sábado, 5 de junho de 2010

Carta do Dia: 10 DE OUROS

Minor-Discs-10Vaudeville      Levantou-se de um salto. Enquanto ia para o chuveiro, repassou, mentalmente, a agenda do dia. Como sempre, haveria gravação pela manhã, depois uma reunião com um empresário que desejava organizar uma turnê dela pelas mais importantes cidades japonesas, ministrando aulas de culinária típica brasileira. O editor estava esperando o envio do seu 2º livro para revisão e não parava de ligar, pois queria aproveitar para lança-lo na comemoração de 3 anos de seu programa de TV. Havia combinado com a tia e as primas que mandaria o motorista para apanha-las no comecinho da noite, para um jantar especialíssimo que iria fazer, só para a família. A irmã estava dormindo no quarto de hóspedes, recém chegada do interior e ainda entorpecida com as dimensões e a velocidade de tudo que havia visto no trajeto do aeroporto até o seu novo apartamento.

     Tornou a enumerar, enquanto se aprontava, quantas pessoas jantariam. De fora, só a jornalista, ex-patroa e mentora de tudo o que ela havia conseguido na vida. Estava excitadíssima, muito mais do que jamais estivera.  O compromisso marcado na cidade, para o meio da tarde era o mais importante de toda a sua vida.  Nada se igualava à expectativa e à ansiedade que sentia naquele momento. Antes de sair, passou pelo quarto anexo ao seu e olhou o trabalho feito pelo decorador. Estava realmente uma beleza. Parecia um sonho, coisa de revista de decoração, de conto de fadas…

     Nos últimos meses viveu intensamente todo o processo de concretização de seu maior sonho. Foram inúmeras entrevistas com psicólogos, assistentes sociais, juiz, advogado. Dezenas de documentos foram preenchidos e arquivados. Exames médicos solicitados foram feitos. Referências pessoais coletadas e fornecidas. Audiências. Encontros. Reuniões. Mas finalmente o grande dia chegara e nessa tarde, ela iria, finalmente, finalizar o processo de adoção da mais encantadora criança que a escolheu no orfanato. Sim, pois foi aquela menininha, pequenina, franzina, quase raquítica, com olhos enormes a tudo e a todos observando, que apontou-a e sorriu assim que ela entrou no berçário. Foi amor à primeira vista. Ela sabia que a filha que tanto desejava ali estava, esperando por ela. Única sobrevivente entre todos de uma mesma família que pereceu no deslizamento e queda de sua precária moradia na encosta de um morro, na estação da chuva, a criança não tinha ninguém, nem nome, nada. Mas agora, tinha a ela e ambas tinham uma à outra.

     Quando chegou ao estúdio para a gravação, esperavam por ela buquês e mais buquês de flores de todas as cores e espécies. Presentinhos para a “recém chegada” foram entregues às dúzias e uma das secretárias chegou a imprimir e encadernar os milhares de e-mails recebidos das telespectadoras. Ela fez o programa absolutamente emocionada. Agradeceu publicamente a todos e continuou seguindo para os outros compromissos que a aguardavam. À tarde, numa brevíssima cerimônia na Vara da Família, com a presença emocionadíssima de sua irmã mais velha e das testemunhas de praxe, o Juiz conferiu-lhe o Termo de Adoção da pequena Anna Luísa, nome de sua falecida mãe, que também falecera quando ela era criança.

     Já era tarde da noite quando a tia, as primas e a amiga jornalista, e agora comadre pois ira ser a madrinha da sua filha, se retiraram. A irmã, acostumada com a vida no sítio, havia ido deitar mais cedo. Ela apagou as luzes da sala e dos corredores e entrou, na penumbra do quarto, para uma vez mais olhar sua filha. Debruçou-se sobre o bercinho e ajeitou melhor os lindos lençóis bordados com rendas e fitas. Mais uma vez a emoção tomava conta dela e deixou que as lágrimas corressem livremente pelo seu rosto. Era feliz. Era feliz por ter realizado todos os seus sonhos. Era feliz por sempre ter feito o que sabia e amava fazer. Era feliz por saber-se uma excelente profissional. E agora, mais do que nunca, essa felicidade se completava ao ver, dormindo, aquela criancinha a quem ela iria amar com toda a intensidade, retribuindo o amor que havia recebido de todos, sem distinção, em todos os momentos da sua vida. Iria estender, àquela criaturinha, todas as oportunidades que tivera na vida para crescer, conhecer-se como ser humano, sentir-se útil, saber que havia colaborado para que os seus semelhantes vivessem melhor. Claro que Anna Luísa teria a sua própria vida, suas prioridades, suas necessidades, sua personalidade, mas ela estaria sempre ao seu lado para ensina-la, caso precisasse, a ouvir a voz do seu coração e seguir os seus sonhos.

