Janeiro passado, um casal de primos meus mandaram seus filhos para um acampamento de férias promovido pela escola que frequentam. Passaram semanas checando as condições do local, em termos de segurança, higiene e conforto; conversaram com diversos outros pais cujos filhos lá estiveram anteriormente; falaram com professores e conselheiros da própria escola e, finalmente, despacharam a garotada para duas semanas no tal acampamento.
Foram, na verdade, duas semanas de noites insones, com os dois acordados, preocupadíssimos, sentindo as piores intuições sobre o que poderia vir a acontecer às crianças “naquele fim de mundo!”, como não paravam de repetir. Trocaram acusações, se auto-flagelaram ao máximo, sentindo-se culpados por tudo o quanto os jovem pudessem vir a sofre, pelas profundas marcas que aquelas duas semanas causariam em suas vidas como adultos.
As crianças voltaram felizes, alegres, cheias de aventuras para contar. Meus primos estavam em frangalhos. Arrasados, dormindo algumas horas à base de poderosos calmantes, cansados de discutirem e se acusarem reciprocamente.
O marido de uma grande amiga desde os tempos de faculdade é piloto de avião comercial. Passa a maior parte do tempo fazendo as linhas internacionais de uma companhia aérea brasileira. Desde o 11 de Setembro, quando houve aquele “ataque aéreo”, como ela costuma descrever os ataques terroristas às torres gêmeas em Nova Iorque, ela não encontrou mais paz. Não consegue dormir, não relaxa em lugar algum, largou o curso de línguas que fazia devido à ansiedade que não a deixa ficar parada num único lugar por mais de 15 minutos e quintuplicou a conta de telefone, checando o marido onde quer que ele esteja.
O marido sente-se infeliz por ser o causador de tamanho estresse na mulher que ama. Entretanto, seria uma atitude inconsequente, neste momento da sua carreira e dos compromissos de vida de ambos, que ele largasse a aviação comercial. A mulher chora, ora e vigia os telejornais aguardando por notícias de catástrofes. Dia e noite.
Todas essas pessoas viveram, ou vivem, à sua maneira, seus mais terríveis pesadelos convivendo com a idéia de perda, de sofrimento, abandono, culpa, sofrimento e dor o tempo todo.
O 9 de Espadas é uma carta que simboliza, entre outras coisas, a angustiante e opressora sensação de que algo terrível está por acontecer e essa idéia fixa acaba sendo alimentada pela própria mente que a cria. Perde-se a noção da realidade, da plausibilidade, da dimensão exata do problema ou da situação. Tudo cresce a tal ponto que ocupa praticamente toda a mente, garantindo que se instale a confusão, as contradições, o desentendimento, a falta de direcionamento e a recusa em ver os fatos como realmente são. A pessoa, com medo de enfrentar seus terrores face a face, procurando clareá-los à luz da razão e da lógica, torna-se vítima de sua própria mente predadora.
Essa carta tem uma conexão muito grande com a idéia de ciclos que se repetem, voltando sempre à idéia original. Basta que peguemos o seu número, 9 (nove) e o multipliquemos por qualquer outro número (experimente!), reduzindo-o em seguida à unidade. Voltaremos, sempre, a obter o 9 original!
7 x 9 = 63 (6=3=9) = 9
81 x 9 = 729 (7+2+9=18 1+8=9) = 9
258 x 9 = 2322 (2+3+2+2=9) = 9
Interessante, não é mesmo? Esse ciclo energético em conjunto com as chaves simbólicas do naipe de Espadas, jogam uma luz sobre como vivenciamos a natureza repetitiva e cíclica dos nossos mais profundos pensamentos. E por falar em “jogar uma luz” esse também é o número da carta do Eremita, o Arcano que simboliza uma busca interior, um estado de isolamento em busca do auto-conhecimento, de procurar em si mesmo as respostas, da necessidade de saber a verdade a todo o custo. O 9 de Espadas é uma verdadeira distorção da simbologia desse Arcano Maior, na sua ânsia de esconder-se da luz clara da razão e permitir que apenas um torvelinho de imagens, conjecturas, suposições e análises distorcidas sobreponham-se à realidade.
Portanto, quando essa carta surge numa tiragem de tarot, dependendo sempre da sua posição e das demais cartas que a acompanham, além da questão que gerou a consulta, pode, também significar isolar-se com os seus problemas; desiludir-se; não ser flexível na maneira de pensar e agir; preocupações exageradas; sentir-se vulnerável; arrepender-se de algo feito ou dito no passado; discussões com a mãe ou a sogra; insônia; possibilidade de aborto; sofrimento; sofrimento. O aparecimento dessa carta quase sempre é um aviso para estarmos atentos ao fato que as preocupações demasiadas com as pessoas amadas e os sofrimentos da alma são comuns quando o Ego-Mente se investe de tanto controle e dominação que não leva em conta o fator humano. É a carta que nos recorda que é necessário acordarmos desse pesadelo e tratá-lo como tratamos os pernilongos que possam incomodar o nosso sono:
- Localize-os e encare-os,
- Elimine-os de seu sistema e de seu ambiente,
- Previna-se de outro surto substituindo esses pensamentos ou crenças por outros muito mais límpidos e elevados.
Aproveitem a claridade do dia de hoje para se deixarem iluminar pelo sol e fazer uma verdadeira limpeza mental. Todo mundo, inclusive você, tem o direito à felicidade. Construí-la é um trabalho individual. Comece-o agora.
Bom dia!
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