_"Minha mãe mesmo me disse: Filha, só pode ser trabalho feito. Só pode ser inveja das grandes! E é verdade, querida, só pode ser isso. Outra coisa não explica o que me aconteceu. Você imagina que na hora de sair para a concentração eu peguei o elevador e o infeliz parou no meio do caminho? Pode uma coisa dessas? Eu, minha mãe e meu maquiador esmurrávamos e gritávamos a plenos pulmões por socorro, mas quem disse que o povo ouvia? Todo mundo naquele prédio é velho e, os que não estavam viajando ou dormindo, estavam com o som da TV alto... Um horror, um verdadeiro horror! Levou o maior tempão até que o porteiro percebeu que o elevador tava lá, entalado, sei lá em que andar. E daí? Carnaval, noite, todo mundo na farra... você acha que alguém da manutenção pode ser encontrado numa ocasião dessas? Imagine! Nem em sonho!... Uma loucura. Eu só não enlouqueci porque não era a minha vez. Quando os bombeiros chegaram já era tarde demais. Até eles conseguirem abrir a porta e nos retirar já não tinha mais jeito... Mas isso só acontece mesmo comigo, sabe? Eu não tenho sorte mesmo, mes-mo! Digo e repito: sou uma azarada! Sou! Minha mãe não gosta que eu fale assim, mas é verdade... eu nasci azarada. Sou vítima desse destino cruel que me deixa chegar tão perto dos meus objetivos e daí, só pra me desmoralizar, puxa o meu tapete. É isso aí. Veja você, logo agora que eu ia ter a minha grande chance, destaque principal do carro alegórico de uma escola tri-campeã, me acontecer isso na hora do desfile? Um carro lindo, deslumbrante... A chance de aparecer em todas as revistas, na TV... de vir a ser chamada para participar do BBB... Agora me diz, querida, é ou não é trabalho feito? É ou não é coisa mandada? Sou ou não sou azarada? Não é pra eu me sentir assim... com essa imensa dó de mim?" _ choramingado, numa coletiva para a imprensa, convocada pela própria ex-futuro-destaque de escola de samba, em que só compareceu uma estagiária do jornal
Este texto foi criado em 2011 para ser postado durante os dias de Carnaval.
É apenas um exercício associativo entre os 22 Arcanos Maiores do Tarot e personagens fictícios, sempre relacionados à festa de Momo.
Na ocasião em que foram publicados pela primeira vez havia um subtítulo: "O que se ouviu durante o Carnaval", pois o exercício compreendia criar um "monólogo" para cada personagem de tal forma que, através da sua fala, pudesse ser identificado não apenas o Arcano Maior que havia inspirado a sua criação, mas algumas das possíveis características, ou interpretações, desse mesmo Arcano.
(As imagens utilizadas foram retiradas da internet e tem motivo unicamente ilustrativo, em nada comprometendo ou relacionando o texto com a conduta ou personalidade da pessoa retratada)
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