sexta-feira, 1 de maio de 2020

"The Spacious Tarot": unboxing e comentário

          


O THE SPACIOUS TAROT é um deck que muito me agrada pelo fato de suas imagens , as ilustrações de suas lâminas, serem inovadoras, de certa maneira ousadas por nos fazerem um convite explícito a "pensarmos" sob outros ângulos e luzes os possíveis significados dos Arcanos (Maiores e menores) do Tarot.
As prateleiras das lojas físicas e virtuais estão abarrotadas de milhares de decks de Tarot cujas cartas são verdadeiros clones das imagens criadas, no início  do século passado, por Pamela Colman Smith para o deck chamado Rider Waite. Essas imagens são tão icônicas, tão "fortes" e foram tão intensamente reproduzidas, divulgadas, copiadas, ligeiramente alteradas, etc., que, acredito, seja muito difícil para quem se habilita a criar um deck desse sistema não cópia-las, imita-las, reinterpreta-las, ou simplesmente utiliza-las como fonte primária de inspiração.
Carrie Mallon e Annie Ruygt, autoras desse THE SAPACIOUS TAROT também não devem ter se furtado a estudar longamente as figuras criadas por Ms. Coleman Smith mas partiram dessa admirada e reverente observação para criarem ilustrações que, em sua grande maioria, fogem da cópia e do óbvio.
Como estudante, o que mais me agrada num deck de qualquer sistema oracular, é quando suas imagens me são desafiadoras, quando me obrigam a repensar conhecimentos e conceitos e, inclusive, a rever e ampliar o meu "vocabulário" de possíveis definições/interpretações para as cartas.
Este não é, definitivamente, um deck que eu me atreveria a indicar a alguém que se identifica com imagens de fadinhas, bruxinhas, animaizinhos, etc., todos cercados por românticas paisagens ou ambientes. Nem aconselharia como um primeiro, ou segundo deck de Tarot para quem está começando, agora, a navegar por esse sistema. Tarot, em especial, é uma linguagem baseada em imagens, em símbolos, em arquétipos, como queiram. É recomendável que seu aprendizado se utilize de passos, estágios ou, como eu costumo chamar, degraus de sabedoria. Vai-se aprendendo e incorporando esse "alfabeto" visual, descobrindo suas possibilidades, seus significados, encontrando elementos para sua "tradução" com o tempo e, portanto, com a experiência.
E esse processo, quando bem sucedido, é o que nos permite admirar a criação de decks como esse do vídeo, e tantos outros mais que, num primeiro momento, nos parecem herméticos, indecifráveis, "difíceis", sem o (quase sempre) falso glamour das pirotecnias digitais, dos dourados utilizados em excesso, das embalagens elaboradíssimas mas que em absolutamente nada contribuem para uma melhor leitura cartomântica. Pessoalmente, reafirmo, sinto uma constante e crescente necessidade de aprender mais, descobrir mais, ir além, ser convidado a repensar, a refletir melhor, a fugir da mesmice, do "engessamento" de posturas e conceitos decorados mas, nem sempre, aprendidos.
O THE SPACIOUS TAROT, em seus vazios, nas lacunas a serem preenchidas, nos espaços em aberto das suas imagens é um convite para que eu também me afaste do comodismo, da "anestesia" mental que o lugar comum, a obviedade, o "mais do mesmo" acabam provocando e possa reencontrar novos prazeres e alegrias no manuseio e contemplação das cartas.

Deck: THE SPACIOUS TAROT
Autora:   Carrie Mallon
Ilustradora: Annie Ruygt
SiTE;  www.thespacioustarot.com

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