Pensando em como abordar alguns aspectos, um pouco da “personalidade” da Carta do Dia, tomei meu café olhando esse céu absolutamente azul e que promete mais um dia de calor absurdo. Na livre associação de idéias e imagens, entre um gole e outro de café, lembrei-me de uma grande e querida amiga que hoje mora na Europa. Foi o que bastou para que o Mago, dentro de mim, aflorasse com um texto pronto para este Blog.
Maria Luiza (vamos chamá-la assim) sempre foi batalhadora. Filha de boa família, era meio ovelha negra pois seus interesses sempre conflitaram com os sonhos que seus pais alimentavam para ela: colégio de freiras, curso de piano, debutar no Country Club, apaixonar-se pelo filho de algum bem estabilizado amigo, casar-se, ter filhos e fechar o livro crente de ter vivido feliz, sempre, e para sempre.
Coitados…
Maria Luiza era a mais rebelde do colégio, aluna brilhante sem nunca ter dado a impressão de estudar. Copiava dos amigos, com algumas alterações, os trabalhos escolares e… voilà! Ela tirava a nota máxima enquanto aquele que havia emprestado o seu material para cópia, na melhor das hipóteses, ganhava um 6, e olhe lá que ainda era possível que ficasse com a fama de ter copiado da criativa colega...
Minha amiga nunca debutou, nunca se interessou pelos promissores pretendentes que a família insistia em lhe apresentar, nunca casou-se de véu, grinalda e vestido assinado mas aprendeu um pouco de música, sim, só o suficiente para tocar guitarra numa banda maluquíssima que ela formou com a “tchurma”.
Como a vida é cheia de caminhos, desvios, abismos, perdi contato com ela por muitos anos até que um dia, no saguão do teatro, vejo aquela figura de cabelos revoltos, repicados e descoloridos, bronzeadíssima a me acenar. Maria Luiza, vivíssima e coloridíssima. Beijos, abraços, afagos e lá vou eu, sequestrado para fora do teatro, da peça que eu queria assistir, pelas mãos que me prometiam estórias mil, muito mais vívidas, hilárias e, provavelmente, edificantes da que eu havia programado ver.
Maria Luiza cansou-se da rotina e há uns 10 anos alugou seu apartamento, vendeu o ponto do brechó que tinha, pediu ao pai um “adiantamento” da herança e foi-se banhar nas águas e na cultura espanhola. Não foi preciso muito tempo para que aquele “dolce far niente”, sustentado pelo dinheirinho guardado na mala, começasse a ficar com cara de pesadelo em gravura de Goya. Hora de procurar emprego. E lá vai minha amiga oferecer o que sabe e pode fazer, frustrando-se a cada tentativa pelas óbvias razões de ser estrangeira, sem visto de permanência, sem possibilidade legal de requerer trabalho. Até que, decidida a “descer do salto”, aceitou uma vaga de faxineira numa boutique transadíssima de Ibiza, frequentada pelo jet set internacional que ainda doura seus corpos naquele arquipélago.
Trabalho árduo, sem charme, desestimulante, mal remunerado e com nenhuma probabilidade de progredir. Mas não, para Maria Luiza, é claro! Aproveitando que o trabalho era noturno e solitário, antes de ir embora, re-arranjava as vitrines da loja, trocando as roupas das manequins, reposicionando-as, acrescentados detalhes e acessórios, mudando peças de cenário e reposicionando as luzes. Não custou muito para que a gerente da loja ficasse enciumada e a proprietária felicíssima com o talento, a criatividade, a ousadia e a habilidade daquela brasileira. Em pouco tempo, Malú era a vitrinista oficial e, abusada que só ela, sugeriu a organização de um desfile na rua em frente à loja, o que atraiu não só a atenção dos turistas, mas da mídia local e o olho muito bem treinado de um famoso costureiro que ali passava férias.
Bem, antes que este texto vire uma biografia não autorizada da minha amiga, hoje ela mora muitíssimo bem em Paris onde é personal assistant de uma das mais famosas casas de alta costura européia (dessas que os nossos camelôs vendem as cópias dos óculos, das bolsas, dos cintos, dos echarpes, dos perfumes, etc), ganhando “rios de dinheiro”, viajando o mundo para absorver tendências e desenvolver idéias para novos produtos, íntima amiga de manequins que a imprensa imortaliza em suas páginas, frequentando as casas, os barcos e os aviões dos clientes, inclusive daqueles da boutique insular onde ela um dia foi faxineira.
Bom, pessoal, acho que mais nada é preciso acrescentar sobre o Mago, a Carta do Dia que saiu na tiragem desta manhã. Qual é a mensagem que ela traz (afinal Mercúrio, o planeta, é o regente desta carta e o patrono das comunicações), o que podemos aprender meditando nela? Tentem: muito trabalho, idéias variadíssimas, inspiração, determinação, disciplina, astúcia, desinibição, vitalidade, ter jogo de cintura, ser flexível frente aos desafios, saber o momento de agarrar as oportunidades, ouvir a própria intuição, ter total controle sobre a própria vida mas sem ficar presa a nada, saber a mágica de transformar velhas situações em algo surpreendentemente novo, saber expressar-se e gostar de comunicar-se, saber negociar e, sobretudo, persuadir.
Há aspectos negativos a serem considerados? Claro que sim: malandragem, mentira, futilidade, manipulação, imaturidade, amoralidade, falsidade, desonestidade, charlatanice, superficialidade, irresponsabilidade, hiperatividade e paranóia. Cuidado, muito cuidado com isso tudo.
Aproveite, então, o dia de hoje para vivenciar o Mago que vive em você, começando a elaborar um novo projeto, pesquisando muito a respeito, sonhando com possibilidades, esperando pelo melhor. Procure ler as mensagens, os sinais enviados pelo Universo em todos os acontecimentos deste dia, especialmente nos mais banais. Esteja atento aos seus pressentimentos, à sua intuição e use o poder da sua vontade, concentrando-se nos seus desejos e contemplando-os, em sua mente, já realizados.
Tenha um excelente, criativo e produtivo dia!
Ilustração: LUNATIC TAROT
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