terça-feira, 26 de julho de 2011

CRUZ




CRUZ

Quando mudei para o apartamento onde hoje moro, residia no mesmo edifício um rapaz que aparentava estar muito doente. Encontrava-o esporadicamente no elevador, debilitado, curvado sob o peso de uma carga insustentável e com o olhar triste e vago das pessoas desesperançadas.

Fiquei sabendo, nas semanas seguintes, que, muito provavelmente pelo estigma da doença da qual era portador, ele havia sido rejeitado pela família, despedido do emprego e, não podendo mais arcar com as despesas de aluguel e condomínio, tivera de deixar o edifício. Encontrei-o umas poucas vezes nos últimos 9 ou 10 anos e sua aparência parecia haver se deteriorado ainda mais, como se isso fosse possível. Vivia da ajuda de organizações assistenciais e, praticamente, mendigava.

Hoje pela manhã, ao sair, vi-o novamente, entrando pela portaria do edifício, forte, com uma ótima aparência, um grande sorriso, carregando umas poucas sacolas e caixas. Voltou para morar aqui. Recuperado, exalava confiança e energia. O tratamento, seja qual foi, surtiu efeito. Voltou a trabalhar e seu calvário parece terminado. Hora de aposentar a Cruz. Que a triste experiência vivida nesses longos anos lhe tragam a sabedoria para viver os próximos, com alegria e agradecimento, esperança e fé.

Alex Tarólogo
www.elementosdotarot.com.br

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