quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Carta do Dia: A SACERDOTISA

 02-Major-Priestessdore      Estive vendo, há algumas semanas, que foi editado mais um romance escrito por Donna Woolfolk sobre a Papisa Joana, uma figura que a Igreja insiste em dizer que nunca existiu. Muito resumidamente conta a estória de uma mulher que, através de uma sucessão de fatos, acaba por ascender ao posto máximo da Igreja Católica e que, tendo dado à luz durante uma procissão religiosa, tem seu segredo revelado.  Tendo a sua existência sido real ou fictícia não é o mais significativo, mas sim a importância que ainda sentimos em colocarmos o feminino nas mesmas condições de igualdade que os homens ocupam dentro das religiões e o medo ou desconforto que esse assunto provoca em determinados grupos ou pessoas.

     O advento da sociedade patriarcal e, consequentemente, das religiões onde a figura máxima era masculina, sempre representada por um homem idoso, barbado, sábio e bastante impositivo, procurou eliminar a figura até então reinante da mulher como detentora dos Mistérios. E entenda-se Mistérios como as experiências exotéricas interiores que vivenciamos em nossas vidas. A Deusa-Mãe foi substituida pela figura de Deus-Pai, o protetor e, se pararmos um instante para pensar, as mulheres ocupam, na maioria dos casos, papéis coadjuvantes, como exemplos ou de pecado, de vício, de arrependimento ou de virtude, dentro dos textos considerados sagrados.

   popejoan   De vez em quando algo acontece que vem mexer novamente com a imaginação das pessoas e revolver um pouco da história. Casos como desse lançamento editorial sobre  esta suposta (?) papisa ou o famoso debate que o best-seller de Dan Brown, “O Código DaVinci”, estabeleceu ao resgatar as considerações gnósticas sobre o verdadeiro papel da Maria Magdalena dentro das Escrituras e da vida real como companheira e o mais iluminado apóstolo de Jesus, sendo a mais capaz e provavel continuadora.

     Maria Madalena é apresentada como uma prostituta que arrependeu-se de sua vida pregressa, teve 7 demônios (os 7 planetas pela qual a alma passa, adquirindo suas características, para reencarnar) expulsos de seu corpo por Cristo, passou a seguir Jesus e seus discípulos tomando conta das suas necessidades práticas. De acordo com o Evangelho de S. João ela foi a primeira pessoa a ver o Cristo Ressuscitado, o que é contradito no Evangelho de S. Lucas, quando Pedro é o primeiro a encontrar Jesus e proclamar a mensagem da sua ressureição, tornando-se, assim, o primeiro Papa da sua Igreja. Apoia-se nessa versão a justificativa da sua autoridade papal.

     A Sacerdotisa, o arcano número 2 do tarot, é um símbolo daquilo que essas duas figuras representam: um bem guardado segredo, um conhecimento profundo, a intuição, a memória, aquilo que não pode ser falado, a necessidade de se enxergar abaixo das aparências, paciência, fidelidade, devoção, crença, pureza,  a inibição, o esconder o jogo, negócios ou planos realizados na surdina, burocracia, ser serviçal, escapismo, e muito mais. Ela é representada pela Lua, com a alternância de suas fases, com seu aspecto de cavernosa escuridão, de refletir a luz, e também pela romã, que simboliza a chave para o que há de mais guardado ou escondido dentro de nós.

Quando a Sacerdotisa aparece, como na manhã de hoje, numa leitura de tarot, pode ser um indício de que sua imaginação possa estar entre os mais importantes portais para ajudá-lo a conquistar tudo aquilo que você tem desejado trazer para a sua realidade.

     Se você tem achado difícil focar sua atenção para viver integralmente o momento presente, este arcano pode estar aí para lhe sugerir que canalize sua atenção através de algo criativo como escrever, desenhar, pintar, esculpir, dançar, cantar, etc, metamorfoseando em realidade aquilo que antes só havia em sua imaginação.

     Por outro lado, se você tem deixado de prestar atenção aos seus sonhos, às suas intuições, aos seus momentos de devaneio e de solidão, necessitando sempre estar cercada de pessoas que lhe entretenham e obedeçam às suas ordens, a Sacerdotisa pode estar aí, então, para sugerir que abandone a sua necessidade de controlar a tudo e a todos e a usar a sua própria imaginação para ajudá-la a olhar-se além das suas auto-impostas limitações, permitindo-lhe mergulhar no mais verdadeiro dos seus potenciais e aprender a usá-los de forma colaborativa, em grupo.

     Se considerarmos algumas das suas características básicas, aquelas mais conhecidas e aplicadas, podemos por extensão dizer que não é uma carta favorável a romance ou paixão, pois pelo menos uma das partes pode estar querendo ou necessitando de um tempo só para si, ou então não está preparada ou interessada em assumir nenhum tipo de compromisso.

     Como mensagem do dia a Sacerdotisa pode estar a nos sugerir a prática de alguns minutos de meditação, um passeio solitário onde possa apreciar a natureza, a visita a uma galeria ou museu, algum tempo em oração em uma igreja, templo ou santuário, a leitura de um livro que aborde temas como religião, auto-conhecimento, esoterismo, etc. Sobretudo ela nos ensina que devemos sentir a vida ao invés de reduzi-la a fórmulas simplesmente racionais. Lembre-se que ela é a guardiã da nossa razão de ser, dos nossos propósitos neste plano de existência e do padrão com que viveremos o nosso destino.

     Tenha um excelente dia!

Ilustração: GUSTAVE DORÉ BIBLICAL TAROT
Video: Cenas do filme “Papa Joana”, de 2009, baseado no romance homônimo de Donna Woolfolk.

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