domingo, 17 de janeiro de 2010

Carta do Dia: O HIEROFANTE

“Nada posso lhe dar que não exista em você. Não posso lhe abrir um mundo além daquele que existe na sua própria alma. Nada posso lhe dar senão a oportunidade, o impulso, a chave. Eu ajudarei você a tornar visível seu próprio mundo, e isso é tudo”.  Hermann Hesse

 05-Major-Hierophant     A semana passada foi ocupada com a organização de um calendário de cursos, palestras e seminários, para o primeiro semestre, num espaço holístico onde presto assistência. Meu trabalho baseia-se em conversar com os profissionais de diversas áreas, para saber do conteúdo programático que irá ser a base de suas aulas, além de outros detalhes como duração, horário, fornecimento de material de apoio e complementar, custos, valores, etc Enfim, foi uma semana muito rica, para mim, pois conheci novos profissionais, ouvi deles um pouco de suas histórias, seus trajetos, suas buscas e, como não poderia deixar de ser, suas dificuldades. O ser humano ali à minha frente e o mestre (professor, facilitador, orientador _ usem a expressão que preferirem) parecia, por vezes, revelar uma distância enorme entre a pessoa e o orientador, numa total dicotomia entre a sua vivência, a sua própria experiência, suas reações e expectativas e aquilo que demonstrava saber e estava ali para transmitir.

     Quando o Hierofante surgiu como Carta do Dia nesta bela manhã de domingo (aliás, essa mesma carta havia saído há uma semana, no sábado dia 9) eu a tomei como uma mensagem bastante direcionada do Universo para mim no sentido em que eu também estive, durante toda a semana que findou, projetando minhas próprias ansiedades, expectativas, lacunas, dúvidas e dificuldades naquelas pessoas com quem tive o experiência de conhecer, conviver e trabalhar junto.

     Conservo, ainda, algo de muito infantil quanto à figura de professores, conselheiros, gurus, mestres espirituais, representantes de religiões ou seitas. Algo como uma reverência por um conhecimento que eu imagino que possuam e do qual nunca me conseguirei absorver integramente a sua verdade. É um sentimento de respeito, de curiosidade, de um certo fascínio e, algumas vezes, até de temor. De uma maneira extremamente primária, parece-me às vezes acreditar que eles sejam serem distantes deste mundo, com um contato direto com uma divindade exterior que os utiliza como embaixadores de suas cortes celestiais. Evidentemente, estou racionalmente consciente de que não é absolutamente nada disso.

     A busca de um caminho espiritual é algo comum a todas as pessoas e presente em todas as épocas da nossa vida, inclusive transcendendo a todas as formas de religião através das quais efetuamos a nossa busca.  Essa procura por um sentido de existirmos, uma resposta que satisfaça os nossos questionamentos pode ocorrer em intensidades e épocas diversas e, não podemos descartar o fato de que muitas vezes nos lançamos nessa busca quando nos sentimos mais fragilizados emocional ou economicamente. Nesse caminho o encontro com pessoas que surgem como gurus,  mestres, orientadores, sacerdotes, pastores, pais de santo, presidentes e conselheiros de ordens e seitas, acaba sendo inevitável e o que me parece mais difícil e mantermos a consciência de que eles nada ensinam, pois tudo o que precisamos saber sempre esteve presente dentro de nós. Não há uma verdade que possa ser transmitida por eles que já não viva no mais profundo de nossos seres. Nós somos nossa própria fonte e suprimento de conhecimento e a função do bom instrutor, mestre, professor, guru, é a de estimular-nos a atingir essa essência, esse ponto que poderíamos chamar de espaço sagrado, dentro de nós. Nesse sentido, sim, eles são embaixadores da divindade que existe em cada um de nós e a nossa mente desperta. Como iremos realizar esse encontro, através de quais caminhos, usando de que instrumentos e rituais, vai depender do nosso estágio evolutivo e das pessoas que escolhermos, através dos diversos ciclos de nossa existência, para nos auxiliar nesse reconhecimento.

     Acredito que só nos aproximamos da nossa paz interior, do nosso “centro”, quando recuperamos algo que nos foi, através dos séculos, tirado: a certeza de que somos seres divinos e que a nossa verdadeira essência é divina. O homem sempre encontrou formas de manipular o semelhante fazendo-o acreditar que Deus (ou a idéia que cada um faz da divindade) habita fora de nós, seja no céu, seja nos templos e que portanto devemos realizar essa peregrinação em busca do nosso Criador através das instituições, normas, regras e recursos que se institucionalizaram durante a evolução da nossa espécie e que, em determinadas épocas, serviram como únicos códigos éticos, morais e legais disponíveis.

     Quando o Hierofante aparece numa tiragem de tarot, entre as muitas possibilidades, e sempre dependendo das cartas que lhe são próximas, da questão formulada e da sua posição no esquema de disposição escolhido, ele pode representar ensinamento, explicação, conselho, organizações estabelecidas, grupos e associações, sistema de crenças, religiões, devoção, tradição, revelação, intermediação. Pode também estar a lhe dizer que você está se recusando a desapegar-se do passado e seguir em frente, ou lutando contra restrições que pessoas ou instituições que estão impondo e até mesmo que poderá haver  um encontro com um  mentor espiritual.

     Se a Carta do Dia lida no primeiro dia da semana estiver a indicar a energia que regerá os próximos 7 dias, podemos pensar que este arcano nos avisa que intensificaremos o nosso devotamento ao crescimento espiritual, tendo fé no divino, no espírito e no processo usado para nossa busca interior. Que nessa nossa devoção iremos nos aperceber que a revelação (hier phaine, em hebraico) do que é sagrado, é o elo entre a nossa experiência exterior e nossa iluminação interior.

     O Hierofante sabe que ensinar é, antes de mais nada, aprender.

     Tenha uma ótima semana!

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