Então Pedro disse a Jesus:
_”Nunca abandonarei o senhor, mesmo que todos o abandonem"!”
Mas Jesus lhe disse:
_”Eu afirmo a você que isso é verdade; nesta mesma noite, antes que o galo cante duas vezes, você dirá três vezes que não me conhece”.
Mas Pedro repetia com insistência:
_”Eu nunca vou dizer que não o conheço, mesmo que eu tenha que morrer com o senhor!”
Marcos, 14: 29, 30 e 31
Também, de acordo com Marcos (14: 66 a 72), quando uma das empregadas do Grande Sacerdote, horas mais tarde, reconheceu Pedro como um dos seguidores de Jesus, ele negou veementemente, por três vezes:
_”Juro que não conheço esse homem de quem vocês estão falando! Que Deus me castigue se não estou dizendo a verdade!”
Naquele instante o galo cantou pela segunda vez, e Pedro lembrou que Jesus lhe tinha dito: “Antes que o galo cante duas vezes, você dirá que não me conhece.”
Então Pedro caiu em si e começou a chorar.
Na carta dos Amantes, entre tantos significados simbólicos que representa, o de escolha, de opção, de livre-arbítrio é um dos mais importantes e instigantes. E para fazermos boas escolhas é necessário que tenhamos experiência, estejamos maduros o suficiente para podermos avaliar, com clareza, os reflexos que toda e qualquer opção que tomamos tem em nosso futuro e nas vidas das pessoas que nos cercam.
É uma carta que demanda um grau de responsabilidade que muitas vezes ainda não adquirimos, através da vida, através dos mecanismos necessários que nos habilitem a fazermos as escolhas corretas. Ainda não conhecemos de cor o caminho para sabermos, com certeza, qual das direções optar, ao chegarmos numa bifurcação. O que fazer em situações como essas? Podemos tomar o caminho da direita e acabarmos nos perdendo, mas conhecendo uma nova região, com uma espetacular paisagem. Ou podemos optar pelo da esquerda e chegarmos ao nosso destino pretendido. Não há garantias.
O mesmo ocorre quando assumimos compromissos. Apaixonar-se por alguém ou por um ideal traz uma série de consequências que nos fazem, muitas vezes inseguros de assumi-las, por não nos considerarmos aptos de cumprirmos com elas e, sobretudo, as assumirmos e nos responsabilizarmos por elas e pelos rumos que possam tomar. É muito importante que percebamos que nessas escolhas nunca estamos completamente sós, envolvendo outras vidas, atrelando o destino de outras pessoas ao nosso.
Tenho um conhecido que foi cartorário durante muitos anos, construindo uma carreira notarial ilibada e um patrimônio bastante considerável. Mas vivia frustrado. Nada lhe agradava e queixava-se que, mesmo com todo o conforto e garantia de uma vida financeiramente segura, ele detestava os serviço que fazia e daria tudo para viver o seu sonho de juventude que era o de ser artista plástico. Solteiro, filho único e vivendo com sua mãe viúva e idosa, num rompante de coragem, devolveu o cargo para o governo, reviu o aluguel dos imóveis que possuía, atualizando-os, abriu uma poupança para a sua mãe, reservou um pouco de dinheiro para si próprio e pois o pé na estrada. Mudou-se para a Europa, onde foi estudar e procurar realizar seu sonho.
Em pouquíssimos anos, a inflação havia consumido com grande parte dos valores poupados, os imóveis estavam novamente com seus aluguéis defasados e precisando de grandes reformas estruturais e, para culminar, o Plano Collor, deixou a ele e à velha mãe com R$50,00 no banco. Ele, cuja tão sonhada carreira como artista plástico não deslanchou, viu-se obrigado a trabalhar em empregos muito mal pagos e sem nenhuma perspectiva, por ser imigrante. Não conseguiu, sequer juntar o dinheiro para voltar ao país. Sua mãe, vivendo em condições muito precárias, aceitou uma oferta enganosa de uma construtora que lhe oferecia dois ou três apartamentos em um novo empreendimento a ser construído em troca dos seus imóveis, inclusive o que ela morava. Escritura assinada e a construtora estava nas páginas de todos os jornais por ter falido. Nem casa, nem cobertura, nem onde morar. Sim, restava-lhe o direito de apelar na Justiça, mas isso tem custos e ela não tinha como pagá-los. Foi morar na casa de uma ex-empregada, que a acolheu e dela cuidou até a sua morte.
O filho continua morando no exterior, mudando ocasionalmente de cidade ou de país, sempre em trabalhos temporários. Hoje, mais velho e apresentando os desgastes naturais da idade, vive um estado de depressão crônica, lamentando-se pela opção feita no passado, pela forma impetuosa e cega de paixão que conduziu suas escolhas, e pela falta de um olhar mais claro, mais atento, menos tendencioso sobre as possíveis consequências de suas decisões. O remorso o consome e o sentimento de culpa que nutre, especialmente, pela forma que sua mãe viveu seus últimos anos, o atormenta e o mantém preso a uma vida auto-destrutiva não se permitindo, ainda que seu arrependimento seja sincero, o necessário perdão.
