Você trabalhou muito, e bem, criando uma vida repleta de beleza e de prazeres físicos através de seus esforços, das suas múltiplas habilidades e também de um cuidadoso e muitíssimo bem planejado controle orçamentário. Você se orgulha em ser reconhecido como uma pessoa prática e os outros à sua volta também se aproveitam dos frutos do seu trabalho. Ainda que isso lhe traga imensa satisfação, ela não é maior do que foi o seu prazer no trabalho para conquistar essa posição. Como você já percebeu, vamos, novamente, falar dos aspectos terrenos, concretos que as cartas do tarot simbolizam.
Parece-me que a semana, que começou com a energia materialista do Demônio, teve alguns reforços com o Ás de Ouros (grandes potenciais, sementeira de novas idéias práticas, força e vontade de “arregaçar as mangas” e começar algo novo) e hoje, quem nos brinda com a sua presença como Carta do Dia é a própria Rainha de Ouros (Moedas, Pentáculos, Discos, Pratos, Esferas, Pedras, Diamantes), um arquétipo que poderíamos resumir como a verdadeira imagem do poder e da sensualidade feminina.
Uma das coisas mais desafiadoras para quem estuda tarot é definir o que as chamadas Cartas de Corte (valete, cavaleiro, rainha e rei – ou os nomes que os criadores de novos tarots resolveram dar a essas 4 figuras) realmente simbolizam, especialmente numa jogada. Muitos os vêem como retratos de pessoas reais, mas ninguém em específico, sendo os Valetes crianças, adolescentes, pessoas bem jovens. Os Cavaleiros, já bem mais impetuosos, seriam homens e mulheres no vigor de sua juventude, entre os 20 e os 35 anos, digamos. Já as Rainhas, mulheres mais velhas, acima de 35, normalmente mães, ou viúvas, bastante experientes. Os Reis são homens maduros, estabelecidos, responsáveis, podendo serem pais de família, donos de seu próprio nariz, independentes e realizados.
Outros leitores preferem vê-los como pessoas específicas, com quem o consulente tem contato ou conhecimento, pessoas próximas ou de seu círculo familiar ou social. Tarólogos há que os identificam com o próprio consulente, seja comparativamente pela idade, pela dimensão social que representam ou pelas atitudes que parecem compartilhar. Não faltam, porém, aqueles que as vêem como situações, como acontecimentos, eventos, atividades, ou seja,o que simbolizaria o status ou o comportamento dessas figuras em situações reais.
O que é importante é que cada um se identifique com uma maneira de vê-los e através deles construir uma reflexão, a mais apropriada, à sua leitura e à sua maneira de interpretar o jogo de seu consulente. Ou então, como nada em tarot é fixo, imutável, inquestionável, juntar tudo e fazer bom uso das informações que as cartas fornecem e dos aspectos intuitivos que lhe provocam.
O elemento do naipe de Ouros é Terra, e representa os frutos do nosso trabalho, o chão de onde novas idéias crescem. Significa segurança, que podemos traduzir por casa, dinheiro, tradições e poder. Tudo isso são coisas que normalmente nós valorizamos e as obtemos como recompensa por um trabalho bem realizado. É também o fato de gostarmos dos nossos corpos, dispensando horas e energia em academias, na prática de esportes, em salões de beleza, clínicas de estética, aplicação de cremes, shampoos, substâncias rejuvenescedoras, tratamentos odontológicos corretivos, estéticos, etc. É através da energia desse naipe que procuramos manipular a matéria, seja através do trabalho físico e de habilidades específicas, seja nos aprofundando no conhecimento de como as coisas funcionam.
Todas as Rainhas, independente dos naipes, são aspectos da Imperatriz (Arcano Maior, Carta III) e acumulam uma energia feminina, yin, madura, expressando compreensão e criatividade, que lhes permitem governar pela persuasão, pela intuição, pelo constante apoio, nutrição e encorajamento.
Quando uma Rainha, como a de Ouros, aparece numa jogada, possibilita-nos questionar como podemos deixar vir à tona nossas qualidades latentes e como podemos ajudar que os outros também o façam. De que maneira podemos incentivar, nutrir, suportar, apoiar, patrocinar pessoas, causas e situações e o que é, realmente, que estamos ajudando a conquistar, a realizar, a obter, a produzir.
A Rainha de Ouros é ter os pés no chão. Ser confiável e leal e abordar natural e sensatamente os desafios, os obstáculos. É ter um grande coração, ser uma “mãezona” para todos, generosa, sempre pensando muito mais no bem estar e segurança alheia do que em si mesmo. Encontramos essa Rainha bem retratada nas pessoas que vivem prazerosamente os seus papéis de mãe, esposa, dona de casa, empresária, comerciante, e também nas prostitutas e suas agenciadoras. (Lembre-se, por favor, que necessariamente, as cartas do tarot não representam um sexo específico e que, portanto, seus atributos, positivos ou não, se estendem a todos os gêneros).
