terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Carta do Dia: O EREMITA

      Passei ma09-Major-Hermit5l à noite com uma séria crise de hipertensão que, pela madrugada, me levou ao hospital para a mesma rotina que já conheço bem.
     Nessas ocasiões em que a gente se apercebe que a vida pode estar sendo vivida “por um fio” (mais uma expressão da minha sábia avó…) o medo nos induz a uma espécie de recolhimento e avaliamos os nossos dias na terra com um olhar mais complacente. Nem tudo foi tão ruim quanto pareceu naquele momento; poderia ter feito mais, ter sido mais, ter buscado mais, ter oferecido mais. Deveria ter tido mais paciência, me estressado menos com coisas que, ali naquela inócua sala hospitalar me pareceram tão sem importância…
     Cheguei há pouco em casa e resolvi, antes de sair para agendar exames e novas consultas, fazer a tiragem da Carta do Dia para este blog e eis o que o Eremita se apresentou como a personificação em papel de tudo aquilo sobre o que eu deveria meditar hoje. Este arcano, em seu aspecto iconográfico bastante vetusto, carrega consigo a experiência que só o tempo acumula e a curiosidade dos exploradores em conhecer a si próprio e daí prosseguir.
     É claro que esse “acerto na mosca”  com que o destino me presenteou logo cedo me faz repensar as palavras do médico de plantão que me atendeu: prudência. Hipertensão é um mal muito mais comum do que se pensa mas que poucos controlam efetivamente exatamente por não terem a necessária prudência em seus hábitos alimentares, no descuido com o bem estar físico, na não obediência às rotineiras visitas ao cardiologista, à recusa em tomar a medicação diária, etc
     Vou aproveitar o repouso forçado de hoje para refletir muito conscientemente nisso tudo que a carta do Eremita nos propõe: um mergulho dentro de nós mesmos, um afastamento de tudo e de todos sem que esse distanciamento seja físico, tudo em busca de um tempo de reflexão de de auto-conhecimento. Procurar compreender melhor as limitações da vida, onde tudo é absolutamente provisório e nada é imutável. Compreender que a paciência e a solidão devem ser aceitas e assimiladas em seus melhores aspectos, sendo as grandes companheiras que temos nessas viagens interiores, em nossa busca de auto-conhecimento.
   Viver o Eremita é permitir-se ser fiel a si mesmo. É saber que toda forma de progresso é obtida através da coragem, prudência,  cautela, reflexão, do planejamento e, sobretudo, da aceitação do nosso lado “sombra”. É não temer enfrentar nossos próprios demonios para que possamos, conhecendo e aceitando nossas fraquezas, nossos aspectos menos evoluidos, diminuirmos o seu potencial e termos perfeito autocontrole e domínio sobre os mesmos.
     Esse acerto de contas pessoais que vivi nas horas em que passei hospitalizado talvez tenham influenciado nos aspectos da interpretação da Carta do Dia de hoje. Provavelmente eu a esteja lendo através da ótica de quem está se questionando motivado pela conscientização de uma situação real e que, confesso, me assusta. Mas certamente o Universo conspirou para que ela caísse em minhas mãos, logo hoje. Certamente há um motivo, uma razão. Vou pegar minha lanterna, meu cajado, envolver-me em meu manto  e aproveitar essa reclusão providencial para aprender um pouco mais de mim, comigo mesmo e na companhia espiritual desse despojado senhor.

Bom dia a todos!
A carta usada na ilustração é do ALCHEMICAL TAROT, de Robert M. Place

2 comentários:

  1. Tenho uma profunda simpatia por esse hermitão, para mim muito querido.

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  2. espero que este "despojado senhor" ilumine com sua lanterninha muitos aprendizados sobre você mesmo.
    E profissionalmente falando, é boa a forma que vc analisa os aspectos do arcano através de acontecimentos cotidianos, porque na verdade o Tarot foi criado a partir da vivência humana mesmo... (eu acredito)
    Abraço.

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