domingo, 7 de fevereiro de 2016

A Folia dos Arcanos Maiores: (VI - ENAMORADO)

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_”Quando a gente se conheceu eu era nova, muito bonita, né. Pelo menos é o que pessoal lá da comunidade falava. Tinha sido escolhida pra ser porta-bandeira da escola e estava feliz da vida. Muito mesmo... E quando eu fui pro ensaio, quem estava lá no terreiro pra ser meu par era ele. Lembra, amor? Lembra? To falando aqui pro moço da revista que a gente se conheceu faz muito tempo... O senhor desculpa, viu, mas ele tá ficando surdo, tem vez que não escuta nadinha! Se foi amor à primeira vista? Hi... da minha parte foi sim, mas não sei dele com certeza não... Todas as moças queriam dançar com ele. Ele era mestre-sala, dançava muito bem. Era bonitão, também. Tinha uma penca de mulheres atrás dele. Mas... eu dei sorte, né... Tamos juntos há mais de 50 anos. Hoje em dia não tem mais disso não, não é mesmo? A gente dançou juntos muitos anos. Era um par muito bonito. Ganhamos muitos prêmios. Todo mundo gostava da gente, de ver a gente dançar. Ele, de mestre-sala, rodopiando em volta de mim, a porta-bandeira. Foi um tempo muito lindo mesmo. Acabamos casando, tendo filhos e agora já estou no meu terceiro bisneto. Bacana, né? Hoje em dia? Bem, agora eu saio só na ala das baianas. É também muito lindo, né... Ele vai na ala da diretoria, mas tá reclamando muito que anda ficando cansado. Disse que este ano é o último, mas eu não acredito. A gente, se Deus quiser, vai continuar dançando enquanto Deus permitir. Eu não quero que ele pare não. Se ele parar eu acho que eu também paro, e eu não queria parar. Não agora. Queria que a gente continuasse sempre juntos, né? Dançando prá sempre e que a avenida não terminasse nunca... “ _ gravado por um repórter enquanto colhia material para uma matéria sobre antigos passistas, mestres-sala e porta-bandeiras de carnaval

 
Este texto foi criado em 2011 para ser postado durante os dias de Carnaval.
É apenas um exercício associativo entre os 22 Arcanos Maiores do Tarot e personagens fictícios, sempre relacionados à festa de Momo.
Na ocasião em que foram publicados pela primeira vez havia um subtítulo: "O que se ouviu durante o Carnaval", pois o exercício compreendia criar um "monólogo" para cada personagem de tal forma que, através da sua fala, pudesse ser identificado não apenas o Arcano Maior que havia inspirado a sua criação, mas algumas das possíveis características, ou interpretações, desse mesmo Arcano.

(As imagens utilizadas foram retiradas da internet e tem motivo unicamente ilustrativo, em nada comprometendo ou relacionando o texto com  a conduta ou personalidade da pessoa retratada)
 





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