São pessoas econômicas, que valorizam a segurança material, mas que também não abrem mão do conforto, da beleza, do bem estar, da comodidade, do luxo e do prazer estético que necessitam para bem viverem. São hospitaleiros, grandes anfitriões, extremamente organizados e equipados, sabendo receber como poucos. Isso os torna pessoas que, além de comumente prósperas, gozam de alto prestígio social. Dispensam cuidados mil em relação ao seu corpo, não só lançando mão de todos os recursos cosméticos, mas cuidando de dentro para fora, alimentando-se bem e mantendo hábitos saudáveis e higiênicos.
Fiéis representantes da Mãe-Natureza, a grande Rainha de tudo o que é material, a grande Deusa venerada por ser a suprema mantenedora da vida, permitindo e distribuindo graciosamente as condições de sobrevivência de todos os seres, as pessoas (ou situações) que esta carta pressupõe estão ligadas aos cuidados com as condições do planeta. São ativistas, como, entre tantos outros, o pessoal do Greenpeace, lutando pela Terra, pela sobrevivência de todas as espécies, preocupados com a sujeira acumulada nas praias, no desaparecimento do mico-leão dourado, na predatória caça às baleias, no desmatamento da Amazônia, em tudo, enfim, que envolve o meio-ambiente e sua conservação.
Quando, numa jogada de tarot, dependendo sempre da posição e das cartas que a acompanham, além de como optamos por “ler” essa figura da Corte, a Rainha de Ouros pode estar se referindo a uma agricultora, jardineira, paisagista, decoradora, florista, artesã, cozinheira, nutricionista, hoteleira, médica, enfermeira, babá, acompanhante de idosos. Podemos ver essa figura também nas pessoas que ocupam cargos de gerência, ou de caixa, em bancos, escritórios; fiscais de renda, contadores, funcionários públicos, garis. Outros que se encaixam perfeitamente ao arquétipo são os corretores de imóveis, os donos de salões de beleza, os fabricantes de roupas e acessórios, não nos esquecendo dos joalheiros e de todos aqueles que extraem diretamente da terra o material de seu trabalho.
Podemos ainda nos perguntar, quando a Rainha de Copas aparece numa disposição de cartas, se estamos nos cuidando bem. Se estamos prestando atenção às nossas próprias necessidades físicas como o mesmo desvelo que cuidamos dos outros. Como estamos utilizando nosso tempo? O quanto nos importamos e agimos em favor de um meio ambiente saudável e digno? Também podemos nos perguntar se estamos atentos em providenciar nossa estabilidade financeira, salvaguardando nosso padrão de vida, nos precavendo para termos um futuro economicamente seguro e confortável. E, também, não devemos deixar de nos questionar o quanto estamos, ou não, vivenciando nossa sexualidade, nossa auto-satisfação, a maneira pela qual desfrutamos do que temos.
A caridade é uma das características simbolizadas nessa carta pois é a maneira que o poder pode ser utilizado pelos que o detêm ou manipulam, para ajudar aos menos afortunados. Seja essa caridade praticada no trabalho voluntário junto a uma organização religiosa, numa ONG, no patrocínio que as empresas fazem em benefício de comunidades, escolas, associações de bairro, etc mais carentes, ou mesmo na contribuição anônima, particular, pela educação de uma criança, pela criação de um parque ou jardim público, na doação regular de uma cesta básica a alguém necessitado.
Claro que, como em todas as outras cartas do tarot, esta também tem um lado “sombra”, aquelas qualidades negativas, ou melhor, a falta de qualidades que, muitas vezes essa Rainha simboliza: mesquinhez, egoísmo, materialismo absoluto, maldade, ganância, instabilidade, insegurança. Vemos esses aspectos naquelas pessoas que "tem o nariz em pé”, vivem de aparências, só buscam os outros pelos benefícios que poderão obter, os “alpinistas sociais”, os manipuladores, os tolos, os caprichosos, os desonestos, as “marias-chuteira” e as “marias-gasolina”, as pessoas rudes e aquelas outras que se prostituem, se violentam física, espiritual e emocionalmente para conseguirem fama, dinheiro, sucesso, um padrão de vida que não condiz com as suas habilidades, preparo, esforço, condições, talento ou merecimento.
Confúcio, o filósofo chinês, já dizia: “Há beleza em tudo, mas nem todos a vêem”. Seja hoje, você, mais um a encontrar essa beleza, essa verdadeira preciosidade que lhe é oferecida, através de uma ação concreta de ajuda, do simples ato de ajudar a manter a sua cidade limpa recolhendo o lixo que encontrar pelo caminho (ou pelo menos, não contribuindo com o seu), no permitir-se a parar e admirar uma paisagem, uma construção, a forma de uma nuvem no céu, o desenho elaborado de uma jóia numa vitrine, começando a pagar um plano de saúde, presenteando-se com uma água de coco enquanto se diverte com a gritaria das crianças no playground.
Tenho toda a certeza que temos inúmeros motivos para termos um excelente e criativo dia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço o seu comentário.
Em breve ele deverá ser exibido no Blog.
Namastê!