     Deitou-se, apagou o abajur e agradeceu por aquele dia e por todos os outros da sua vida. Adormeceu agradecendo pela filha que o Universo a ajudara a encontrar. Começou a sonhar com a mãe, que lhe sorria e lhe entregava Anna Luísa, que carregava nos braços. Ela abraçava a mãe e a menina, num abraço longo, suave, carinhoso… e… acordara imediatamente ao ouvir o choro da sua filhinha reclamando atenção. Sentiu-se mãe, feliz em poder estar ali, presente às necessidades da sua cria. Levantou-se e num segundo estava ao lado do bercinho.

     A vida não poderia ser melhor!

     Quando um 10 de Ouros surge numa leitura de tarot, dependendo sempre da sua localização entre as demais cartas do tabuleiro e da questão proposta pelo Consultante, pode significar que a riqueza de possuir família, amigos e os entes queridos próximos a si, fazem o Consultante sentir-se feliz e pleno. Uma celebração de volta ao lar. Sentir-se rei no castelo que construiu com suas próprias mãos. Uma possível herança pode estar a caminho. Amar e proteger a família. Ter construído em bases sólidas. Conscientizar-se de que a sua vida é cheia de riquezas e tesouros vários. Aceitar e retribuir a bondade e o amor. No fato do Consultante mostrar-se para os outros como ele realmente é, ele acrescenta riquezas e sucesso à sua pessoa. Uma boa vida, com saúde e segurança. Solidez nos negócios. A materialização das esperanças e desejos do Consultante.

     Numa posição menos favorecida, de obstáculo, o 10 de Ouros pode significar que o potencial merecido de coisas boas ainda não se revelou para o Consultante. Um outro significado dessa carta é que a fortuna, o conforto, o bem estar, a saúde, a riqueza material e a segurança estão lá, à disposição, mas o Consultante não se apercebe desse fato ou não lhes aprecia ou reconhece o valor. Muita atenção ou expectativa foram direcionadas aos aspectos exteriores das coisas, dos fatos ou das situações, sem uma dimensão interior, uma consciência da Fonte que nos abastece, aquilo que dá sentido e significado à palavra “Abundância”.

     Neste sábado, dia da semana sob a regência do sábio, disciplinador e consolidador Saturno, com a Lua Minguante em Peixes e o representante astrológico da nossa Carta do Dia, Mercúrio transitando em Virgem, devemos evitar sermos muito críticos ou excessivamente exigentes e cooperar mais, ajudar mais, nos envolvermos mais, enfim, com as nossas relações, desde que isso não interfira de forma alguma nas escolhas individuais de ninguém. Use seus dons pessoais para contribuir com que toda pessoa que cruzar seu caminho possa seguir o dela, de forma individual, com alegria e realização. Assim procedendo, uma verdadeira benção, em forma de boas intenções compartilhadas, irá se estabelecer e desenvolver-se entre todos nós.

     Tenham todos um excelente e renovador final de semana!

Em Julho:
 CURSO DE TAROT: ARCANOS MENORES
Duração: 16 aulas (4 meses) / Turmas às Terças e Sábados
Local: JARDIM DOS SENTIDOS – ESPAÇO HOLÍSTICO & LIVRARIA
 (R. Barão de Ipanema, 94  Loja 103, em Copacabana – Rio de Janeiro)
Pré-Requisito: conhecimento básico dos 22 Arcanos Maiores
Informações: (21) 2547-8939  e contato@jardimdossentidos.com.br
Imagem: VAUDEVILLE TAROT, por F.J. Campos

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