TIRESIAS
“Digo-te, pois, já que ofendeste minha cegueira, - que tu tens os olhos abertos à luz, mas não enxergas teus males, ignorando quem és, o lugar onde estás, e quem é aquela com quem vives. Sabes tu, por acaso, de quem és filho? Sabes que és o maior inimigo dos teus, não só dos que já se encontram no Hades, como dos que ainda vivem na terra? Um dia virá, em que serás expulso desta cidade pelas maldições maternas e paternas. Vês agora tudo claramente, mas em breve cairá sobre ti a noite eterna.
Que asilo encontrarás, que não ouça teus gemidos? Que recanto da terra não vibrará com tuas lamentações quando souberes em que funesto consórcio veio terminar tua antiga carreira? Tu não podes prever as misérias sem conta que te farão igual, na desdita, a teus filhos. E agora... podes lançar toda a infâmia sobre mim, e sobre Creonte, porque nenhum mortal, mais do que tu, sucumbirá ao peso de tamanhas desgraças!”
ÉDIPO
“Quem poderá suportar palavras tais? Vai-te daqui, miserável!
Retira-te, e não voltes mais!”
”Oedipus Rex” _ Sófocles, Séc. V a.C.
Quando Creonte retorna de Delfos com a mensagem de que os deuses estavam punindo Tebas pelo fato da cidade estar abrigando o homem que matou Laio, seu antigo rei e primeiro marido de Jocasta, Édipo exige que esse assassino seja capturado. Como ninguém parece saber quem ele possa ser, manda chamar Tirésias, cego vidente para lhe dizer quem possa ser esse homem. Tirésias recusa-se e Édipo, o Rei, ameaça-o. Enfurecido com a ousadia e prepotência real, o adivinho lhe responde que o homem que ele tanto busca está ali mesmo. Que é ele, Édipo, o assassino de Laio e o causador das desgraças que se abateram sobre Tebas. Édipo, por sua vez, acusa-o de estar unido a Creonte, seu cunhado, num complô para desestabiliza-lo e roubarem dele o poder. Expulsa o velho cego da sua frente e Tirésias, enfurecido, lhe diz:
TIRÉSIAS
“Vou-me embora, sim; mas antes quero dizer o que me trouxe
aqui, sem temer tua cólera, porque não me podes fazer mal. Afirmo-te, pois: o homem que procuras há tanto tempo por meio de ameaçadoras proclamações, sobre a morte de Laio, ESTA AQUI! Passa por estrangeiro domiciliado, mas logo se verá que é tebano de nascimento, e ele não se alegrará com essa descoberta. Ele vê, mas tomar-se-á cego; é rico, e acabará mendigando; seus passos o levarão à terra do exílio, onde tateará o solo com seu bordão. Ver-se-á, também, que ele é, ao mesmo tempo, irmão e pai de seus filhos, e filho e esposo da mulher que lhe deu a vida; e que profanou o leito de seu pai, a quem matara. Vai, Édipo! Pensa sobre tudo isso em teu palácio; se me convenceres de que minto, podes, então, declarar que não tenho nenhuma inspiração profética.”
A essência das cartas do Naipe de Espadas é a dor que advém do fato de se encarar a verdade e, com isso, avançar no crescimento pessoal. Não é de se estranhar, então, que se considerarmos alguns aspectos religiosos que ao definirem nossa passagem por esta existência afirmam que nascemos neste “vale de lágrimas”, o 3 de Espadas é a quintessência do Naipe. Essa carta sugere problemas e dificuldades em quase todos os aspectos da vida.
Para compreendermos melhor o aspecto positivo do 3 de Espadas é necessário que raciocinemos a respeito do que Espadas realmente significam, qual o seu propósito: O que é dor e para que serve? Como devemos lidar com as nossas angústias, nossas aflições, nosso desespero, nossas frustrações? Qual é a mais apropriada reação ao sofrimento?
