Andrew Beckett, de 26 anos de idade, é um jovem advogado trabalhando para um conceituadíssimo escritório de advocacia na cidade de Filadélfia, nos Estados Unidos. Homossexual e portador do vírus do HIV, quando seu estado de saúde piora e os sintomas das doenças oportunistas começam a se manifestar, é sabotado e peremptoriamente despedido por seus chefes. Andrew busca então, na pessoa de um advogado de pequenas causas, a defesa de seus direitos.
Começa, então, uma verdadeira peregrinação por audiências e tribunais, quando a vida de Andrew é exposta em seus mais particulares detalhes, atraindo a atenção da mídia e fazendo com que o seu caso se torne nacionalmente conhecido. Nesse processo, surgem os aspectos ambientais e sociológicos, apresentando, de um lado, o preconceito à doença, a recusa aos direitos e cuidados de pacientes terminais, a homofobia da sociedade. Em compensação, a presença e dedicação amorosa dos parentes, do namorado e do próprio advogado são fatores decisivos para que Andrew não esmoreça na luta pelos seus direitos.
“Filadélfia” (1993), estrelado por Tom Hanks e Denzel Washington e dirigido por Jonathan Demme, é um excelente exemplo de como, mesmo em situações que nos parecem desesperadoras, podemos e devemos nos valer de toda a assistência que dispusermos e também do nosso esforço e determinação, ainda que estes pareçam serem muito frágeis. E é isso que o 5 de Ouros (Pentáculos, Moedas, Discos, Pedras) simboliza: que se não exagerarmos fantasiosamente as nossas necessidades, e se buscarmos soluções racionais, poderemos ultrapassar obstáculos e vencer as necessidades que se apresentarem.
Mais do que nos alertar sobre perdas no plano material (saúde, posses, dinheiro, bens, etc), quando o 5 de Ouros aparece numa leitura de tarot, pode ser um sinal de que de alguma maneira nós estamos vivendo um período de sombras, de angústia, de medo antes de despertarmos para o nosso próprio alvorecer. Essa carta nos adverte a nos apegarmos com todas as forças à nossa coragem (ou ao que ainda resta dela) e persistir em nossa caminhada ao encontro do que acreditamos, daquilo que temos como meta, do que nos é importante. É um estímulo para que nos superemos no meio daquilo que parece ser uma catástrofe.
As condições em que essa carta costuma aparecer são, geralmente, muito ruins e deprimentes. Falta de saúde e de dinheiro certamente são motivos suficiente para nos abalar. Mas o golpe fatal pode ser a rejeição que sofremos daqueles que normalmente seriam compassivos com os nossos problemas ou causas (família, amigos, associações, etc). Entretanto, o 5 de Ouros nos faz refletir que não devemos aceitar, passivamente, a situação de “coitadinhos” ou de párias que alguns segmentos da sociedade possa querer nos impingir. Ao contrário, sugere que existem, ao nosso alcance, sob os mais diversos aspectos, recursos que deverão ser utilizados para que possamos enfrentar dignamente esses percalços. É chegada a hora de deixar de se sentir à parte, de não estar à altura, de não ser merecedor, de não valer a pena lutar pela sua dignidade. Aceitar a exclusão é uma atitude de baixíssima auto-estima e profundamente negativa, além de alimentar o preconceito de quem a impõe.
O advogado, jovem e doente, do filme, reage exatamente a isso. Mostra que o seu valor, talento e dignidade são tão importantes quanto os de qualquer outro cidadão, independente de raça, cor, credo, sexualidade ou condição de saúde. Ele sabe que irá morrer (na época em que o roteiro do filme foi escrito, a AIDS ainda era uma doença com pouquíssimos recursos de tratamento e, quase sempre, mortal) mas mesmo assim recusa-se a ser “excluído” por estar doente ou pela maneira que dispõe da sua sexualidade. Ainda que algumas vezes, no filme, ele se desespere, sinta-se abatido moral e fisicamente, conta com o apoio e estímulo de seu advogado, de seu amante e de sua família. Pode parecer pouco para quem luta contra uma grande corporação, um grande escritório, uma grande empresa cujos recursos parecem ser infindáveis. Mas o personagem luta com o que dispõe, luta pela sua verdade, por aquilo que acredita e que sabe que é justo.
Portanto, se houver necessidade, peça por ajuda qualificada: da família, de um profissional responsável, de um amigo sensato, de um mestre. E, se lhe estenderem a mão solicitando pela sua ajuda, não se recuse. Ofereça a sua assistência sempre que lhe pedirem e puder.
“As pessoas são como vitrais. Elas brilham em sua glória quando o sol está nos céus, mas é quando a escuridão cai que a sua verdadeira beleza se revela, tão somente se houver luz dentro delas”. _ Elisabeth Kübler-Ross (1926-2004), psiquiatra suíça
Permitam que o Sol, regente do dia de hoje, brilhe nos céus e dentro de cada um de nós, e tenham todos um excelente domingo!
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