Ela saiu do almoço com sua mãe e caminhou o pouco que a distanciava da orla da praia. O sol brilhava forte e o céu da tarde estava de um azul cristalino. Decidiu sentar-se num quiosque e tomar uma água de coco enquanto tentava dar um sentido ao turbilhão de pensamentos e emoções que tomavam conta dela.
Pensou no que a mãe lhe dissera a respeito do problema vivido com o pai, antes dela nascer. Seriam seus ciúmes irreais? Estaria ela, também, vendo “fantasmas” onde nada havia? E se, na verdade, o marido e a ex-noiva estivessem mantendo um “caso” e usando a desculpa do trabalho e das constantes viagens como disfarce? E se ela voltasse ao apartamento dos pais deles e, chorando, contasse o que estava acontecendo e pedisse que eles intercedessem por ela? E se eles se recusassem e ela finalmente descobrisse que eles preferiam a ex-noiva a ela? E se ela procurasse o antigo namorado, o surfista que havia retornado depois de anos no Havaí e que estava abrindo uma fábrica de pranchas? Como será que ele estava? Será que ainda pensava nela com o mesmo carinho e desejo de antes? A amiga havia sugerido que sim, quando falou sobre ele… E se ela aceitasse o convite da empresa que trabalhara para fazer aquele estágio em Paris? Quem não sonha ir estudar por um ou dois anos na Cidade Luz? E se na Europa ela viesse a conhecer um outro alguém que a amasse como ela sempre pretendera? Mas, e depois, quando o curso acabasse e ela tivesse, por uma questão de compromisso com a empresa, de voltar ao Brasil? Como ficaria a situação dela com esse novo homem? E se ela simplesmente voltasse a trabalhar, interrompendo a licença, preenchendo novamente seus dias com as reuniões de grupo e com fornecedores, voltasse a estudar planilhas de vendas, dedicasse seu tempo à criação de novas estampas e ficasse “antenada” com tudo o que se estava fazendo em moda? E se ela ligasse para ele, agora mesmo, e pedisse desculpas, se humilha-se, reconhecesse que estava completamente errada, morta de ciúme e inveja da outra? E se ele desligasse o telefone sem lhe dizer nada? E se ele atendesse da forma amorosa de sempre e dissesse que ela fosse encontra-lo imediatamente onde quer que estivesse? E se ele confessasse que sim, que estava apaixonado mesmo pela ex-noiva e que iria entrar com o pedido de divórcio assim que voltasse? E o que seria da vida dela sem ele? E o que…
_”Mais uma água de coco, madame?”
Saiu daquele turbilhão de fantasiosas idéias com a voz do vendedor de coco. Agradeceu, pagou e saiu caminhando pelo calçadão. Estava confusa. Ela, que sempre se considerou uma mulher altamente criativa, pronta sempre para enfrentar todos os desafios da forma mais racional possível, analisando-os por partes, estudando seus detalhes e suas implicações, não se deixando iludir pelas aparências e procurando encontrar sempre a melhor saída para os problemas… quando foi que ela se tornara essa mulher indecisa de agora? Em que recanto dela mesma estivera escondida essa criatura insegura, amarga, dependente, presa à idéias confusas, mal estabelecidas, vivendo de pedaços de pesadelos? Ela mesma não mais se reconhecia.
Resolveu que deveria ir para casa e, novamente, ligar para ele. Conversariam novamente e ela mais calma, mais controlada, lhe contaria das suas desconfianças, dos motivos que a levaram a desesperar-se, do medo profundo de perder o seu amor, da enorme saudade que sentia dele e se desculparia pelo vexame do telefonema anterior. Ele, que sempre fora compreensivo, educado, carinhosíssimo com ela, iria ouvi-la e com certeza diria algumas palavras sábias e amorosas que poriam fim a todo esse episódio. E então ele iria dizer, pela zilhonésima vez que a amava, que não poderia nunca pensar em viver sem ela, que ela era única, que era a mulher que ele sempre sonhara, que…
_“Ooooooo, tia! Qual é? Quer que eu atropele você? Não sabe que não pode ficar andando na pista das bikes! Pow!… Cuidado, aí, viu?”