Há momentos na vida de todos nós que tomamos decisões das quais nos arrependemos. Sempre há riscos a serem considerados e aceitos. O importante é essa aceitação. Estarmos preparados, o melhor possível, para recebermos as alegrias, os benefícios, ou as tristezas e as perdas que nossas escolhas possam resultar. No exemplo do evangelho de S. Marcos, transcrito no início desta postagem, vemos Pedro, conscientizando-se do erro cometido, ao tentar esquivar-se do fato de conhecer a Jesus. Reconhece, chora, lastima-se, mas segue adiante, procurando extrair uma lição positiva daquele engano e fazer algo que, mesmo que não possa apagá-lo definitivamente, proporcione uma forma de compensação equivalente. Pedro tornou-se um dos maiores evangelizadores de seu tempo, levando a palavra do Mestre por grandes regiões, deixando-se capturar e pedindo que não fosse martirizado como o seu Senhor, por não sentir-se digno. Foi crucificado de ponta-cabeça. Pedro buscou perdoar-se.
Meu amigo viveu e continua a viver (ou seria preferível dizer, suportar) uma situação biblicamente semelhante a de Judas Iscariotes, outro apóstolo, que também arrependido de ter traído a Jesus, atraindo-o, identificando-o e entregando-o a seus algozes, é incapaz de aceitar sua errônea decisão e procurar transmutá-la em uma experiência a ser compreendida, aceita e, evidentemente, ser evitada futuramente. Decide, ao contrário, entrega-se à negatividade das consequências de seu ato e recusa-se a viver. Não reagir, não assumir as responsabilidades de seus atos e procurar de alguma forma saná-los ou então buscar novas opções, é também não viver.
É necessário que enfrentemos com coragem e determinação essas nossas dificuldades, esses nossos erros, o mal uso do nosso livre-arbítrio, assumindo esses aspectos como parte integrante de nós mesmos. Só assim, sabendo com o que estamos lidando, podemos buscar a nossa harmonização, não permitindo viver sob o jugo de nossas más decisões, mas equilibrando-as com aspectos, atitudes e comportamentos mais positivos da nossa personalidade. Os alquimistas chamavam esse procedimento de solve et coagula, ou seja: analise-se bem, reúna e dissolva tudo o que for menor, negativo, inferior que houver em você, ainda que lhe pareça extremamente doloroso o procedimento; em seguida, tendo as suas forças sido renovadas por essa operação, recomponha-se novamente.
Quando os Amantes aparecem numa leitura de tarot, dependendo sempre da sua colocação na disposição escolhida e demais cartas que a cercam, além da situação proposta pelo consulente, pode, também, significar vontade ou tendência a comprometer-se; dualidade; contraditório; buscar a complementação de algo; união divina; equilíbrio; discernir; combinar; fazer escolhas; conflitos emocionais; amor e relacionamentos; harmonia, beleza e perfeição; escolher um parceiro, um sócio; ser responsável ou assumir a responsabilidade por algo ou alguém; estar vivendo uma vida dupla; energia sexual ativada; casamento entre opostos; individualidade; gêmeos; ajuda para transpor obstáculos; ter um “caso” fora do relacionamento; todas as formas de amor e de amar; atração mútua; ser fiel a seus princípios; saber o que é bom e o que não funciona para si mesmo, entre muitas outras possibilidades.
Mal aspectado numa leitura, este Arcano pode representar indecisão; más escolhas; tentação; ser dispersivo; só se interessar pelos aspectos físicos da relação; infidelidade; adultério; ciúme; controle; ligações perigosas; brigas; triângulo amoroso; divórcio, separação; forte oposição.
Une Tiphareth a Binah, na Árvore da Vida cabalística, o que representa a ligação entre a consciência pura, de onde todas as formas surgem, ao ponto central da Árvore, onde essas formas se manifestam. A principal lição desse 17º caminho é de que uma supraconsciência, uma consciência mais proximamente ligada ao Divino Superior influi, imparcialmente sobre o consciente e o subconsciente, equilibrando-os. É quando as duas metades da psique, o animus e a anima se unem, não escondendo nada um do outro, que se realiza o verdadeiro Casamento Real. É a idéia do Equilíbrio Harmonioso entre pares opostos, que são, na verdade, complementos entre si, não importando quão diferenciados possam aparentar no momento. O correlação astrológica dos Namorados é Gêmeos. Só chegamos à essa união de opostos através de conflitos, que são essenciais a qualquer crescimento espiritual. É lidando com nosso lado “sombra”, com aquilo que normalmente repudiamos ou tentamos não ver em nós mesmos, que acabamos nos vendo como um todo.
Nesta quinta-feira, sob os auspícios expansivos de Júpiter, regente do dia da semana, e com a Lua em seu quarto-crescente entrando na casa de Leão, nos promete uma chance de vermos brilhar a nossa personalidade, facilitando com que nos assumamos claramente como somos, iluminando os nossos aspectos mais sombrios para que possamos melhor visualizá-los, conhecê-los, assumi-los e equilibrá-los. É um dia muito favorável às atividades sociais e, muito provavelmente, os lugares públicos tais como praias, shoppings, praças, clubes, bares e restaurantes, deverão estar cheios de gente. É um período excelente para se pensar em uniões, sejam elas comerciais como as sentimentais. Casamento é uma grande possibilidade e inícios de namoros certamente irão ocorrer.
Aproveite o dia para meditar sobre quem você é e sobre o que valoriza em você e nos outros. Aproveite para observar e apreciar os contrastes e as diferenças e perceber que tudo existe de forma complementar. Yang e Yin. Não há melhor ou pior. Existem, sim, escolhas mais ou menos apropriadas.
Um excelente dia para todos!
Muito bom. Virei mais. :(
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