Quando surge a dor é também tempo de afligir-se, de lastimar-se, de lamentar. E o que é mais fascinante é que quando paramos de negar a dor, de recusar-nos a vê-la e vivenciá-la, de resistir a ela, quando permitimos que ela nos tome de assalto o coração, ela nunca vem sozinha. Alguma coisa sempre a acompanha. Algumas vezes é uma sensação de paz e de fé, de amor e de esperança. Uma sensação da Divina presença. A pior parte da experiência de vivenciar a dor é resistir a ela. Enquanto lutamos contra ela, só a tornamos mais forte, mais cruel e poderosa. Quando nos entregamos, quando decidimos aceitá-la como parte de estarmos vivos e do equilíbrio natural entre todos os aspectos que precisamos vivenciar em nossa evolução, algo acaba sendo liberado. provavelmente o pânico, o medo que sentimos em não conseguir continuar. O sofrimento, as feridas causadas pela dor acabam sendo limpas pelas nossas lágrimas, pelo sangue que escorre das nossas mágoas. Nada supura, nada estagna ou apodrece, tudo se limpa. Dói muito, e continua a doer bastante. Dói sem parar. E então… cicatriza.
Não há como evitar a dor, nem há como ignorá-la ou adiá-la. Ela estará sempre lá, esperando por nós. O tempo não a dissolve. É a nossa forma de encará-la, de lidar com ela, de deixar que ela invada o nosso coração e promova a mudança da qual ela é o agente, só assim ela terá alguma razão de ter existido. É para isso que a dor serve: para nos transformar. Subitamente não somos mais as mesmas pessoas que éramos. Aceitando a dor, não nos tornamos amargos, cínicos, indiferentes ou duros. Nos tornamos sábios. O 3 de Espadas pode, então, ser visto como o cumprimento, a compleição, a realização, a verdadeira essência do Naipe de Espadas porque ele subentende a complacência, a coragem, a boa vontade, a honestidade de permitir-se vivenciar as dores, as perdas, os sacrifícios que naturalmente surgem em nossas vidas.
Quando o 3 de Espadas aparece numa leitura de tarot, levando-se sempre em consideração a questão proposta pelo Consultante, as demais cartas que o acompanham na jogada e suas posições na disposição escolhida, essa carta pode simbolizar sofrimento emocional, amor não correspondido, interrupção de uma relação afetiva. Mágoas. Ressentimentos. Situações que ainda estão em andamento, que ainda não se completaram (faltam ainda mais 7 cartas para completar o Naipe). O Consulente pode estar passando por um momento de alta emotividade, de dor, de dificuldades, mas ele não está isolado e nem mesmo ele está acomodado à situação. Ele se move. Não é hora dele esconder seus verdadeiros sentimentos, mas também não deve usá-los para magoar os outros. O Consultante deve estar atento para não usar a espada para abrir velhas feridas. É sempre bom lembrar que o coração reina supremo. Quaisquer sejam os problemas que o Consultante possa estar vivendo, ele será capaz de resolvê-los com as armas da mente e com os olhos do amor. O coração e a espada devem relacionar-se bem e isso significa, também, amor pela verdade e pela honestidade. É hora de iluminar as memórias e clarear as expectativas, sem medo de encarar algumas verdades mais dolorosas. Todos os ferimentos se cicatrizam se não os ignorarmos e cuidarmos deles.
Neste sábado, sob a influência de Saturno, o persistente, o disciplinador patrono do dia, a carta do 3 de Espadas nos recomenda não desistirmos facilmente. Que devemos arriscar sermos mais honestos e autênticos conosco e com as outras pessoas. É um bom momento para abandonarmos o preconceito, a pretensão e as limitações, permitindo-nos sentir o coração elevar-se e voar livremente.
Tenham todos um ensolarado fim de semana!
Voltei aqui, pra ler pelo seu modo muito interessante, como seria um momento 3 de espadas, pois em jogo para pessoa querida, o conselho para a fase torre, era o carro com 3 de espadas.Ambos cartas de movimento, determinação, coragem, ao mesmo tempo que mostra a disputa, o embate, um certo conflito.Ai lendo voce, tive a resposta, aceitar a dor, trabalhar com ela, nao esconder, mas tirar proveito da situação, e seguir em frente.Adorei, abraços!
ResponderExcluirMuito bom! Educativo e ilucidaditivo. Obrigado
ResponderExcluirVale a pena ler!
ResponderExcluirNada a ver comigo....???
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