Nem havia percebido que quase fora atropelada por um ciclista. Refez-se do susto e desculpou-se com um sorriso sem graça. O sol estava começando a descer no horizonte e a maré desmanchava as marcas deixadas na areia. Olhou para o céu, que começava a mudar de cor, tingindo-se dos laranjas e dourados do poente. Resolveu que era hora de voltar. Havia um longo telefonema internacional a ser dado.
Quando um 7 de Copas aparece numa leitura de tarot, dependendo da sua posição na jogada e nas demais cartas que lhe são próximas, além da questão que importa ao Consultante, pode simbolizar estar vivendo de sonhos e ilusões, de desejos tolos. Erros de julgamento. Iludir-se. As coisas podem parecerem boas por fora, mas na verdade não têm nenhuma consistência. Dar importância a assuntos, desejos, situações que não têm nenhuma importância. Querer símbolos de sucesso e não qualidade, como por exemplo, comprar roupas e acessórios de “marcas famosas” na banquinha do camelô… Ou achar que a “marca famosa”, mesmo sendo verdadeira, vai acrescentar algo de importante à vida. Aparentar que tem tudo, quando na verdade nada tem. Querer causar inveja ou ciúme nos outros. Materialismo. Algo estragado, corrupto, podre sob uma aparência atraente. Egoísmo.
Dependendo sempre do contexto da leitura e das demais cartas, o 7 de Copas também pode estar significando o fato do Consultante abandonar os desejos e vontades tolas e enfrentar a realidade. Fazer escolhas apropriadamente solidas baseadas em fatos concretos. Regenerar a sua força de vontade para que ela lhe auxilie a atingir melhores propósitos. Erguer-se sobre as próprias pernas e assumir a responsabilidade de descobrir a verdade. Desanuviar a mente sonhadora. Ver as coisas como elas realmente são. Saber o que importa e não interessa. Encontrar a verdade dentro de si mesmo.
Nesta quarta-feira, tendo como regente Mercúrio, representado por aquela figura com os pés alados que, célere, voa longas distâncias entregando notícias, não é de se surpreender que seja o Dia Nacional das Comunicações. Com uma Carta do Dia como o 7 de Copas podemos interpreta-la de tal forma que se expressarmos nossos sonhos, nossas fantasias, nossos medos e nossas angústias, comentando-os com nossos melhores amigos ou profissionais adequados, estaremos contribuindo para evitar que eles se transformem em verdadeiras neuroses. Que procurar a verdade, através do diálogo franco, amistoso, sensato e racional é um dos melhores caminhos que podemos escolher para acabarmos com dúvidas e incertezas. Que interagir com os outros significa ouvir e ser ouvido, comentar, discutir e partilhar sentimentos e emoções. O 7 de Copas é astrologicamente equivalente a Vênus em Escorpião, que, a grosso modo, simboliza um desejo de intensificar o drama, fazer com que as coisas pareçam piores, ou melhores, do que realmente o são. Portanto o uso do conhecimento (a verdade), a capacidade de raciocínio lógico, a percepção apurada e a astúcia de Mercúrio, o mensageiro, podem perfeitamente nos ajudar a esclarecer as situações através do diálogo honesto, refreando vôos de pura fantasia.
Que as notícias desta quarta-feira tragam alegria, paz e harmonia para todos!
como sempre o tiro certeiro
ResponderExcluirNamastê
Sorteei a carta para uma situação que estou passando, e não poderia encontrar descrição melhor! Obrigado, você me ajudou a me livrar de uma péssima decisão que não ia acrescentar em nada na minha evolução. O blog é excelente.
ResponderExcluirUm abraço.
Estou aprendendo muito com este Blog! Obrigado.
ResponderExcluirobrigado me ajudou muito
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