O dia começou com a tiragem do Cavaleiro de Ouros. Interessante carta para uma segunda-feira, início de semana… se não fosse uma segunda-feira de Carnaval, onde metade dos estabelecimentos comerciais se encontra fechado e as únicas pessoas que parecem felizes por estarem trabalhando, e muito, são os camelôs, vendendo suas fantasias, acessório, e demais bugigangas para criar ou incrementar aquela fantasia que vai permitir umas boas horas de diversão.
Essa figura é o protótipo do trabalhador. Da pessoa que aprecia tudo o que os aspectos materiais da vida podem lhe oferecer, especialmente dinheiro, segurança e saúde. Não é, por excelência, altamente criativa ou reconhecida pelos seus atributos de inteligência abstrata, mas é aquele “pau pra toda obra”, sabe? Aquela figura com que podemos contar sempre que precisamos de algum serviço, de realizar alguma tarefa, de executar uma obra, de resolver um problema. É responsável, confiável, diligente, habilidoso, paciente, imperturbável, estável, sólido, esperto, que gosta de ser e de sentir-se útil. É a pessoa que trabalha e não se queixa, com os pés no chão, que nunca desiste de um bom desafio prático e que quando se compromete com algo, vai até o fim, honrando sua palavra e cumprindo com todas as suas promessas.
Em seu melhor aspecto, seria o arquétipo do político ideal: aquele que tem uma causa em favor da melhoria da sociedade e do ambiente; que defende os fracos, jovens e velhos, doentes e oprimidos; um grande orador e advogado de causas nobres, sempre em defesa da igualdade de direitos perante a Lei, e da Liberdade e Justiça para todos. O representante do povo, a pessoa engajada em ONGs e movimentos solidários que acreditam no ser humano, tomando a vida dos outros sob sua tutela e acreditando, bastante otimistamente, que as coisas possam, e devam, sempre mudar para melhor. É um Batman, um Super-Homem, a utilizar seus dons naturais, seus potenciais, suas qualidades e maiores virtudes em benefício daqueles que deles necessitam, sejam crianças exploradas, as vítimas de terremotos, mulheres violentadas, animais sacrificados, espécies em extinção, os problemas de aquecimento global, da terra que pertence aos índios, do auxílio às vitimas de todos os tipos de malefícios ou cataclismos, etc
Às vezes assume a figura de um Robin Hood, aquele herói de aspecto dúbio que roubava os ricos para distribuir aos pobres, sem, no entanto, deixar de guardar a sua “porcentagem” nesse aparentemente nobre procedimento. Os mais idosos leitores deste blog irão se lembrar de alguns políticos cuja plataforma eleitoral era: “Roubo, mas faço!”, como se o quinhão dedicado ao cumprimento de suas obrigações naturais como representante popular justificassem a exploração desse mesmo povo. Hoje, nos confrontamos com tantos desses paladinos que, ajudados pelas vestes glamorosas e um insipiente e afetadíssimo discurso, arrecadam milhões em nome de organizações de ajuda, enquanto saracoteiam suas esbeltas e reconhecíveis figuras em festas, eventos, desfiles, shows, camarotes e salões oficiais. Tudo bem, que usem de sua fama para promover nobres causas e ajudar a quem delas necessita. Mas o quanto disso é realmente trabalho desinteressado?
Quando um Cavaleiro de Ouros (Discos, Pentáculos, Moedas, Pedra) sai numa leitura de tarot, dependendo sempre da sua colocação entre as cartas que o rodeiam e, evidentemente, da questão aventada, ele pode significar que devemos ser práticos e realistas; usar nossos talentos e conhecimento, além de muito trabalho, a fim de atingirmos nossas metas; a possibilidade de viagens de negócios; uma boa ocasião para procurar trabalho; a necessidade de nos aconselharmos com alguém mais velho e experiente; aceitar humildemente as tarefas que possam ser aborrecidas, desempenhando-as criteriosamente; não se deixar paralisar por uma experiência mal-sucedida e continuar seguindo em frente; nos dedicar ao trabalho pela sociedade melhor e mais justa, nos engajando em movimentos sérios, honestos, responsáveis e com uma filosofia clara e definida.
Quando assisto pela televisão flashes dos desfiles das escolas de samba de todo o país, fico pensando nas centenas, ou talvez milhares, de pessoas anônimas, que deram forma àquele espetáculo grandioso. Gente que não é entrevistada, que não se manifesta, que não é procurada pela multidão de fotógrafos ou cinegrafistas de plantão, a não ser que o carro que conduz as alegorias quebre e atrapalhe a evolução das escolas. Nesse momento vemos essas figuras sem nome, mas que são a força motriz, são os carpinteiros, as costureiras, as bordadeiras, os escultores, os pintores, os aderecistas, os iluminadores, os maquiadores e cabelereiros, os motoristas, os encarregados diversos, enfim, os Cavaleiros de Ouros a se movimentarem, quietos, organizados como numa colméia, a fazerem do seu labor uma homenagem à beleza da vida, porque é através de suas especialidades, de sua força, de suas mãos, que o Universo, como um todo, vibre em uníssono.
Aproveite o dia de hoje para se desincumbir de tarefas práticas; coloque as coisas em dia; resolva os problemas domésticos; aproveite para consertar o que está quebrado; seja generoso distribuindo, de boa vontade, os frutos do seu trabalho com quem necessita e isso, muitas vezes, é tão simples quanto aconselhar ou explicar a alguém como agir melhor. Abra-se para aprender, com a Natureza, sobre a sua complexa e sempre produtiva mecânica. Sinta como a Vida flui, continuamente, por tudo aquilo que pode ser visto e tocado _ e muito mais!
Tenham todos um ótimo início de semana e um seguro e feliz Carnaval!
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