sentimos em colocarmos o feminino nas mesmas condições de igualdade que os homens ocupam dentro das religiões e o medo ou desconforto que esse assunto provoca em determinados grupos ou pessoas.

     O advento da sociedade patriarcal e, consequentemente, das religiões onde a figura máxima era masculina, sempre representada por um homem idoso, barbado, sábio e bastante impositivo, procurou eliminar a figura até então reinante da mulher como detentora dos Mistérios. E entenda-se Mistérios como as experiências exotéricas interiores que vivenciamos em nossas vidas. A Deusa-Mãe foi substituida pela figura de Deus-Pai, o protetor e, se pararmos um instante para pensar, as mulheres ocupam, na maioria dos casos, papéis coadjuvantes, como exemplos ou de pecado, de vício, de arrependimento ou de virtude, dentro dos textos considerados sagrados.

   popejoan   De vez em quando algo acontece que vem mexer novamente com a imaginação das pessoas e revolver um pouco da história. Casos como desse lançamento editorial sobre  esta suposta (?) papisa ou o famoso debate que o best-seller de Dan Brown, “O Código DaVinci”, estabeleceu ao resgatar as considerações gnósticas sobre o verdadeiro papel da Maria Magdalena dentro das Escrituras e da vida real como companheira e o mais iluminado apóstolo de Jesus, sendo a mais capaz e provavel continuadora.

     Maria Madalena é apresentada como uma prostituta que arrependeu-se de sua vida pregressa, teve 7 demônios (os 7 planetas pela qual a alma passa, adquirindo suas características, para reencarnar) expulsos de seu corpo por Cristo, passou a seguir Jesus e seus discípulos tomando conta das suas necessidades práticas. De acordo com o Evangelho de S. João ela foi a primeira pessoa a ver o Cristo Ressuscitado, o que é contradito no Evangelho de S. Lucas, quando Pedro é o primeiro a encontrar Jesus e proclamar a mensagem da sua ressureição, tornando-se, assim, o primeiro Papa da sua Igreja. Apoia-se nessa versão a justificativa da sua autoridade papal.

     A Sacerdotisa, o arcano número 2 do tarot, é um símbolo daquilo que essas duas figuras representam: um bem guardado segredo, um conhecimento profundo, a intuição, a memória, aquilo que não pode ser falado, a necessidade de se enxergar abaixo das aparências, paciência, fidelidade, devoção, crença, pureza,  a inibição, o esconder o jogo, negócios ou planos realizados na surdina, burocracia, ser serviçal, escapismo, e muito mais. Ela é representada pela Lua, com a alternância de suas fases, com seu aspecto de cavernosa escuridão, de refletir a luz, e também pela romã, que simboliza a chave para o que há de mais guardado ou escondido dentro de nós.

Quando a Sacerdotisa aparece, como na manhã de hoje, numa leitura de tarot, pode ser um indício de que sua imaginação possa estar entre os mais importantes portais para ajudá-lo a conquistar tudo aquilo que você tem desejado trazer para a sua realidade.

     Se você tem achado difícil focar sua atenção para viver integralmente o momento presente, este arcano pode estar aí para lhe sugerir que canalize sua atenção através de algo criativo como escrever, desenhar, pintar, esculpir, dançar, cantar, etc, metamorfoseando em realidade aquilo que antes só havia em sua imaginação.

     Por outro lado, se você tem deixado de prestar atenção aos seus sonhos, às suas intuições, aos seus momentos de devaneio e de solidão, necessitando sempre estar cercada de pessoas que lhe entretenham e obedeçam às suas ordens, a Sacerdotisa pode estar aí, então, para sugerir que abandone a sua necessidade de controlar a tudo e a todos e a usar a sua própria imaginação para ajudá-la a olhar-se além das suas auto-impostas limitações, permitindo-lhe mergulhar no mais verdadeiro dos seus potenciais e aprender a usá-los de forma colaborativa, em grupo.

     Se considerarmos algumas das suas características básicas, aquelas mais conhecidas e aplicadas, podemos por extensão dizer que não é uma carta favorável a romance ou paixão, pois pelo menos uma das partes pode estar querendo ou necessitando de um tempo só para si, ou então não está preparada ou interessada em assumir nenhum tipo de compromisso.

     Como mensagem do dia a Sacerdotisa pode estar a nos sugerir a prática de alguns minutos de meditação, um passeio solitário onde possa apreciar a natureza, a visita a uma galeria ou museu, algum tempo em oração em uma igreja, templo ou santuário, a leitura de um livro que aborde temas como religião, auto-conhecimento, esoterismo, etc. Sobretudo ela nos ensina que devemos sentir a vida ao invés de reduzi-la a fórmulas simplesmente racionais. Lembre-se que ela é a guardiã da nossa razão de ser, dos nossos propósitos neste plano de existência e do padrão com que viveremos o nosso destino.

