A tia a esperava na porta da casa. Foram, novamente, muitos beijos e lágrimas, entre parentes que eram praticamente estranhos pois ela era muito pequena quando a tia deixou a vila no sertão e veio “tentar a vida” no sul-maravilha. Mas era uma doce senhora, muito afetuosa e que lhe recordava, vagamente, a falecida mãe. Levou-a, mancando pois estava com uma perna engessada devido a um tombo no trabalho, para conhecer toda a casa, apresentou-a a uma das primas, pouco mais nova do que ela mesma, e conduziu-a ao quarto que iria repartir com uma outra filha dos 3 que a tia tivera. Enquanto ela entregava os presentes que os parentes enviaram e contava da morte do pai, da irmã que ficara sozinha no sítio, ia se acostumando ao quarto, à presença da tia e da prima que a olhavam com curiosidade e ternura.
No início da noite chegou sua companheira de quarto, a prima da sua idade que trabalhava com a tia para uma família muito rica que morava no melhor bairro da cidade. A tia há muitos anos era a cozinheira da família e a filha começara a trabalhar como arrumadeira. Com o problema da queda e consequente fratura da perna da tia, as outras empregadas estavam “quebrando um galho”, cozinhando da maneira que sabiam e cumprindo suas outras tarefas. Foi então que ela ofereceu-se para substituir a tia, enquanto essa estivesse de licença, pois cozinhava muito bem e era uma exímia doceira, coisa que todos concordaram depois de comerem uma caixa de seus bombocados, queijadinhas, pingos-de-ovos, e outras guloseimas mais que havia trazido como presente.
A tia ficou encantada com a generosidade da sobrinha e foi para a sala telefonar para a patroa falando dessa possibilidade de substituição, enquanto as moças ficaram no quarto trocando informações e confidências. Falaram, é claro, do que faziam, do trabalho, com o que sonhavam, de rapazes, de festas, de passeios e shopping centers. Ela a tudo ouvia curiosa e com o coração aos pulos. A tia voltou da sala toda sorridente dizendo que a patroa concordara dela ir, no dia seguinte, fazer uma experiência, pois estava desesperada, não aguentando mais as reclamações do marido e dos filhos em relação à comida que as outras empregadas estavam se esforçando em preparar. Todas ficaram felicíssimas e, minutos depois, enquanto assistiam a mais um capítulo da novela, ela só conseguia pensar em como estava feliz. As coisas estavam indo muito melhor do que ela mesma poderia supor. No mesmo dia em que chegara a possibilidade de um emprego caiu-lhe nas mãos. E, o que era o melhor: para fazer aquilo que mais gostava, cozinhar.
Naquela noite as 3 primas demoraram a dormir, pois não conseguiam parar de trocarem informações, combinarem mil passeios juntas, ela querendo saber tudo sobre a grande cidade, e as primas, mais do que dispostas a lhe contarem e mostrarem tudo. Finalmente o cansaço da longa viagem se fez sentir e ela acomodou-se melhor na cama enquanto o silêncio se instalava no quarto e os sons vindos da rua calma de subúrbio iam ficando cada vez mais distantes. Fechou os olhos e pensou na irmã, naquele momento, sozinha no interior da velha casa do sítio. Sentiu saudades. Rememorou a chegada, o encontro com a tia e a família que tão bem a acolheram e sentiu-se feliz, protegida, querida. Sabia que tinha feito o que era certo, seguindo o que lhe mandava o coração. No dia seguinte iria para o seu primeiro emprego, em toda a vida e isso a deixava estranhamente ansiosa, da mesma maneira que ficava, quando era pequena, esperando pelo Natal ou pelo seu aniversário. Tinha novamente uma família onde todos se ajudavam e isso a deixava muito feliz.
Sentiu o sono, como ondas cada vez maiores, avançando. O dia seguinte seria de muitas novidades. Dormiu. Sonhou com as primas rindo, a tia cozinhando, ela ainda criança no colo da mãe, com a irmã e ela em torno dos tachos de cobre, mexendo os doces de frutas. Sonhou com a estrada poeirenta e com a cidade grande que surgia banhada de sol, imenso, dourado. Sonhou com uma cozinha enorme, toda branca, ela vestida de branco na lide com panelas de metal cintilante. Sonhou com pessoas que nunca vira e que lhe sorriam. Sonhou com um rapaz de terno que lhe estendia a mão…
Acordaram com o despertador anunciando que era hora delas se arrumarem e irem para o trabalho.
Quando um 3 de Ouros aparece numa leitura de tarot, sempre dependendo da sua posição na jogada e com quais cartas se faz acompanhar, além da questão proposta pelo Consultante, ele pode simbolizar que ele está disposto a assumir alegre e confiantemente um serviço, um trabalho, um desafio, e que, também, está em harmonia com seu lado criativo, espiritual e prático. É uma carta que nos fala de esforço realizado em equipe, ou seja, compartilhado. Existe a possibilidade de que o trabalho venha a ser intenso e árduo, mas o Consulente está disposto a perseverar e a combinar seus esforços com outros. A equipe à qual o Consulente lidera ou participa como membro trabalha em uníssono e não há ciúme, inveja ou competição entre seus pares. A satisfação pelo dever cumprido e pelos frutos colhidos compensam toda a dedicação e empenho que o Consulente investiu para a realização da tarefa. É hora de aceitar as recompensas que o simples ato prazeroso de executar a tarefa propicia. Também simboliza o fato do Consulente conhecer bem o seu ofício e executá-lo com maestria. É sinal de um espírito determinado, que se sente motivado e que está muito satisfeito com sua carreira. O consulente é um verdadeiro dínamo na sua produção e acredita no que está fazendo.
O aspecto negativo que podemos entrever quando o 3 de Ouros aparece mal posicionado ou dignificado é o fato do trabalho não estar sendo realizado da maneira prevista ou necessária, com risco do Consulente ser despedido ou rebaixado de posto, e ele mesmo está insatisfeito e aborrecido com o seu desempenho. Pode significar falta de talento ou habilidade para o cumprimento da função ou da tarefa, ou não estar preocupado com a qualidade do produto final. Dificuldades de arranjar um emprego. O grupo de trabalho não se entende ou então existe muita rivalidade, competição, desavenças entre seus membros. O Consultante pode estar querendo realizar sozinho todo o trabalho e acabar falhando pela sobrecarga de esforços.
Se há um conselho que essa carta pode nos dar creio que é o de buscarmos sempre um trabalho ou um serviço que requeira o melhor de nós. Não peçamos apenas aquilo que queremos, mas sim o que o Universo e as demais pessoas querem de nós. Só assim nossas vidas serão mais intensas, alegres e recompensadoras.
Neste sábado, sob a regência de Saturno, que simboliza os limites que devemos impor a estrutura que desejamos construir para que não nos percamos num turbilhão de idéias disformes, e com a Lua Cheia na casa de Capricórnio, é um convite para que assumamos posturas sólidas e realistas. Não há porque ficar divagando e nada realizar. Aproveitemos, também, para comemorarmos com nossos companheiros de trabalho o progresso, qualquer que seja, que tenhamos obtido juntos e é também uma boa ocasião para perdoarmos aqueles do grupo que não tiveram a capacidade de desempenharem suas funções com o mesmo entusiasmo que tivemos.
Tenham todos um final de semana de muito companheirismo e celebração!
sempre fiel
ResponderExcluirNamastê