sábado, 13 de fevereiro de 2010

Carta do Dia: 7 DE ESPADAS

    fairy7_sw260 Se fizermos um retrospecto da semana, veremos que esta é a 5ª carta do naipe de Espadas, cujo elemento é o Ar (pensamento, mente, informação, ideais, auto-expressão) que surge em 7 dias. Temos enfatizado, nos últimos dias, os nossos processos mentais e, baseado nas tiragens dos dias anteriores, sempre de maneira bastante tensa.

     O Carnaval está aí e com ele chega uma sensação de certa libertação interior, de abandono da verdadeira persona e, como nos primórdios das origens dessa festa, uma inversão de valores hierárquicos e de identidades, onde ricos se vestem de mendigos, pobres de imperadores, homens de mulheres e sábios de palhaços. Por ser uma festa de antecedentes religiosos bastante ecléticos, de preparação para um período de jejum e meditação, de restrições auto-impostas e interiorização (uma coisa bem Eremita), o Carnaval pretende ser um “é hoje só”, onde o vale-tudo, a total entrega à sensualidade é uma exaltada festa de despedida e de preparo para um novo ciclo.

     E como é que isso se relaciona com o 7 de Espadas, a carta deste sábado? Bom, o que não faltam é possibilidades de interpretação desse arcano menor, mas como daqui de onde escrevo, apesar de ainda ser bastante cedo, já se ouvem os tamborins e pessoas fantasiadas seguindo para os blocos colorem as calçadas ensolaradas, prometendo mais um dia de calor infernal. Bem apropriado o ambiente do calor, não é mesmo? Afinal, o Diabo, o Príncipe dos Sentidos, o Imperador do Materialismo, o Rei de todos os Vícios é o grande anfitrião dessa festa. Basta olharmos nas capas dos jornais para vermos fotos das suas representantes, as “diabinhas de plantão”, como a imprensa gosta, ano após ano, de se referir a essas fogosas figuras.

     O 7 de Espadas é uma carta de subterfúgio, de engano, de malícia, de comportamento escuso, de agir pelas sombras, na calada da noite, de pretender ser o que não se é. Simboliza a mentira, o engano proposital, os estratagemas, o enganar a si mesmo, a trair a confiança alheia, o tapear, o iludir, o enganar. E o que são as fantasias, as maquiagens, os adereços, as máscaras, do que um reflexo do que somos verdadeiramente e que mantemos, muitas vezes, escondido durante a maior parte do tempo? Quantas vezes, no mundo corporativo, vestimos a necessária fantasia de pessoas sérias, de negócios, confiáveis e habilidosas para galgarmos degraus mais altos, conseguirmos obter proveitos, roubarmos idéias alheias e vendê-las como nossas? Mudam-se as ocasiões e os locais, trocam-se as fantasias, mas os interesses e as atitudes são os mesmos.

     Quando na avenida entra um majestoso carro alegórico, daquele de muitos andares, com gente às pencas, mais ou menos despidas, mas sempre com muito espelho (no lugar de brilho próprio) lantejoulas e pedrarias (no lugar de riquezas pessoais), roupas mirabolantes (dando forma a egos menos consistentes), sob o facho de luzes e o aplauso delirante do público (o reconhecimento público que não temos), o que vemos é o trabalho artístico e criativo de tantos, mas também uma lembrança do quanto fantasiamos a realidade que vivemos. Se temos negados os benefícios que tão poucos usufruem e, infelizmente, muitas vezes de forma completamente desonesta, há um chamado geral, de uma pacífica e musical subversão, exibindo por minutos o que gostaríamos de viver a vida toda: num Shangri-lá de eternas delícias.

     E dessa maneira, essas escolas e esses foliões levam uma mensagem bastante positiva do 7 de Espadas, pois essa forma pacífica e bela de exteriorizar seus desejos e ambições, pode ser taticamente bastante aconselhável como uma pausa para suportar as agruras, as decepções e os conflitos do dia a dia enquanto uma nova consciência e novas oportunidades vão-se estabelecendo.

     Quando, numa tiragem de tarot, essa carta aparece e, dependendo de sua localização e das cartas que a circundam, além da questão que esteja sendo respondida, elas podem significar que alguém está “armando alguma”  para o consulente (ou vice e versa!), que é necessário fazer-se uma pesquisa (ou seja, coletar pensamentos e idéias alheios), que o sucesso obtido até então é parcial, que um segredo deve ser revelado, que negócios escusos e irregulares podem estar sendo feitos, que se deve prestar muita atenção em todos os documentos que se assina, que o consulente pode ser vítima de roubo ou furto, que uma velha ferida (mágoa) pode ser reaberta, que um mau conselho foi dado, que o consulente pode ter perdido a direção dos seus objetivos, de evitar a impetuosidade pois as ações têm consequências, de contratempos temporários. Sobretudo nos aconselha, numa leitura ou na meditação, a não nos prendermos demais ás opiniões alheias ou às pressões que sofremos por parte de grupos, nem tentarmos corresponder a todas as expectativas que os outros projetam sobre nós. Temos que encontrar dentro de nós mesmos o que realmente somos e queremos e agir em nosso próprio favor.

     Portanto, aproveite o Carnaval de maneira harmoniosa, divertindo-se e expressando a sua alegria pela vida, sem no entanto cair nas armadilhas dos exageros, do abandono da razão e da lógica, da ilusão dos falsos brilhos, dos convites ou ofertas que são verdadeiros tickets para o perigo e das possíveis e sombrias escuridões que as belas máscaras modelam. Nem sempre os sapos beijados se transformam nos príncipes das estórias infantis. Mas… quem sabe? Um “clóvis” (para quem não sabe, é um tipo de palhaço, de fantasia colorida mas despojada, que enfeita, em grupos, o carnaval carioca) pode ser garantia de felicidade por muitos carnavais.

     Se harmonia pode significar responsabilidade e alegria, tenham todos um ótimo final de semana e um excelente início de Carnaval!

Ilustração: FAIRY TAYLE TAROT

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