     Tenha um excelente dia!

Ilustração: GUSTAVE DORÉ BIBLICAL TAROT
Video: Cenas do filme “Papa Joana”, de 2009, baseado no romance homônimo de Donna Woolfolk.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Carta do Dia: 2 DE ESPADAS

   37-Minor-Swords-02artistinnervision   A Paz, como a saúde, muitas vezes só é percebida e valorizada quando a perdemos e a perdemos por não sermos autênticos ou fiéis às nossas verdades e princípios, respeitando a nós mesmos e aos outros, sendo imparciais no julgamento das situações em que estamos envolvidos ou que somos chamados a auxiliar. Por paradoxal que possa parecer, a Paz é conquistada (ou reconquistada) através de batalhas. Algo tão sonhado e ambicionado por todos, que representa o mais perfeito equilíbrio, a harmonia absoluta, a total empatia acaba sendo experimentada e  obtida através de lutas, acordos, momentos de trégua, conflitos, indecisões, debates, reconhecimento de  bloqueios, estratégias.

     Quando o 2 de Espadas surge numa leitura de tarot, sempre dependendo da sua posição no jogo e das cartas que o cercam, pode significar que estamos vivendo um momento de equilíbrio que é precário, construído através da nossa recusa de encararmos de frente e com os olhos bem abertos um problema, uma situação. Pode ser algo que nos incomoda mas que, por medo de perdermos nosso status, ou mesmo por comodismo, ou por querermos continuar a fingir para o mundo e para nós mesmos que está tudo bem, evitamos enfrentar e buscar uma solução. A carta acaba sendo um alerta de que, com nossa interferência direta ou não, esse conflito irá acontecer, mais cedo ou mais tarde e ficar colocando “panos quentes” só protela o que já está explodindo.

     Estar em paz consigo mesmo é viver as suas verdades, de forma racional, emocional e intuitivamente equilibradas. É ter opiniões justas, pensadas, adotando-as e expressando-as, porém sempre com flexibilidade de análise para revê-las e repensa-las sempre que se fizer necessário e, também, respeitar as dos outros. É adaptar-se às circunstâncias do momento sem deixar de ser fiel a si próprio, não fazendo acordos, tratados e concessões que lhe roubem a dignidade, a autoconfiança, sua integridade e individualidade. Lembre-se que quando 2 mentes se unem para , num diálogo ou debate pacífico em torno de um problema ou situação, a verdade certamente irá aflorar e uma sábia solução poderá ser encontrada.

     Às vezes o 2 de Espadas nos faz compreender que fizemos, no intuito de evitar o desencadear de um conflito, compromissos que foram aceitos temporáriamente e que irão bastar por enquanto. Entretanto uma solução que funcione a longo prazo, uma decisão mais durável poderá ser necessária e é possível de ser encontrada. Conciliar nem sempre é a solução, entretanto enquanto se busca uma definitiva, ser tolerante em relação às idéias alheias, usando sempre de sabedoria e compreensão, sendo objetivo e obtendo uma estabilidade mental através do uso do intelecto em conformidade com o coração, são condições básicas para a obtenção de resultados realistas, sólidos e eficazes.

     O 2 de Espadas também é interpretado como uma discussão, impasse, um beco sem saída, paradoxo, interrogatório, busca de sabedoria, sérios problemas de relacionamento, divórcio, dúvida, o trabalho em áreas da justiça, da diplomacia, acordos comerciais ou políticos, o desempenho de sindicatos, fazer as pazes.

     Pois é, fazer as pazes consigo mesmo. Reconciliar-se. Saber ser justo com sua própria pessoa, buscando e avaliando suas verdade interiores. Harmonizando-se e também com as pessoas e o ambiente que o cerca. Às vezes parece tão utópico, não é mesmo? Porém vale tentar. Lembre-se que a verdade pode, como uma espada, muitas vezes ferir, mas ela é libertadora.

     Vivencie as energias deste arcano, neste dia, tomando compromissos a sério, fazendo acordos que não sejam meros remendos, encarando os fatos com equilíbrio, imparcialidade, compreensão mas objetivamente. Reavalie conflitos, esteja aberto ao diálogo, tenha clareza e flexibilidade mental, e faça as pazes com o mundo. O Universo certamente lhe agradece.

     Tenha um excelente dia!

Imagem: ARTIST’S INNER VISION