Às vezes nossa vida parece ser uma extensão local de Guantánamo. Tudo complicado demais, enorme demais, pesado demais. Arrasador demais. Vivemos um desespero semelhante àquele dos pesadelos, quando queremos correr do perigo e parece que nossos pés estão grudados ao chão. Nessas ocasiões estamos vivendo aquilo que no tarot chamamos de um 8 de Espadas.
Há determinadas ocasiões em que precisamos tomar importantes decisões que irão ter um impacto muito grande em nosso futuro. Pode ser ter-se que decidir por qual carreira seguir, por qual profissão optar. Seja autorizar a cirurgia de um parente nosso que pode não resistir à mesma. Às vezes vem na forma de uma gravidez que surge no momento errado, quando estamos com outros planos de vida, quando estamos construindo uma carreira que pode exigir mudanças, viagens, etc. Pode ser, também, que venha como o assinar ou não uma escritura de venda de um imóvel que pode representar nossa única segurança patrimonial no futuro. Enfim, são situações que podem surgir do nada ou então serem construídas lentamente, por nós mesmos, através do tempo e que, num determinado momento, eclodem exigindo uma solução. E rápida!
A imagem que primeiro me ocorre sempre que o 8 de Espadas surge numa leitura de tarot é a de uma teia de aranha: fina, delicada, quase invisível, mas muito bem fixada, bem trançada, muito aderente, na qual a vítima se prende por si própria e, quanto mais se debate na busca de uma possível fuga, mais enrodilhada, mais presa fica. Assim somos nós, vítimas das nossas próprias construções mentais, prisioneiros de uma verdadeira tessitura de detalhes, de opções, de experiências bem ou mal aprendidas, de tantas opiniões alheias, de medos implausíveis, de sentimentos mal resolvidos que qualquer chance de libertação parece-nos tão impossível ou desesperadora quanto o próprio mal que nos aflige.
Quando temos que optar, a idéia de fazermos a escolha errada nos apavora a tal ponto que, muitas vezes, perdemos o foco principal e ficamos derivando entre detalhes de menor importância, engessados em preconceitos, em pensamentos negativos, em auto-piedade, dando ouvidos a qualquer coisa que nos digam a tal ponto que isso pode acabar mal e todas aquelas fantasias mórbidas que tivemos acabam se realizando. Parece que nos recusamos a pensar. Nosso cérebro parece não corresponder à nossa necessidade de sermos lógicos, claros, criativos e encontrarmos em nós mesmos as melhores saídas para os problemas que se apresentam. Sim, em nós mesmos, já que cada um de nós constrói o seu próprio labirinto é de se esperar que então saibamos onde se encontra a saída do mesmo.
As espadas, que poderiam representar, neste caso, opções de libertação, de ruptura, de corte de situações, de armas de fuga, estão, ao invés, nos cercando, nos isolando, nos impedindo de prosseguir e de nos desvencilharmos das nossas barreiras e amarras. Essas espadas representam pensamentos não conclusivos, idéias esparsas, fantasias pessimistas, medos, angústias e ansiedades que envolvem num manto de obscuridade cada escolha que precisamos fazer. Confusão acaba gerando mais confusão à medida que acabamos tendo idéias estapafúrdias a fim de nos livrarmos dos problema, nublando ainda mais as nossas perspectivas. Isso acaba fazendo que, muitas vezes, nos fechemos em nós mesmos e nos retiremos. E, essa retirada pode ser fisicamente mesmo, pois quantas histórias conhecemos de pessoas que acabaram fugindo, desaparecendo, mudando-se de cidade, de país e até de identidade, apenas para não ter que enfrentar situações que demandavam decisões transformadoras?
Nesses momentos, em que nos sentidos com os pés e as mão atadas, vendados e cercados de perigos iminentes, o melhor a fazer é dar um tempo. Parece impossível, não é mesmo? Difícil parar, relaxar, deixar a mente clarear, respirar fundo, dar uma trégua no campo de batalha da sua mente e descansar. É difícil, sim. Complicado. Mas fundamental. Tudo o que precisamos neste momento já encontra dentro de nós. Não adianta esperar, com os ouvidos externos atentos, escutar o som da corneta e do tropel da cavalaria que, no último momento vem nos salvar. Esse grupo de resgate vem de dentro de nós. Do mesmo local onde os pensamentos confusos, as idéias assustadoras e nebulosas tomaram formas assustadoras. É do nosso interior, agindo através da nossa intuição, do nosso bom senso, da lógica e da razão tão cortante quanto as espadas retratadas na carta, que virá nossa salvação, nossa redenção.
É nesse momento que percebemos que os ventos da mudança já começaram soprar, desviando as negras nuvens e deixando a luminosidade do sol brilhar novamente. Tudo fica claro, nítido, evidente, permitindo que foquemos a nossa atenção e analisemos de forma honesta e imparcial as nossas reais opções. É chegada a hora de parar de pensar em termos de limitações para pensarmos em termos de possibilidades. Lembre-se que a aranha tem 8 patas e caminha lépida sobre a mesma teia que aprisiona suas vítimas, porque ela mesma a construiu e, portanto, sabe onde pisar, qual caminho fazer.
As importantes decisões que você tenha que tomar, no dia de hoje, viva-as de maneira tranquila, aberta a soluções que possam parecer, à primeira vista, descartáveis, mas que podem ser exatamente aquilo que você precisa aprender a respeito de como solucionar seu problema. Distraia-se. Mude o foco. Passeie. Cante. Vá ao cinema. Distraia sua mente para que ela possa descansar da sobrecarga que você está lhe impondo. E depois, mais leve, com mais jogo de cintura, volte a elaborar um plano concreto de ação, lembrando-se que paciência e persistência derrotam qualquer obstáculo, sobrepujam qualquer situação.
Tenha um excelente dia!
Adoro a forma com que você vê naipes e cartas a priori negativas, mas que, na verdade, são uma extensão da nossa mente que cria tantas armadilhas. O tarot nada mais é que um "acorda, menina", olhe-se no espelho e veja onde está a problemática, para, assim, nos libertarmos. Mais importante que a liberdade é a libertação, que todos nós esperamos, principalmente de nós mesmos. Parabéns pelo texto. Sou uma estudante de Tarologia fã sua!!! Beijos
ResponderExcluirpost muit bom. não sei se seria possível esclarecer-me...para uma leitura de vida amorosa, na posição de futuro como interpretar a estrela com o 8 de espadas?
ResponderExcluirno caso da pessoa ser solteira.
muito obrigado pelo excelente trabalho e partilha.
grata